a past so deep, that even you could not bury if you tried

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Por incrível que isso me pareça, as pessoas ainda se casam.

De vestido, véu e grinalda, chuva de arroz. Com carros decorados e latinhas no para-choque.

A concepção do casamento é realmente linda, ficar junto para sempre com alguém que vai cuidar de você a vida toda. Eu só não acredito que possa ser real a parte do para sempre. Não me leve a mal, eu não tive muitos exemplos de relacionamentos saudáveis ao meu redor.

E por alguma ironia do destino, minha mãe tem exatamente um ateliê de vestidos de noiva. Todos desenhados por ela.

Cada moça que entra no ateliê para ter um vestido assinado pela minha mãe, parece estar envolta de uma fumaça dourada e com glitter, como se o vestido fosse o passaporte só de ida para felicidade. Ás vezes a gente acaba impregnado por essa aura de amor, até mesmo eu cético com essa coisa de casamento me pego sorrindo bobo quando estou presente em alguma prova de vestido ou quando elas vem buscar a peça pronta.

Quando minha mãe abriu o ateliê, eu quis questionar. Nós tínhamos acabado de voltar para cidade, depois de anos fugindo do meu pai, até ele finalmente desistir e sumir das nossas vidas. Ela não tinha tido um casamento feliz, porque escolher desenhar vestidos de noiva pelo resto da vida?

- Eu não desenho vestidos, Draco. Eu desenho sonhos.

Minha mãe gostava da concepção, assim como eu e ela não precisava viver a experiência do casamento novamente se não quisesse, ela podia participar de alguma forma, só da parte boa. Envolver todas aquelas moças em paetê e tafetá e deixá-las felizes, sem se importunar com o que havia acontecido com o seu próprio casamento.

Pansy era a fã número da minha mãe, sim ela roubou esse posto de mim. Foi ideia dela de após a aulas ajudar minha mãe a arrumar os tecidos, a tiara, fazer companhia e dar assistência para as costureiras, Pansy sempre quis ser estilista e encarava aquilo como uma espécie de estágio. Isso durou todo o ensino médio e quando Pansy foi para Nova York estudar moda, eu quem ficou com todo o trabalho de organizar tecidos e tiaras.

Minha mãe pegou uma das tiaras que eu estava organizando e colocou em minha cabeça, o acessório parecia mais uma coroa fina, o metal retorcido formando pequenas florezinhas com pedras brilhantes intercalando entre as flores. Eu ajeitei a coroa na minha cabeça, meus cabelos eram muito escorridos e ela pendia para o lado a todo momento.

- Todo príncipe precisa de uma coroa. Pode levar essa para casa depois que você terminar. - Ela disse, prendendo a coroa corretamente no meu cabelo. Agora não caia mais.

Eu sorri levemente me olhando no espelho da mesa das tiaras, era realmente bonita e me dava uma aura de confiança que eu não tinha. Não mais.

- Eu já acabei. - Disse em um suspiro, empurrando a ultima gaveta de tiaras que eu organizei. - Estou indo até a casa do Harry, vou ajudá-lo estudar para uma prova.

O sorriso da minha mãe rasgaria a suas bochechas se isso fosse possível, me preparei para mais um de seus comentários embaraçosos. Eu e Harry estávamos nos vendo com frequência todos os dias e pela minhas contas essa semana completaria um mês. Ninguém tocou no assunto "namoro" nem tornou nada oficial e eu não queria para ser sincero, estava com medo de que se essas palavras fossem ditas em voz alta acabaria com a magia dos dedos de Harry todos os dias me fazendo cafuné. Mas ao invés de dizer o quão fofo eu e Harry éramos, Narcissa só afagou meu braço e continuou a me observar.

- Eu preciso falar com você antes de você sair. - Ela disse, seu rosto menos leve do que antes. Sua mão ainda em meu braço.

Eu acenei com a cabeça e me sentei no banquinho do balcão enquanto ela puxava outro banco se sentando a minha frente. Odiava conversas, me deixava ansioso e pela cara da minha mãe, ela não tinha coisas boas para me contar.

to save and to hold »  AU drarryOnde histórias criam vida. Descubra agora