20. Diferente Todos Os Dias

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"Acredite em mim, porque agora é a hora de tentar.
Não espere, a chance passará por você."

Some Say — Sum 41


SIDNEY

— SID, PRECISAMOS CONVERSAR — ouvi Stiles me chamar.

— Eu odeio essas palavras — resmunguei, retorcendo os lábios e então, sentei na cama ao lado dele. — Dificilmente vem coisa boa depois delas.

— Não seja boba — ele abriu um meio sorriso, mas logo estava sério outra vez.

— Vá em frente, diga — suspirei.

— Há um mês, no aniversário da Roxanne nós concordamos que precisávamos conversar, você sabe — ele gesticulou. — E você disse que aquela não era a hora certa.

— E não era mesmo — dei de ombros.

— Eu sei disso e acabei concordando com isso logo depois — me lembrou. — Mas aquilo já passou e continuamos exatamente do mesmo jeito — reclamou, descontente. — Precisamos ter aquela conversa, Sidney.

— Eu sei — admiti. — É só que... Naquela noite eu tive alucinações em que eu matava todos os nossos amigos e por último matava você — balancei a cabeça, como se tentasse me livrar daqueles pensamentos, mas sabiam que eles não iriam embora.

— Também sofri alucinações desse tipo — contou. — Só que nelas eu fazia tudo lentamente, com muito sofrimento para vocês, principalmente você — ele suspirou. — Foi terrível.

— Sinto muito — fui sincera. — Depois de passar por aquilo, me voltou algumas lembranças confusas de quando eu estava em coma no hospital. A experiência foi parecida — expliquei. — Eu ficava revivendo um loop constante em que eu acordava sentada em cima do Nemeton, Jordan aparecia e tentava me ajudar — não pude evitar sorrir ao ver Stiles retorcer os lábios ao ouvir aquelas palavras. — Logo encontrávamos Lydia e minha prima. Fugíamos do nogitsune e logo aparecia o outro você, o você de verdade. Então, ele me fazia matar cada um deles e, no fim, eu matei você por vontade própria e estava me tornando um monstro — respirei fundo. Pensar naquilo tirava o meu fôlego. — Mas aí eu acordei no hospital.

— Eu lembro de ver você naquela cama do hospital, desacordada — ele suspirou pesadamente. — Eu me senti tão mal.

— Mas você não estava lá — o lancei um olhar de dúvida. — Não era você. Como pode lembrar?

— Eu lembro de tudo, Sid — ele disse com pesar. — De cada coisa.

— Você tem razão, nós precisamos conversar e eu preciso parar de evitar isso — falei finalmente. — Não podemos continuar assim.

— É aquela famosa conversa de "para onde está indo esse relacionamento" — ri do jeito que ele pronunciou aquelas palavras.

— Só que com a gente é mais complicado que isso — suspirei. — Por deus, nós éramos melhores amigos...

— Somos — ele me corrigiu no mesmo momento e eu cerrei os olhos. — Desculpe, continue.

— Somos melhores amigos, mas éramos só isso e bebemos e nos beijamos — eu comecei a rir daquilo, relembrando daquela manhã em que ficamos confusos.

— E nem mesmo nos lembramos depois — ele acrescentou.

— É por isso que estou rindo — dei de ombros, voltando a olhar para ele. — Só que quando finalmente rolou algo entre a gente, quando eu finalmente percebi que eu estava me apaixonando, eu fiquei com você...

— E não era eu — ele fechou os olhos e seu rosto mostrou descontentamento.

— Sim, e você lembra disso — coloquei o cabelo atrás da orelha e evitei seu olhar. Era como se eu me sentisse envergonhada por aquilo ter acontecido. — Stiles, é como se você tivesse me visto em um momento íntimo com outra pessoa. Isso é tão estranho.

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