A verdadeira Silent hill

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David abriu os olhos. Sua cabeça doía, e ele não conseguiu enxergar nada. Tudo estava escuro. Ele pensou que Vincent havia o trazido ali, quando teve seu ataque.

- Essa não! - pensou ele.

- Essa droga voltou! Não posso acreditar que depois de 4 anos, essa merda voltou! - Ele ficou um bom tempo pensando, para só então ir procurar Vincent e saber onde estava.
- Que merda de lugar é esse? Não consig... - Antes de terminar a frase, David bate a cabeça, no que ele imaginou ser uma parede.

- AHHH! DROGA!! - A dor foi imensa, parecia que a "parede" era de metal, ou algo do tipo. Tateando e dando tapas na parede, viu que realmente era de metal. E depois percebeu ainda que o chão em que pisava era todo gradeado.

David tentou falar, mas as palavras não saíram de sua boca. Estava apenas com medo, sentiu um leve frio na barriga que logo se estendeu para o corpo inteiro. Não demorou muito para ver que estava preso em um quarto. Ficou desesperado procurando alguma porta, gritando por Vincent, mas ninguém apareceu. Não encontrou portas, janelas, nem mais nada naquele quarto.

Finalmente, após alguns minutos de insistência, David encontrou uma porta. Estava destrancada, e ficou muito agradecido por isso. Fora do quarto, estava um pouco mais claro, não muito, mas o suficiente para David enxergar alguma coisa. Viu que devia estar em alguma casa, e ficou apavorado com o cenário. As paredes, como pensava, realmente era de metal, eram todas enferrujadas e ensaguentadas. O chão também, conforme imaginou que fosse, era gradeado.

Imaginou estar preso em alguma gaiola, mas era impossível.
Gritou alguns instantes por Vincent no corredor, mas como não apareceu ninguém, resolveu descer. Como ainda era difícil enxergar, acabou tropeçando em um degrau, e caiu, rolando escada a baixo. Sentiu o nariz sangrando.

- Droga. O que esta acontecendo por aqui! - gritou David em vão. Não ouve resposta.

- VINCENT CADE VOCE? - Tentou gritar mais algumas vezes. Nada adiantou. Andando pela casa, conseguiu encontrar uma lanterna em cima de uma escrivaninha da sala. Por sorte, estava funcionando perfeitamente

- Pelo menos algo de bom – pensou para si mesmo um pouco aliviado.

Ligando-a, ficou totalmente paralisado: havia corpos naquela sala. Sangue espalhado por todo lado, e pedaços de pessoas jogados aqui e ali. Concluiu que iria deixar a casa, pois Vincent não estava ali, ele nunca ficaria numa sala daquela, com o pavor de sangue que tinha.
Ao sair da casa, viu que estava a noite. Mas não era uma noite normal. Não havia estrelas, não tinha lua. Era um escuro profundo, realmente assustador. A névoa ainda estava densa, e misturado aquela escuridão, era completamente impossível enxergar qualquer coisa a um metro de distancia. A rua também era toda gradeada, como na casa, e era impossível ver o fundo do que tinha embaixo da grade. Era um cenário terrível.
- Essa cidade não é normal. Não, não. Aqui deve ser o inferno. E onde está esse palhaço do Vincent agora?

David procurou ao redor, chamou, gritou, andou, e nada de Vincent aparecer. Colocando a mão no bolso, viu que estava com o mapa. Após pensar um pouco, a única coisa a se fazer era ir até onde desmaiou. Não era muito longe dali, como podia ver. Bastava andar dois quarteirões e entrar por fim no beco da rua Martim St.
- Eu disse que ele só ia atrapalhar! - David não sabia o que sentia era medo, raiva, repúdio. Mas estava sentindo tudo ao mesmo tempo.

Raiva por não conseguir descobrir nada até agora e por Vincent atrapalhar mais ainda. Medo daquele cenário bizarro. Repúdio pelo sangue espalhado nas paredes das casas, e pelos corpos mutilados que encontrou.

Mas não foi tão fácil assim chegar no tal beco. Ao andar alguns metros, ele viu um grande buraco no chão, e, ao chegar mais perto, aquilo parecia um abismo. Ele ia de uma ponta a outra da rua, e sua profundidade e distância era impossível ver. Ele xingou e amaldiçoou tudo que podia e mais um pouco depois que percebeu que teria de dar uma enorme volta para chegar ao ponto do beco. Ao caminhar, com a pequena luz da lanterna iluminando seu caminho, David ia reparando tudo. Para ele, aquela cidade era obra do Diabo. Só podia ser. Quando chegou, a cidade era uma, e depois de seu desmaio, estava totalmente diferente. Quem sabe, aquele cenário que se mostrava agora para David, fosse a verdadeira Silent Hill.

Silent hill - Memórias do passadoOnde histórias criam vida. Descubra agora