the less i know, the better

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Eu nunca mais bebo.

É a frase mais clichê e deprimente que você vai dizer toda vez após uma noite de bebedeira. Eu estava com um gosto horível de guarda-chuva molhado na boca, e eu tenho certeza de que estava caolho. Sério. Meu olho pesava só de tentar abrir. Esfreguei os mesmo levemente e tentei recontar os passos da noite anterior.

Beijei Harry Potter no sofá. Beijei Harry Potter dentro do meu carro. Beijei Harry Potter na porta de casa. Eu beijei Harry Potter em todos os momentos que me foram convenientes em meio há muitas doses de vodca com limão e as mesmas músicas indies repetitivas em looping infinito.

Afundei minha cabeça no travesseiro gemendo de vergonha, todas as lembranças da festa vindo até a minha cabeça, eu deixei o álcool me consumir, o ciúme falar mais alto. O que as pessoas estavam achando de mim naquele minuto? Até um dia atrás eu só era o esquisito, abusado pelo namorado, depressivo e que mal convivia em sociedade.

Escutei as panelas se mexendo no andar de baixo e imaginei o que minha mãe estaria fazendo, o que me lembrou que não conversamos sobre a agressão de Theo daquele dia. Eu sabia que ela já havia falado com a mãe dele e que Theo estava em Oxford durante a semana que é onde ele tem residência fixa agora, mas Narcissa não me deixou a par de mais nada além disso. "Não precisa mais se preocupar, com isso", foi o que ela me disse a semana toda.

Desci em passos arrastados até a cozinha, minha garganta implorava por água, eu bocejei alto e nem me importei em trocar de pijama, era domingo, só tínhamos eu e minha mãe em casa.

Errado.

Eu praticamente pulei para trás com a visão de Harry Potter na minha cozinha, sentado em uma das cadeiras da bancada, tomando despreocupado um café grande e lendo uma das revistas de noiva da minha mãe. Pela forma que ele forçava a vista para ler o que estava escrito nas páginas era claro que ele havia esquecido dos óculos e das lentes de novo. Pensei em fingir que não o tinha visto e apenas voltar para meu quarto para trocar de roupa, mas quando pensei em fazê-lo, Harry já tinha percebido a minha presença.

- Bom dia! - Ele cumprimentou animado, soltando a revista de suas mãos - Trouxe o seu café.

Eu não consegui responder de imediato e eu não falo muito pela manhã de qualquer forma, mas sorri um pouco e me aproximei dele. Minha cara deveria ser a mais desconfiada do mundo porque ele tratou de se explicar em seguida.

- Eu não invadi sua casa, sua mãe me deixou entrar.

- É o que todo psicopata diz antes de atacar alguém dentro da própria casa. - Ri semi cerrando os olhos para ele.

- Bom, até onde sabemos, a pessoa que costuma atacar as outras, é você. - Harry respondeu tomando um longo gole do seu café, a cara de cínico me fazendo ficar vermelho como a cor de seu suéter.

- Certo! Agora que você já me constrangeu, o que me trouxe pra comer? - Mudei de assunto, limpando a garganta enquanto ele dava risada do meu embaraço.

- Bom, você vai ficar feliz em saber que a padaria da nossa cidade vende muffins de mirtilo 100% veganos. O café foi sua mãe quem fez, espero que não se incomode de eu ter pego uma caneca sua.

É claro que Harry tinha que pegar a caneca mais ridícula que eu tinha no armário, a rosa com formato de unicórnio. Era a minha favorita, tinha até um chifre de arco-íris nela.

- Eu gosto de unicórnios. - Ele disse admirando os desenhos da porcelana. Eu revirei meus olhos achando graça em tudo aquilo. Harry Potter na minha cozinha, me trazendo café e tomando café na minha caneca favorita rosa de unicórnio.

to save and to hold »  AU drarryOnde histórias criam vida. Descubra agora