"...lições sobre lealdade..."

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Twitter: ISBB5H


Narração: Lauren

Miami – Collin's Comercial Center – 19:00

Estive me preparando para isso por um bom tempo. E de certa forma, também estive evitando isso por algum tempo.

Aproveitei que Normani ofereceu seus cuidados e companhia à Camz e que a dupla faria uma maratona de filmes em minha casa para partir e resolver algumas pendências no escritório. As semanas de recuperação após o acidente se estendiam e meus horários de serviço permaneciam parcialmente bagunçados e confusos, de forma a me forçarem a cobrança de alguns favores pendentes para rearranjar a maioria dos casos em que estive trabalhando nos últimos meses na intenção de criar algum tempo livre para cuidar de Camila.

E eu não me arrependia nem um pouco da decisão. Meu senso de prioridade nunca esteve mais equilibrado, e eu sabia que Camila era maior delas.

Ainda me pego verdadeiramente surpresa comigo mesma às vezes... Como posso abrigar dentro de mim um sentimento tão grande e profundo como esse? Amo tanto aquela pequena latina que sinto meu peito apertar de saudade quando preciso deixá-la mesmo que por algumas poucas horas.

Assim que finalizei minhas pendências, avistei uma silhueta conhecida trançando risonha entre as mesas do escritório. Ela estava apoiada em Beth e as duas se divertiam com qualquer assunto que partilhassem antes de entrarem na sala destinada aos estagiários. Tomei um pouco mais coragem e rezei por uma intervenção divina que trouxesse um pouco mais de paciência enquanto caminhava naquela direção determinada a resolver apenas mais esse assunto antes de voltar para casa.

Girei a maçaneta e deslizei a madeira pesada invadindo o recinto. – Taylor. – Chamei e não recebi uma resposta, mas mesmo sem olhar soube que tinha a atenção de qualquer um que ali estivesse presente, inclusive minha irmã. – Taylor Jauregui.

– Que milagre te traz ao trabalho hoje, Lauren? – Levantando-se de um dos sofás a figura familiar surgiu emergiu em meio à vários rostos que pouco me importavam. Sua resposta trazia o desânimo e os olhos a impaciência, ambos dizendo que a conversa séria mais difícil do que eu esperava. Ouvi alguns risos abafados após a pergunta ácida e suspirei com pesar.

Dei uma boa olhada em volta absorvendo cada feição ansiosa, presunçosa e temerosa ali dentro. Com a exceção sendo Beth, eram eles todo o corpo de estagiários de quem sempre me queixo. Um pequeno grupo de jovens adultos que pouco sabem sobre a realidade cruel do mercado de trabalho e que pouco valorizavam a incrível oportunidade que tinham em mãos por conseguirem trabalhar aqui. Era exatamente por essa razão que eu não conseguia conceber a ideia de Taylor se encaixar tão bem naquele grupo. Minha irmã não era como eles, ela sempre foi esperta e ambiciosa. Bem como nossa mãe. – Todos para fora. – Minha voz soando seca e rude. Não que eu me importasse. Não mesmo. Mas ninguém se moveu. – Eu disse todos para fora. Agora! – Subi o tom de voz na última palavra enquanto assistia até o último deles cambalear para fora da pequena saleta com pressa para escaparem da minha fúria. Beth foi a única a permanecer. – Preciso ser mais clara que isso? – Me direcionei à minha colega de trabalho com impaciência.

– Já estou de saída, Jauregui mais velha. – Enquanto Elizabeth saía, senti sair de dentro de mim também a última gota de paciência. E então finalmente fiquei a sós com minha irmã. A expressão de tédio e deboche ainda estampada naquele rosto.

– Essa sua cara de brava pode funcionar com qualquer outra pessoa, mas não comigo, Laur.

Me lamentei enquanto a estudava com cautela. – Quando foi eu te perdi, Tay? Honestamente, eu mal posso reconhecê-la agora. Essa expressão de deboche em seu rosto a cada vez que conversamos... Nem mesmo nossos pais têm tido sucesso com você. – Lembrei-me de quando meu pai havia comentado sobre a frieza que Taylor vem demonstrando dentro de casa. – O que está acontecendo?

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