Capítulo 7

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Estava muito frio. Minhas roupas não eram grossas o suficiente para aturar uma nevasca. Eram um couro um pouco fino, me sentia fraca com elas. As botas que eu usava estavam desgastadas e me faziam mancar às vezes. Elas afundavam na neve acumulada no chão, me dando dores nas pernas a cada vez que eu as tirava e as colocava novamente no solo. Minha boca tremia e o óculos para neve que eu usava estavam arrebentados, apenas pendurados por uma pequena corda que encontrei no caminho. Minhas mãos cobertas por luvas pretas de lã, mas eram tão finas que não ajudavam tanto naquela ocasião. Com certeza Matthew teria mais luvas para me emprestar naquela hora.

Matthew... Por que diabos ainda estou pensando naquele idiota?

Desde a hora que saí do acampamento, andei uns consideráveis quilômetros. Claro, com algumas pausas nos lagos para encher a garrafa d'água e lavar o rosto. Eu precisava achar um rio para tomar um banho depois que sair desse país, já que estou no final dele, de acordo com as informações nos restos de placas. Na minha mão havia uma faca amarrada na ponta de um pedaço de galho grande que encontrei, caso eu encontrasse um dos Outros e tivesse que lutar com ele.

Algumas horas depois de andar, encontrando lagos e mares congelados, percebi a neve diminuindo cada vez mais. Provavelmente eu estava na fronteira de um país no sul da Europa, num lugar mais quente. Senti ondas de calor invadirem meu corpo por dentro daquela roupa e parei em uma das árvores que haviam por ali. Coloquei a mochila no chão, tirei apenas uma blusa de lã e mangas longas e uma calça com um tecido diferente, acho que escutei minha mãe dizer que se chamava "Jean" ou "Jeans", não sei.

Sinto tanta falta da minha mãe... A forma como ela brigava comigo quando eu não tirava as botas nos países mais quentes, deixando-as molhadas e estragadas pelas poças de água espalhadas; a forma como ela sempre me dizia para não confiar em todo mundo, quando ela mesma confiava... Era complicado de entendê-la.

Troquei minha roupa, e quando estava pegando minha mochila do chão junto com a minha pequena arma (a faca amarrada no galho), escutei um barulho estranho vindo de trás das árvores. Soluços. Leves e fracos, muito baixinhos. Acompanhados de fungadas do nariz. Fui em direção ao barulho, com minha arma na mão, e ao ver aquilo, me impressionei.

Deus... Mas eu achava que... Achava que haviam poucos na Terra. Por que eu havia encontrado tantos? Mas... Quando o mundo acabou só haviam alguns milhões espalhados pela Terra. O que diabos está acontecendo?

2070 - O Recomeço. #Wattys2016Onde histórias criam vida. Descubra agora