Capítulo 8

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5 anos depois...

Tudo havia mudado. O clima do local, as plantas e flores. Andei tanto que me esqueci de contar. Estávamos em outro continente, eu acho. Lá não chovia tanto, e até agora não vimos nenhuma neve por ali. Haviam outras estruturas quebradas pelo chão das ruas agora, eram diferentes, tinham um toque mais calmo. Red estava cada vez mais saltitante.

Há 5 anos atrás...

— Quem é você? — Perguntou a pequena garotinha ruiva dos olhos verdes em minha frente, assustada. Não comigo, por incrível que pareça, mas com a arma em minha mão. Ela nem sequer tinha olhos para mim, mas ao ver aquela arma, ficou quase que paralisada.

— Ah, meu deus. — Foi a única coisa que consegui dizer. Era uma frase que minha mãe havia me descrito quando eu era menor, como quando estou assustada ou impressionada com algo. Abaixei a arma, e a vi aliviada. Ela levantou o olhar para mim e transmitiu uma tristeza em seu rosto.

— Deus? — Repetiu ela. A vi fazer uma cara engraçada de confusão. Soltei uma pequena risada, mas depois coloquei a mão na boca. Ela percebeu, e por incrível que pareça, riu junto comigo.

— Como é o seu nome? — Perguntei.

— Eu não sei. — Ela disse.

— Está sozinha?

— Sim.

— Bom, eu posso te chamar de Red?

— Red... — Repetiu. Parou alguns segundos, como se estivesse analisando atentamente o nome, vendo se ficaria legal. — Red é legal.

— Tudo bem, Red. Vamos?

— Vamos. — Se levantou e me seguiu. Ela não havia nem perguntado para onde, ou por que viria comigo, apenas me seguiu. Red seria minha companheira agora.

5 anos depois... (Atualmente)

Agora ela já tinha os seus 10 anos. A garota mais curiosa e teimosa que eu já havia conhecido. Ela me trazia felicidade e me fazia rir.

— Red, você se lembra da sua história? — Perguntei.

— Só um pouco. — A vi pular de algumas pedras, e correr, me acompanhado. — Por que?

— Eu não sei... Tenho curiosidade em saber como você aprendeu inglês.

— Ah, eu morava em um acampamento e as pessoas me ensinavam um pouco. — Ela repetiu sua brincadeira com a pedras, enquanto falava.

— E se lembra do que aconteceu com esse acampamento?

— Alguma coisa amarela e grande o atacou, deixando muitas pessoas sem vida. — Ela nunca teve coragem de dizer algo que tenha relação com "morrer" — Essa coisa acabou com as barracas e as coisas que tínhamos.

— Coisa grande e amarela? — Perguntei novamente. Do que ela estava falando? — Como o fogo?

— É, deve ser. — Disse, sem importância em sua resposta. — Mamãe, olha isso.

Ela tinha uma mania de me chamar de Mãe. Nós nos tratávamos como irmãs, mas ela insistia em me chamar assim. Acho que ela não teve a oportunidade de chamar alguém assim um dia. Essa palavra ainda me dói, mas eu estou superando.

Red me mostrou uma pedra de cor vermelha. Era realmente muito bonita. Era brilhante e parecia valer muito. Minha mãe já havia me dito sobre alguma pedra vermelha e brilhante, acho que seu nome era Rubi.

— Ela é vermelha. Como o meu cabelo. — Disse, animada.

— Se chama Rubi.

— É linda. — Os pequenos olhos verdes de Red estavam vidrados na pedra. E então, ela perguntou o que tanto queria perguntar. — Posso ficar com ela?

— Pode.

A vi pular. Ri de sua animação, e ela me acompanhou.

***

Durante todo esse tempo com Red, nós não havíamos encontrado muitos dos Outros. Eles pareciam se esconder bem, ou estavam em algum tipo de treinamento. Eu havia explicado para ela o que eles eram e o que faziam, ela tinha bastante medo deles. Red andava com uma faca que eu havia lhe dado de presente, para prevenir seus cuidados. Ela conseguiu matar alguns animais pequenos selvagens que encontrávamos, como cobras venenosas, e até conseguiu matar um lobo para o nosso jantar na floresta, quando não havíamos chegado na cidade.

Estávamos em uma das cidades daquele continente, comendo um tipo de peixe cru que encontramos pelos restaurantes destruídos, até que eu sinto algo como um cano de ferro em minha cabeça. Red estava olhando fixamente para algo atrás de mim, tremendo de medo, tanto que deixou sua comida cair no chão. Antes que eu pudesse fazer qualquer coisa, como fugir, vejo Red olhar para mim e balançar a cabeça negativamente, como se fosse uma escolha mortal. De repente, escuto uma voz grossa e medonha falar comigo:

Levante-se e ponha as mãos por trás das costas. Você e a criança. Não quero escutar nada da boca de vocês duas.

2070 - O Recomeço. #Wattys2016Onde histórias criam vida. Descubra agora