The World Was Gone ✔

8. Machuca

"Quando eu acordo eu tenho medo de que alguém possa ter tomado o meu lugar.
Quando eu acordo eu tenho medo que alguém possa acabar se tornando eu."
Afraid — The Neighbourhood

STILES

NÃO É QUEM É VOCÊ, STILES. É quem somos nós.

Assim que voltei a mim mesmo, essa foi a primeira coisa que veio em minha mente. Sempre aquela mesma voz horripilante. Não tinha como eu não lembrar. Era alucinação? Não sei mais se consigo acreditar nisso. Pareceu tão real.

Todo mundo tem, mas ninguém pode perder.

Ah, deus! Eu odeio enigmas. Aliás, eu estava odiando tudo isso. Essa sensação que eu sentia era insuportável, como se tudo o que eu era estivesse sendo sugado de mim. Eu não aguentava mais. Nunca conseguia dormir direito e, as únicas vezes que eu conseguia ficar dormindo por algum tempo era quando me injetavam calmante. Não podia viver assim para sempre. Por que isso só estava acontecendo comigo? Allison e Scott já estavam normais. Eles não estavam andando pela floresta pensando que estavam em um porão com algum louco qualquer lhes dizendo enigmas. Vale lembrar também que eles não escreverem nenhuma mensagem codificada mandando um assassino matar alguém. Suspirei pesadamente.

— Stiles?

Abri os olhos, usando minha mão para tapá-los da claridade. Quando minha visão acostumou-se, virei a cabeça para o lado e vi minha melhor amiga ali. Mas Sidney estava dormido, não havia sido ela quem chamou. Olhei ao redor e avistei a mãe do Scott ali.

— Hey — foi a única coisa que eu disse, sem muita animação.

— Como você está se sentindo? — Melissa perguntou.

— Ainda me sinto muito cansado, como se eu não tivesse dormido muito — falei e então apontei para Sidney. — Ela passou a noite aqui?

— Não, mas ela veio cedo — respondeu. — Vão fazer vários exames em você durante a tarde e uma ressonância magnética mais tarde para ver se não tem nada errado com você.

— Posso lidar com isso — ri fracamente.

— Sid vai ter que sair daqui em não muito tempo — ela disse olhando para o relógio em seu pulso. — Menos de uma hora provavelmente. Quer que eu...?

— Não, não precisa — disse antes mesmo de ela finalizar a pergunta. — Deixe-a dormir por enquanto.

— Tudo bem, então — concordou e então saiu.

Voltei a olhar para minha amiga. Ela estava dormindo tão calmamente, eu não iria acordá-la em um momento desses. Sidney não precisava e nem deveria ficar preocupando-se comigo. E os únicos instantes em que ela não parece fazer isso, é quando está desacordada. Eu acho, pelo menos. Não sabia se ela continuava a ter sonhos com coisas estranhas; O que eu tinha certeza é que eu estava tendo. Esse pesadelo estava mais frequente e a cada vez ele parecia mais e mais real. Todo mundo tem, mas ninguém pode perder? Eu não ligo para isso, odeio qualquer tipo de charada. Minha cabeça estava uma droga e a tal da porta entreaberta continuava a me incomodar, a cada segundo mais. O que eu sabia que eu não podia perder eram meus amigos. Não podia arriscar perdê-los de jeito nenhum. Não podia arriscar machucá-los — e recentemente parecia que essa era a única coisa que eu estava fazendo, os machucando.

— Hey, garotão — ouvi Sidney dizer. — Você acordou.

Ela veio em minha direção e sentou-se ao meu lado na cama. Ela sorriu e apertou minha mão. Sorri de volta. Hey, eu conhecia a roupa que ela estava vestindo.