Remissão

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O monstro de sua mãe se aproximava lentamente. David suava feito um louco, e ficava parado, apenas apontando a arma para sua mãe."Eu já a matei duas vezes! E agora, não consigo matar a criatura dela." Pensava ele. A cada pensamento, uma gota de suor caía no chão.

"Meu Deus, eu já a matei! E se realmente eu não tiver minha chance mais? O que eu faço? " Enquanto pensava, sua mãe não lhe dava tempo e continuava avançando. David não teria mais tempo para escolher. -

AHHHH!- Gritou ele, então jogou a arma longe, e levou os braços no rosto, para protegê-lo de qualquer ataque do monstro. Então, David pôde sentir garras arranhando seus braços e seu peito. A dor foi insuportável, e David deu um forte grito.

Depois, David pode sentir dentes enormes perfurando seu braço esquerdo, seguindo pelo ombro. David abriu os olhos para ver o que estava acontecendo, e viu o rosto monstruoso de sua mãe, a milímetros de distância de seu rosto. Ela respirava fortemente. Por fim, David pode ver ela avançando seu rosto, no de David, e arrancando pedaços da carne com sua boca, enquanto arranhava o resto do corpo dele.

- ACORDA DAVID! - Um forte grito, fez David pular. Era Nicholas. Mas, como David podia estar vivo? Ou será que já estava morto?

- O que está, está acontendo? Eu morri?

- Não David, felizmente, você conseguiu se controlar. Foi na última hora - riu ele - mas valeu. Está salvo rapaz.

- Mas... mas.. Ela me matou! Eu vi e senti ela me devorando, e...

- Não se preocupe. Tudo isso foi coisa de sua cabeça. Os monstros. Eram... - Nicholas fez uma pausa.

- Seu teste.

- Você só pode estar brincando! Eu passei por tudo esta merda, e no fim é tudo minha ilusão!

- Não é bem assim. Silent Hill apenas utilizou suas vitimas para criar os monstros. É claro, seus ferimentos são reais, e sua jaqueta também já era. - Brincou ele. David apenas olhou furioso para Nicholas.

- Desculpe.


" Bem, - continuou ele - O importante é que você se redimiu, não matando sua mãe.

"Pelo menos não a criatura que restou dela. Você segurou as pontas. E está livre para ir embora."

- Nicholas apontou então para a estrada, e David ficou assustado de como tinha ido parar ali. Ele ficou um tempo olhando para a estrada, até que Nicholas falou:

- Então, não vai?

- Sim, é claro. Só estou... um tanto... Não sei nem explicar. Mas tudo isso é estranho.

Matei minha mãe e meu único amigo, cachorros, uma freira, e um homem que nem conheço. Então, você, ou a cidade, não sei, me chamam para cá, para me fazerem me redimir. E tudo que passei era pura ilusão. E agora, só porque não matei um monstro que aliás.... ESPERE! Eu atirei em minha mãe!! Como posso estar livre?

- David, como eu disse, você conseguiu tudo na ultima hora.

- Mas e tudo que você tinha dito? Sobre eu não ter mais volta e tudo o mais...

- Era para te testar também. Tanto faz, David. Esqueça tudo, e vai embora agora!

David então se levantou, mas antes de começar a caminhar, ficou olhando mais um tempo para estrada.

- Mas que merda! - Disse ele. Nicholas riu e desapareceu.

Começando a andar então, a alegria de David foi crescendo dentro de seu corpo, já que por fim ele estava livre daquele inferno todo, e ainda tinha se livrado do assassino dentro dele. A angustia de poder sair de Silent Hill foi tão grande, que David foi obrigado a correr, mesmo com a perna doendo, a dor da mordida havia voltado quando David tinha sido atacado por sua mãe. Ele estava chegando próximo a ponte que ligava a estrada, quando alguns cães apareceram.

- O QUE? Achei que este inferno havia acabado! - Eles estavam em 3, e David começou a correr, já que não tinha nada para utilizar como arma ali. E mesmo se tivesse, não iria matá-los mais. Ele se sentia purificado.

Então, ao cruzar a ponte, ele olhou para trás, e viu os cães parados, atrás da linha final da ponte. Eles olharam, rosnaram e farejaram o ar, pra enfim, darem meia-volta se irem embora, para dentro da densa neblina de Silent Hill.

David chegou ao Jeep preto e ao abrir a porta teve uma surpresa. As roupas, o cavanhaque. Era Vicent, estava dormindo no banco da frente do carro.

- Desgraçado – disse David ao ver o amigo que roncava e se assustou ao ver que alguém abriu a porta.

- David – disse ele com felicidade.

- Você sumiu, cara – continuou ele. Afinal, David agora sabia que não tinha feito nada com o amigo, viver com isso seria demais para ele.

- O que aconteceu? - perguntou David curioso, será que aquele era mais um truque da cidade?

- Você sumiu, procurei você por vários lugares e não encontrei – David sabia o que tinha acontecido. Tudo era obra de sua cabeça ou da própria Silent Hill.

- Voltei para o carro na esperança de que você voltasse e olhe aí – disse ele. David não tinha a menor ideia de quanto tempo ficara fora.

- Tudo bem? - perguntou Vicent ao ver a expressão de dúvida no olhar de David.

- Sim, cara. Apenas vamos embora – David ligou o carro e não olhou para trás. Foi difícil inventar uma desculpa para sua sumida e o fato de não ter encontrado nada relacionado a ele na cidade, mas ele sabia que Vicent iria entender seu silêncio.

Silent hill - Memórias do passadoOnde histórias criam vida. Descubra agora