Preste Atenção, Querida.

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(Antes de começarem a leitura, dêem play em Hymn For The Weekend, porquê sim. Só quero que vocês ouçam ela enquanto lêem. ABRAM A IMAGEM DO CAPÍTULO. Esse poema é muito lindo pra ser desperdiçado kkkk ❤)

💥💥💥

O que eu poderia dizer sobre Otávio Luiz? O que ele representa na minha hierarquia?

Porra, eu não sei!

Isso realmente martelava minha cabeça durante esses dias. Sim, dias.

Já estávamos na sexta, e droga, eu não cumpri a porra de proposta. Realmente sei que posso me fuder, por mais calmo e desleixado que aquele cara do terraço parecia ser, ele sabia como atingir alguém, ele sabia.

O tempo passava e tic-tac, era tão rápido, de repente tudo voltou ao normal. Tirando o fato que nada pra mim nunca foi normal.

Mas todos têm uma rotina, certo?

Caminhava despreocupadamente, mesmo com tantas preocupações, pelo Ibirapuera, aquele parque cheio de drogados e que sempre tem rolê em São Paulo, sabe?

Nos dias de semana, costumava ser um lugar viável para andar e pensar um pouco. Fugir de tudo e todos.

Me deitei na grama, enquanto uma música calma tocava em meu fone, fechei os olhos e tentei fingir que só existia eu no momento. A questão é que nunca houve só eu.

Eu e meu amigo de infância.

Eu e minha psiquiatra.

Eu e Lucas.

Eu e Vivian.

Eu e o cara do terraço.

Não, Henrique nunca entrou na minha lista de companhias, ele não é alguém que represente de fato algo para mim, ele só era meu namorado. E namoros hoje em dia são tão fúteis, apenas uma máscara para a sociedade achar que você tem não tem probabilidades de ficar sozinha pelo resto da vida e ser conhecida como a mulher dos gatos.

Senti um vento forte passar pelo meu rosto e abri os olhos vendo o céu nas poucas tonalidades do dia. Suspirei me levantando, a decisão estava tomada.

Segunda-feira parte da minha fama talvez iria cair.

Caminhei até a saída do portão 3, e chamei um uber - nesse momento eu não tinha paciência para um ônibus lotado, muito menos gente estressada - que não tardou a chegar. Pela janela eu observava as pessoas e o movimento da cidade. Todas correndo contra uma chuva que chegou de repente.

Agradeci internamente por não estar no lugar deles.

Enquanto meu olhar vagava pelas pessoas que mal sabiam que estavam sendo observadas, percebi como todas caminhavam do mesmo jeito e raramente algumas tinham sorrisos no rosto.

Percebi uma garotinha de uns 8 anos de idade, que caminhava saltitante pela calçada ao lado da mãe, embaixo do guarda-chuva, ela sorria para todos e cumprimentava balançando a mãozinha, enquanto a mãe a repreendia dizendo provavelmente que ela não deveria dar ousadia para estranhos. Sorri involuntariamente.

O carro recomeçou a andar e tudo passava como um flash.

Mais a frente, em outro farol. Vi um cara com a cabelo verde escuro e longo na altura do pescoço caminhava ensopado, por não estar com um guarda-chuva e saber que fugir da chuva não adiantaria em nada. As pessoas ao seu redor, o olhavam torto, mas ele por sua vez, parecia não se importar. Diria até que possuía um sorrisinho no canto dos lábios, se não fosse pela chuva e a distância atrapalhando minha visão.

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