A Garota No Bosque

5.

Ela...

Passei o dia no campo ajudando meu pai com a colheita das flores, as chuva de prata sempre foram as minhas favoritas e eu adorava ficar rodeada por elas. Quando começou a entardecer meu pai colocou as flores na carroça e disse:
  — Já terminamos o trabalho por hoje Estrelinha, o que acha de irmos para casa descansar?
  Fiz que sim meu pai me ajudou a subir na carroça. Voltamos para casa cantando canções sobre o bosque e quando finalmente chegamos em casa encontramos um cavalo do palácio amarrado em uma árvore próxima. Achando aquilo muito estranho, meu pai desceu da carroça e me pegou no colo, ao entrar em casa ouvimos o barulho de minha mãe preparando o jantar na cozinha e também o barulho de meus irmãos​ brigando no quarto.
  — Jasmim, — chamou meu pai ao me colocar no chão — o que está havendo?
  — Teremos companhia para o jantar, querido. — respondeu minha mãe vindo da cozinha seguida pelo general e por seu filho Franz.
  — General, que surpresa tê-lo em nossa casa. — disse meu pai, e realmente era uma surpresa, todos sabiam que o general nunca frequentava a casa da plebe, não sem querer algo em troca...
  — Espero que Franz e eu não estejamos incomodando. — disse o general aceitando a mão que meu pai lhe oferecia.
  — Não há incômodo algum. — respondeu meu pai — Apenas fiquei imaginando o que o senhor poderia querer com um simples florista.
  — Podemos conversar sobre isso após o jantar? — perguntou o general — O cheiro está delicioso e já faz tanto tempo que não como uma comida realmente gostosa, Branca é um desastre na cozinha mas mesmo assim insiste em tentar cozinhar.
  Meu pai sorriu e pediu que o general o acompanhasse até a sala, Franz me lançou um olhar ao qual não consegui identificar e logo depois os seguiu. Lancei à minha mãe um olhar curioso e ela forçou um sorriso ao indicar que eu deveria ajudá-la na cozinha.
  Durante o jantar todos ficamos em silêncio, meus irmãos lançaram olhares curiosos ao general mas não disseram nada, quando terminamos de comer meu pai disse:
  — Isobel, Dafne e Tristan, o general tem assuntos para tratar comigo e vocês devem ir dormir, já está tarde.
  — Na verdade, — disse o general antes que pudéssemos nos levantar — acho que Dafne deve ficar, afinal, ela é o motivo principal da minha visita.
  Todos da minha família me lançaram olhares intrigados e eu fiquei curiosa para saber o que o general poderia querer comigo. Depois que meus irmãos foram para a cama, o general se voltou para o meu pai e disse:
  — Você possui filhas muito bonitas, Heitor.
  — Obrigado. — respondeu meu pai lançando ao general um olhar desconfiado.
  — Bem se vê que Dafne terá muitos pretendentes daqui à alguns anos, — prosseguiu ele calmamente — e é por isso que Franz e eu estamos aqui. Franz é meu único filho homem e meu primogênito, por isso quero apenas o melhor para ele, e esta manhã meu filho confidenciou a mim que deseja desposar de Dafne.
  — Franz quer se casar com a minha Dafne? — perguntou minha mãe franzindo o cenho.
  — Sim. — respondeu o general.
  — Não acha que tanto Franz quanto Dafne são jovens demais para o casamento? — disse meu pai.
  — Eles não precisam se casar por agora, ficam noivos até certa idade e então se casam — vendo a indecisão de meus pais, o general prosseguiu — Pensem bem, Franz é um ótimo partido, é meu sucessor como general do rei, ele terá posses e poderá dar à Dafne uma vida confortável e ainda posso garantir que ele a fará muito feliz.
  Meus pais passaram um longo tempo calados, Franz me olhava de uma forma estranha e o general não parava de encarar meu pai.
  — Heitor, pense bem, — disse minha mãe — Dafne nunca receberá uma proposta de casamento melhor do que esta.
  Meu pai permaneceu calado por mais um bom tempo, e por todo esse tempo olhei-o apreensiva, com apenas uma palavra ele poderia me condenar ao inferno que seria viver ao lado de Franz como sua esposa...
  — Bem, — disse meu pai finalmente — acho que você tem razão... — ele apertou os lábios em uma linha fina e logo após estendeu a mão para o general — Acho que daqui alguns anos seremos uma família...