The World Was Gone ✔

10. Coisas Estúpidas

"Minha cabeça está tocando o chão e eu aprendi a ter medo."
Black Box — No Use For A Name

STILES

EU DEFINITIVAMENTE NÃO CONSEGUIA MAIS DORMIR. Eu até tinha sono às vezes, mas eu simplesmente não podia fazer isso. Dr. Deaton disse que envenenou a raposa, tudo indicava que ela não tomaria conta de mim se eu dormisse pelo menos um pouquinho. Ainda assim, eu tinha aquele medo constante de que, se eu sequer caísse no sono, o espírito do nogitsune tomaria conta de mim e eu machucaria as pessoas que eu gosto outra vez... as pessoas que eu amo. Não consigo lembrar de extremamente de tudo o que aconteceu enquanto ele estava em posse de meu corpo, mas lembro todas as coisas com fortes emoções para mim. Eu lembrava das mortes causadas e lembrava de eu mesmo machucando as pessoas. O sentimento estava ali. Por mais que eu não quisesse fazer aquelas coisas, meu corpo ia lá e fazia. Eu não tinha nem um pouco de controle sobre isso. E acho que essa era a pior coisa de tudo. Deixei Sidney e Kira desacordadas e fiz aquilo com Scott. Não sei se consigo suportar mais. Não posso me permitir sair machucando toda e qualquer pessoa com quem me importo.

Estava conversando com meu pai e ele me deixou ciente de que passaria três dias em San Francisco por causa da ressonância que eu havia feito. Apesar de tudo, eu me sentia culpado por aquilo. Não pela ressonância, mas pelo meu pai. Ele havia ficado tão preocupado comigo que quase se entregou para a bebida outra vez. Eu queria tomar conta dele, mas não estava conseguindo nem tomar conta de mim mesmo. As coisas estavam ficando difíceis de manter. Papai não conseguia parar de pensar naquilo. Ele continuava dizendo que o resultado da minha ressonância era praticamente igual a da minha mãe, e isso o deixava louco — sem saber o que fazer. Por isso ele sairia da cidade; Precisava falar com um especialista. Então, eu iria colocar em prática o que estava em mente. Iria me internar na Casa Eichen — lá eu não poderia machucar ninguém. Papai não gostou muito da ideia, mas ia me colocar lá hoje antes de ir para San Francisco.

Logo ele saiu para trabalhar. É, pois é, ele ia ficar na delegacia até meio dia, então viria almoçar e depois iríamos até Oak Creek. Parei na janela e vi um carro parar bem na frente da casa de Sidney. Não, espera, esse era o Toyota da Lydia. Será que Sid estava bem? Eu sabia que ela não estava em casa, pois não a vi chegar. Minha reocupação era meio óbvia, afinal, Palmer e Martin juntas era quase tão estranho quanto essa coisa de demônio japonês no meu corpo. Ela desceu do carro e sorriu, acenando para o meu pai, antes que ele fosse embora. Para minha surpresa, minha melhor amiga escorou-se na janela do carro e riu, parecendo muito feliz. Outra coisa surpreendente era que ela vestia uma roupa que não costumava usar — uma que parecia muito mais com Lydia Martin do que com ela; Digo isto porque Sid dificilmente usava saias ou vestidos. O cabelo dela estava meio bagunçado, mas ela estava incrivelmente linda.

Assisti Sidney despedir-se de Lydia e caminhar até a porta da sua casa, sem tirar o sorriso do rosto nem por um mísero segundo. Apesar de isso ser estranho, achei incrível vê-la daquele jeito. Ela parecia feliz e eu ficava contente com isso. Ela não sorria daquele jeito há dias e, parte disso, tenho certeza que era minha culpa. E por falar nisso, precisava falar com ela antes de ir para aquele lugar.

Resolvi deitar para ver se o tempo passava, já que eu não tinha nada para fazer e bem, eu não conseguia pregar o olho. Fiquei algumas horas lá. Levantei pouco tempo antes do horário que papai chegaria em casa. Fui para o banho e passei um bom tempo lá. Eu não conseguia parar de pensar em todas aquelas coisas. Saí do banheiro e me vesti. Almocei e esperei. Provavelmente papai teve algum imprevisto. O dia estava bonito, mas não saí de dentro de casa, e nem Sidney. Não, eu não estava a vigiando, só garantindo que ela estaria em casa na hora em que fosse me despedir.

Meu pai só chegou no meio da tarde. Disse a ele que o esperaria na rua, pois tinha que falar com alguém. Ele sabia quem era, mas não falou nada a respeito.