Red Line • Aeon One-Shots

Rewrite The Stars | Part Of Me Project ʚĭɞ

Estávamos deitados na cama, um de frente para o outro. Leon me encarava como um bobo adolescente apaixonado — e eu provavelmente o encarava do mesmo jeito, mas rezava para que ele não percebesse — o que o deixava fofo e incrivelmente sexy.

Nossas roupas espalhadas pelo quarto deduravam o que fazíamos pouco tempo atrás. Senti as mãos calejadas do homem a minha frente tocarem delicadamente em meu rosto, descendo pelo meu pescoço e ombro. Sorri levemente.

— Por que você não dorme um pouco?

— Por que você não fica até amanhecer? — me permiti soltar um suspiro pesado — Você sabe que também quer isso.

Quando eu passei a ser tão obvia?

Nossas noites — ou pelo menos a maioria delas — eram apenas sexo, desejos e necessidades carnais. Mas em raras vezes, quando nenhum de nós queria ou conseguia dormir, nossas conversas sempre tomavam o mesmo rumo; nosso futuro, nossa relação, nós. E eu odiava isso. Porque uma parte de mim queria acreditar que era possível, que poderíamos fugir para algum lugar e recomeçar, mas a outra parte, a mais racional, sabia que era impossível.

— Leon, já falamos sobre isso...

— Não, Ada, você falou — ele se sentou na cama, puxando o lençol para se cobrir e eu fiz o mesmo — Você sempre diz que não vai dar certo, você sempre diz que Deus e o mundo vão te levar pra longe de mim. Mas e quanto ao que eu penso? E se eu disser que quero ficar com você independente do que os outros pensam?

Nossos olhares se cruzaram, seus olhos eram firmes porém magoados. Vacilei por alguns segundos.

— E se nós mudarmos as coisas? — sua voz saiu em um sussurro — É só você dizer que aceita, só depende de nós...

"Acha que é fácil? Acha que eu não quero correr para você todas as noites em que não nos vemos? Mas há montanhas entre nós, Leon, e limites que não podemos ultrapassar".

Segurei as palavras entaladas em minha garganta, engatinhando pela cama e juntando nossos lábios, torcendo para que aquele assunto acabasse ali.

Suas mãos me puxaram pela cintura e deitamos novamente na cama. As íris azuis me encararam como seu eu fosse a coisa mais preciosa do mundo. Meu coração se aqueceu, ao mesmo tempo que se encheu de culpa. Eu não era digna disso.

Aproximei meu rosto, tocando levemente meus lábios em seu queixo áspero por conta da barba e distribuí beijos por seu pescoço. Leon ficou por cima de mim e capturou meus lábios com avidez. Mais uma vez nos enrolamos nos lençóis e nos perdemos entre carícias, gemidos e baixas juras de amor, tendo apenas as paredes daquele quarto como testemunha.

Deitei a cabeça confortavelmente no travesseiro, controlando minha respiração e coração descompassados, e fechei os olhos fingindo dormir. Senti a respiração forte de Leon contra meu pescoço e em seguida um beijo leve.

— Eu não vou desistir...

Aquilo doía, doía porque podíamos ser apenas nós dois dentro dessas paredes, mas, lá fora, seria impossível. E não dependia de nós. Não quando somos de mundos completamente diferentes.

Alguns minutos se passaram e eu abri os olhos. Leon já dormia calmamente ao meu lado, de uma forma tão serena que eu podia ficar horas ali, apenas velando seu sono.

Um suspiro pesado escapou de meus lábios enquanto juntava minhas roupas espalhadas pelo quarto e as vestia. Essa era sempre a pior parte. Ter de deixá-lo durante a noite e imaginar sua reação pela manhã me machucava mais do que deveria, era como se eu deixasse uma parte de mim.

Como sempre, deixei um bilhete sobre seu criado mudo, uma promessa de que nos veríamos novamente. Caminhei em direção a janela aberta, as palavras de Leon ecoando em minha cabeça; "eu não vou desistir".

Eu o queria, mais do que tudo, e isso é algo que desisti de negar a mim mesma. Mas não posso tê-lo, não iríamos dar certo e não podíamos fazer nada sobre isso. Quem sabe um dia possamos mudar nosso futuro e reescrever as estrelas?

Balancei a cabeça, afastando esses pensamentos. Não. Não sou mais uma adolescente sonhadora, essa é a vida real.

Lancei-lhe um último olhar antes de deixar o quarto, sentindo, como sempre, uma parte de mim ficar para trás.