I Almost Do | Coleção Taylor's Version

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And I just want to tell you
It takes everything in me not to call you
And I wish I could run to you
And I hope you know
That everytime I don't
I almost do, I almost do

Certa vez, ouvi alguém dizer que "precisamos matar aquilo que mais amamos para protegê-lo". Eu nunca realmente entendi essa frase, até você aparecer.

Não fazia sentido antes, pois não acho que havia amado alguém em tal nível em toda a minha vida. Não fez sentido depois, porque eu nunca machucaria — não intencionalmente — o homem que, por ironia ou maldade do destino, fez com que minha vida valesse mais a pena.

Foi em uma noite, anos depois, que eu realmente entendi. Não era sobre matar quem ama, mas matar a parte em você que o ama.

E eu nunca fui romântica, sequer me importei com relacionamentos desse tipo por um longo tempo. Mas, merda, tudo com aquele maldito Kennedy era diferente.

Eu ainda me lembro do olhar no seu rosto, as palavras sussurradas apenas para nós dois sabermos, as lágrimas não derramadas e as ofensas jogadas da boca para fora. A noite em que eu entendi que amava você, foi também a noite em que eu te matei em mim — ou, pelo menos, tentei.

Não consigo dizer se foi um término, uma briga ou um simples "adeus". Nosso relacionamento sempre foi complicado; éramos mais que amantes, porém menos do que namorados, e isso era tudo o que poderíamos ser. Você nunca foi meu e eu nunca fui sua, no fim das contas.

Depois daquela fatídica noite, nunca mais nos vimos. Em parte. Você nunca mais me viu, apesar das várias tentativas de o fazer, e era bem melhor assim.

Porque eu podia vê-lo de longe, ainda protegê-lo e ter certeza de que estava bem, na medida do possível. Podia te seguir em silêncio nas missões quando havia uma brecha, rezando para que o seu heroísmo exagerado que eu tanto amo não o matasse finalmente. Podia te ver, por várias noites, sentado na cadeira em frente a janela, olhando para fora, para a cidade, cansado depois de mais uma semana difícil.

Minha parte mais egoísta gostava de imaginar que você pensava em mim, em nós. E eu só queria poder te dizer que precisei de todas as forças pra não te ligar, pra não correr até você. Eu aposto que você pensou que eu segui em frente ou que te odiava, porque a cada vez que você tentava vir até mim, era só mais uma tentativa em vão.

Um trabalho me fez ficar anos sem poder te ver ou ter notícias suas, em outro país. Mas quando eu voltei, não estava preparada para ver outra mulher nos seus braços, recebendo os sorrisos que, um dia, foram para mim. Nesse momento eu preferi fechar os olhos e ignorar o fato de que eu estava observando você me deixar ir, pouco a pouco, enquanto outra pessoa tomava o que nunca pudera ser meu. E a culpa disso era totalmente minha.

Então eu te vi amá-la, e vi ela amar você como eu nunca poderia. Vi você construir a família que tanto quis, naquela casinha no subúrbio que comentou comigo uma vez. Vi você envelhecer, sentindo que eu estava parada no tempo, mesmo que o tempo não tivesse realmente parado para mim — e as novas dores e os fios brancos ao olhar no espelho deduravam a verdade que meu coração não percebia.

Não pensei que fôssemos nos encontrar, cara a cara, novamente. Mas você sempre foi uma caixinha de surpresas para mim, não é, Leon? Uma carta codificada na minha porta de entrada e foi o suficiente para que todo o esforço que eu fazia para te matar em mim todos os dias fosse por água a baixo.

Você já era viúvo quando te vi naquela cama de hospital. Você já tinha dois filhos lindos, com os seus olhos e sorriso, quando o diagnóstico de câncer terminal foi emitido. Você estava prestes a ser avô quando me olhou passar por aquela porta e sorriu.

— Você veio.

E então foi minha vez de sorrir.

— Você chamou.

— Por que, apesar de tudo, eu sabia que viria? — sua voz era fraca, eu conseguia ver o tamanho esforço que fazia apenas ao pronunciar aquelas simples palavras, e a sua dor se tornava a minha dor.

— Acho que foi a minha vez de vir atrás de você, pra variar.

Você sorriu mais ainda, apertando minha mão com toda a pouca força que ainda lhe restava quando parei de pé ao lado da cama. Ainda sinto minha pele formigar no lugar onde seus lábios me tocaram pela primeira e última vez depois de anos, me pedindo para não sair dali, e como eu poderia?

Você foi embora no dia seguinte. E eu nunca senti uma dor tão grande quanto no momento em que seu coração parou de bater e o meu continuou.

Mas, sendo honesta, não acho que ainda me resta tanto tempo aqui. Consigo sentir o cansaço dos anos me atingindo, física e talvez psicologicamente também.

Espero que, seja lá onde você estiver e pra onde eu for depois daqui, eu possa te encontrar.

E que, dessa vez, eu possa ser aquela a te amar como você merece.

Red Line • Aeon One-ShotsOnde histórias criam vida. Descubra agora