The World Was Gone ✔

15. Da Pior Maneira Possível

"Agora eu estou aqui para te dar todo o meu amor...
Então, eu posso assistir a sua cara enquanto eu tiro todo ele."
Just One Yesterday — Fall Out Boy (ft. Foxes)

SIDNEY

— O QUE? — foi a única coisa que meus lábios conseguiam proferir naquele instante.

— Você me ouviu — a mulher dos cabelos castanhos claros disse simplesmente. — Eu sou Audrey. Sou sua mãe.

— Minha, da Lydia e de mais quem? — cuspi.

— Filha, isso não é...

— Não me venha com essa — a cortei. — Quem você pensa que é para me chamar de filha?

— Sidney — ela insistiu.

— Não dirija a palavra a mim — gritei. — E nunca mais apareça na minha frente.

Bati a porta na cara dela e virei as costas.

Isso não podia estar acontecendo. Audrey Palmer estava bem ali, na minha frente, em carne e osso. A mulher que eu chamara de mãe por muito tempo. Eu a detestava por ter tido duas filhos no mínimo período de tempo possível. Eu amava a minha irmã, é claro, mas não tinha que nutrir sentimentos amorosos por essa mãe que eu conhecera. Eu nem sequer lembrava dela. Papai me disse que ela morrera. Talvez ele só quisesse me poupar da verdade, me poupar de saber a pessoa que Audrey era.

— Sidney, por favor — ouvi a voz dela vindo da entrada. Ela não iria desistir, iria?

— Vai embora! — gritei, com raiva, e joguei um tênis direto na porta. O estrondo foi bem alto.

— Você não vai me dar uma chance, não é mesmo? — sugeriu.

— Eu já disse para você sumir da minha frente — bufei. Ela estava me irritando cada vez mais.

— Eu sei onde Roxanne está — declarou com tamanha calmaria que eu mal pude acreditar.

— O que você acabou de dizer? — questionei, duvidando que aquilo poderia mesmo ser verdade.

— Que eu posso saber onde encontrar sua prima — explicou.

Oh, isso estava ficando complicado.

Eu não queria contato com Audrey, e pensava que nada poderia fazer-me mudar de ideia. Mas parecia que essa era uma situação que não me deixava nenhuma escolha. Eu precisava encontrar Roxanne e, provavelmente, salvá-la. Ela precisava de mim. E se Audrey pudesse me ajudar a encontrá-la, eu precisava fazer esse sacrifício. Prendi meus cabelos no alto e cacei o meu coldre. Coloquei-o em volta da perna e peguei minha nove milímetros. Primeiro chequei se estava carregada, para só então, guardá-la ali.

Respirei fundo e contei até dez. Isso nunca ajudava, mas talvez me mantivesse calma o suficiente para não me descontrolar e arrancar a cara de Audrey fora com minhas mais novas garras. Abri a porta lentamente e suspirei.

— Seja lá para onde for que você vai me levar, vamos — falei sem rodeios.

— Meu carro está estacionado aqui na frente — anunciou.

— Ah, então você tem um carro — fui sarcástica.

— Você não?

— Como se eu tivesse dinheiro para comprar um carro — vociferei. — Ou pais para comprar um para mim, ou me emprestar — continuei resmungando. — Eu sofri uma droga de um acidente com o carro de uma amiga, que aliás, é sua filha também.

Ela ignorou minhas diretas. E foi bom. Porque se ela entrasse em minhas provocações, eu nunca pararia de xingá-la por ter me deixado acreditar que ela estava morta. Eu já guardava rancor dela por aquela coisa de Lydia e eu, as coisas só pioravam quando eu lembrava que pensava que ela estava morta e veja só, ela não estava.