O Início

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Mas que droga, minha cabeça estava cheia de mais para raciocinar qualquer coisa, tanto que nessa manhã nem percebi quando passei por Vivian pela terceira vez sem falar nada enquanto rondava o pátio pensando em como fui burra.

Era a TPM, não me julguem. Estava sensível de mais; machucada de mais.

Mas porra, eu contei tudo a porra de uma desconhecido - gato, devo acrescentar. EU CONTEI A PORRA TODA.

Aonde raios eu estava com a cabeça, aquilo era um segredo, era a porra de um segredo.

Puta merda, quando eu finalmente consigo fazer a poeira ficar no chão, vem alguém e pula. Ó caralho, você não vai varrer a porra da poeira. Deixa ela não chão, paradinha, quieta, que se tu fazer ela levantar pique Ivete Sangalo, merdas aconteceram. É a verdade, lhe garanto.

Quando fizer uma cagada, você vai ver e sentir o que eu digo.

- Olha aqui Correia - Quando ela me chamava pelo sobrenome era porquê eu tava fazendo merda - Você ta toda estranha desde ontem, tá tudo bem, tu sempre foi estranha! Mas ontem parecia que ia cortar os pulsos e enfiar uma faca no peito e ainda deu todo aquele piti com a puta da Rafaela.

Respirou fundo, lançando-me um olhar 43, do tipo eu vou arregaçar sua cara.

- Hoje tá que nem uma louca indo de um lado pro outro, já passou por mim umas duas vezes e nem pra dar o caralho de um oi. - Enrolou mais um pouco permanecendo o tom irritado na voz - Tu tá grávida do Henrique? Se tiver fala, eu não sou obrigada a ficar aguentado bipolaridade de grávida, não! - Apontou o dedo na minha cara, bem no centro do nariz.

Uma troca de olhares cúmplices e pronto, uma poça de gargalhadas estava feita. Ah, como eu amo minha a Vivian. Quem não ama ela?

- Mas agora é sério. - Me fez parar de rir e encarar bem no fundo daqueles olhos verdes dela - Espero do fundo da minha alma, já que coração eu não tenho, que você me conte o que está acontecendo, porra. Você está insuportável esses dias, cara!

- Okay Vivian, okay. Mas não está acontecendo nada demais, é so minha preocupação com o vestibular e as cobranças dos meus pais aqui e lá. - Sorri falso, demonstrando sinceridade - Você sabe que eu te amo e não esconderia nada de você, piranha. - Ri e abracei ela, que me deu tapas fracos no braço em vão de se soltar.

É, posso ganhar o Oscar, alguém para me indicar?

- Desgruda! - Saio correndo de perto de mim enquanto eu analisava ela se distanciar. Claro que o motivo não era eu. Tinha acabado de avistar Gustavo virar o corredor no qual ela entrou. Já desisti de saber o que acontece, acho que é só uns pegas sem compromisso.

Me poupe de segredinhos, os meus já são de mais para ter que me matar com os dos outros.

Sentei-me em dos bancos do pátio e percebi meu celular vibrar, retirei da cintura e abri a mensagem.

+55119764***: Hey hey, sentiu minha falta?

Eu: Quem é você? Outro retardado que pegou meu número na tentativa frustante de tentar algo virtual em vez de dar a cara a tapa?

Revirei os olhos e abri a foto de perfil, eu tinha namorado, não significa que perdi o bom gosto. A foto era um garoto andando de skate, mal dava pra ver seu rosto.

+55119764***: Não morena, realmente não reconhece o moletom?
Sou o psicopata do terraço, voltei pra te matar.

Pronto, terminou de fuder a minha vida.

Eu: Seria realmente necessário isso? Eu já te contei tudo. Você disse que iria pensar no meu caso, precisa estar perto de mim?

+55119764***: Claro, preciso saber se você é merecedora de perdão zzzz

+55119764***: Além do mais, eu adoro jogos hehehehe

Ele realmente queria fazer um joguinho comigo? Então veremos quem vai ganhar essa disputa.

+55119764***: Conhece Otávio Luiz? Do terceiro C?

Eu conhecia muito bem.

+55119764***: Pela sua cara nesse instante, eu direi que sim.

+55119764***: Quero que vá até ele e diga com todas palavras o que ele representa na tua hierarquia hipócrita.

Eu: E se eu não quiser?

+55119764***: Você tem uma semana. Caso não aconteça, quarta que vem LV se chocará a ver uma de suas queridas no terraço da antiga suprema.

Eu: Você parece um gay vingativo falando assim, desculpa, mas não soou nada ameaçador.

Tomei vergonha na cara e salvei o número daquele ser assim que percebi pelos cantos dos olhos Henrique juntamente de Rafaela e Clara entrarem no colégio. Guardei o celular rapidamente no bolso.

Se ele queria uma batalha naval como jogo, ele teria uma batalha naval.
Ah, só pra constar uma vez eu venci esse jogo no programa do carinha do PlayStation.

💭💭💭

- Eu tinha uns 11 anos, não me culpe por não lembrar a idade, são tempos que eu prefiro esquecer e não lembrar. Como dito, eu estudava no Lavi e bom, desde criança, eu nunca fui muito "normal", sabe - Abaixei a cabeça tentando controlar as lágrimas, pela primeira vez eu tinha medo de verdade. Medo de ser revelada, medo de desmoronar, medo de descobrirem, medo, eu tinha medo. Assim como um cachorro se sente ao ser abandonado pelos donos.

- Estranha me definiria perfeitamente. Estávamos no 6° ano e acreditem, embora hoje julguemos quem tiver em tal ano como crianças, mas posso dizer que mesmo um pouco imaturos, a pré-adolescência começa aí, e o crescimento da hierarquia também. Como a base. Escravinhos impessoais da nós e nossas vontade, o que vestimos, como pensamos e pra onde saímos. - Ri sarcástica, sem um pingo de humor aparecendo por mim. As lágrimas já secavam em meus olhos, que agora não demonstravam expressão alguma além do coo que sempre tive.

- Continue... - Me mandou o desconhecido, assim como minha especialista quando percebia minhas drásticas mudanças de humor.

Um sorriso no mínimo malicioso se formava em meu rosto, como se toda a dor que sentisse antes, fosse transformada no incrível nada além de uma historinha para crianças dormirem.

E havia se tornado uma historinha para criança dormirem.

Pelo menos agora havia.

(Postei esse capítulo hoje, pra não deixar vocês na mão, por causa das duas semanas sem postar kkkkkk AMANHÃ EU VOLTO COM MAIS DOIS OU DOMINGO, SEUS LINDOS)

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