E então, lá estava eu, com minha cara de merda descendo do velho ônibus. Eu me lembro como se fosse hoje, o início de toda desgraça.
Estava distraída de mais e dessa vez 7 years tocava em meus fones, eu olhava minha unhas perfeitamente perfeitas quando trombei em alguém. Pedi desculpas, apesar de ser provavelmente uma pessoa da minha escola.
Não havia reparado o rosto, nem queria, afinal, aquilo mudaria minha vida?
Quando coloquei os pés dentro da escola, abri meu sorriso sarcástico com uma pitada de malicioso, jogando meu cabelo pro lado. Eu tinha uma reputação a manter, e absolutamente nada poderia acabar com ela.
Eu era Alana Correia e só Deus sabe o que eu fiz para estar no topo da hierarquia adolescente e ele que me perdoa, se for o caso ajoelho, mas pra rezar okay. Não estou afim de fazer uma visita eterna ao titio Lu daqui 70 anos.
Sentia os olhares sobre mim e sinceramente não me importava mais, se falassem que meu cabelo estava lambido, ou que eu tinha uma mordida no pescoço, ou até mesmo que meus tênis estavam desamarrados, aquele povo inventava e observava tudo que se podia imaginar. Mas eu não ligava; quanto mais eles falavam, mais minha fama aumentava e meu nome ficava gravado naquela escola.
Não se passavam de fofocas mal lavadas.
Lavi de La Vizco era minha escola desde que eu me entendia por gente, claro, que nem todos ali sabiam disso.
Apesar de ter estudado em 4 escolas diferentes, Lavi sempre foi onde eu sentia que era meu lugar.
Eu chegava 20 minutos antes do sinal bater e quando vinha andando 5. Então, caçei alguns de meus amigos pela enorme escola e encontrei Vivian.
Ela era outra de minhas mentiras. Só pra retomar, acho que o Titio Lu já preparou meu quarto.
- Lana Banana!!!! - Exclamou feliz e animada como era com todos, eu realmente sentia pena dela por não saber nada, ela era de longe a que mais valia naquele topo da hierarquia, ela não precisava que falassem dela e grandes atitudes para estar onde estava. Ela era Vivian Oliveira e só de vê-la já amavam. - Como foram suas férias, me conta vai, finalmente traiu o mala do Henrique?
- Vivian! - Repreendi ela e revirei os olhos assim que vi a mesma soltando um risinho discreto
Henrique era outro de meus pecados, juro que queria contar tudo para ele, mas ele nunca iria me perdoar. Eu o amava mais que tudo em minha vida.
- Você sabe eu não vou trair ele
- Assim como sei que o céu é azul, a grama verde e que ninguém transa com uma pessoa só na adolescência por mais de 3 meses - Declarou com seu sorriso debochado e os olhos claros inocentes - É questão de tempo Lana Banana - Tentou imitar uma voz estilo Sherlock Holmes da vida e eu dei risada.
- Questão de tempo é a minha mão voando na tua cara, beijo monamour! - Joguei meu cabelo pro lado fazendo ele bater na cara dela.
- Tá burra agora? Agora cabelo é mão? A prova de Anatomia tá chegando... - Tirou com a minha cara puxando duas mechas do meu cabelo.
- Aí piranha! Tira a mão do meu cabelo psicopata de cabelo, dá trabalho manter essa porra perfeita - Bati forte na coxa dela - Meu cabelo é sagrado, toca nele de novo e esse tapa vai ser na tua cara - Resmunguei ameaçando
- Seje menas querida, é só um cabelo - Revirou os olhos mexendo no próprio, só pra esfregar na minha cara o cabelo loiro falso dela, que mesmo falso era esplêndido, só dava pra ver pela raiz.
- Só um cabelo tua cara, eu não nasci com o cabelo liso, ele parece é uma bucha isso sim, tenho que passar milhares de cremes - Falei novamente e só aquilo foi o suficiente pra acabar com meu ânimo por um tempo.
E então eu lembrava de tudo que lutava diariamente pra esquecer e me bateu uma vontade de chorar. Que logo tratei de anular. Eu sabia porquê gostava tanto de Vivian, ela podia não saber e nem lembrar de nada, mas ela era única que me olhava com no mínimo pena e não rejeição como o resto das pessoas.
- Alana? Você tá bem? - Ela tinha percebido minha mudança radical de expressão, mas logo tratei de melhorar.
- Claro que estou, calma que você ainda não é psicóloga pra me diagnosticar com alguma doença mental - Brinquei com a falsa expressão no rosto, mas eu era uma ótima atriz, ninguém poderia duvidar.
- Certeza? - Estreitou os olhos em minha direção. Vivian podia duvidar, ela me conhecia bem o suficiente pra saber me ler e isso era tão ruim, tão ruim ver que você não pode falar isso pra quem se importa com você. Apesar de Vivian se importar com todos, mas ela era Vivian, a velha garota de 17 anos, aspirante a psicologia e que convivia comigo desde os 3 anos de idade mesmo sem saber. Ela me conhecia por completo e acompanhou minhas fases, mesmo sem lembrar. E no fundo a simpatia instantânea dela por mim tinha motivo.
- Certeza - E então, eu fui salva pelo gongo.
- Bom dia amor - Senti Henrique me abraçar por trás e depositar um beijo molhado em minha bochecha e em seguida me olhar apaixonado.
- Olá Silva - Falei, eu não era muito de romantismo, Henrique entendia isso, mesmo que as vezes, eu o magoasse. Entralacei sua mão na minha que se localizava em minha cintura e dei um selinho nele.
- É agora que eu fico de vela - Vivian resmungou impaciente, eu e Henrique rimos trocando um olhar cúmplice.
- Logo o Gustavo chega - Dissemos, apenas para irritar, em uníssono e pela primeira vez no dia, não me senti mal ao citar outro de meus pequenos pecados.
É irônico não?
Como o mundo da voltas e você fica por cima.
Talvez quase todas as Famosas Fofocas que vagavam pelos corredores daquela escola sobre quem eu era, fossem verdades.
E eu não sabia nem da metade que doeria quando elas fossem comprovadas. Não sabia mesmo.
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Little Secrets
Teen FictionÚltimo ano do colegial. Provas, faculdades, ENEM... A garota se via perdida em meio a tudo isso, finalmente, depois de tanto tempo ela estava quase conseguindo lidar com tudo o que tinha feito e aceitado que tinha amigos de verdade. Finalmente ela...