Capítulo 4

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Nós ficamos juntos até o final da festa. Trocamos os nossos números de celular e então nos despedimos. Dormi muito pesado porque me deitei tarde, e, inclusive, sonhei com o Victor. Eu nunca fui boa com relacionamentos, nunca fui dessas de ficar, sempre fui mais a favor de namorar. Acho que sempre me foquei nessa coisa de ter algo sério com alguém, então se não fosse pra ser sério, eu preferia que não fosse nada. 

No domingo, quando acordei mais de duas horas da tarde, toda a minha família já tinha almoçado. Com "toda a minha família", quero dizer "minha mãe e meu pai". Sou filha única e tenho aquele mesmo pensamento de toda filha única: queria ter irmãos. Meu sonho sempre foi ter um irmão mais velho para cuidar de mim, para que eu pudesse usá-lo como exemplo. Mas, como a vida não me presenteou com um, fui muito mimada por meus pais.

Desci as escadas bem lentamente, ainda me despertando da longa noite de sono que tive. Meus pais estavam conversando na cozinha, encostados na bancada de mármore. Meu pai, como sempre, discutindo ainda sobre o resultado do jogo de futebol da quarta-feira e minha mãe fingindo ouví-lo enquanto pensava nos problemas do trabalho.

No meio do almoço, meu celular tocou no andar de cima e subi correndo para atendê-lo. Infelizmente, não atendi a tempo, mas tinha uma mensagem junto, da Elisa, pedindo para nos encontramos no shopping mais tarde. Não pude negar, tinha muita coisa para contá-la e também a devia desculpas por ter abandonado-a na festa. Claro que ela entenderia, mas eu gostava de ser uma boa amiga.

Desci para terminar o meu almoço e enfrentei perguntas e sermões dos meus pais como "como foi a festa?", "você chegou tarde demais", "aconteceu alguma coisa?". Uma das coisas que eu mais odeio é quando meus pais começam com esses interrogatórios. Mas, ao mesmo tempo, não quis ser grossa e inventei alguma desculpa para sair dali sem ter que dizer demais.

Mais tarde, fui ao shopping com a Elisa e conversamos bastante sobre a festa. Ela dizia que todos na festa comentaram sobre nós e eu, ocupada como estava, nem ouvi ninguém dizer nada. Enquanto estávamos sentadas em frente à loja da Zara, vi o Victor andando com seus amigos indo em direção à loja da Calvin Klein (quase todas suas roupas são de lá, notei). 

Ele me olhou de longe e meu coração acelerou de felicidade ao vê-lo. Eu sorri e tive toda a minha felicidade destruída quando ele fingiu não me conhecer. Eu não consegui descrever o que senti naquele momento quando ele simplesmente passou na minha frente e nem sequer disse um oi. Ainda fez questão de passar com aquele perfume maravilhoso dele que me leva à loucura. Eu e Elisa nos olhamos por um momento e ela pôs a mão esquerda nas minhas costas.

– Não chora – Elisa disse, empurrando a lágrima que caiu do meu olho esquerdo com a mão direita. – Eu não sei o que deu nele, mas deve ter uma explicação.

– Explicação? A única explicação que existe é que ele tem vergonha de mim e não quer ser visto comigo em público. Ele só me beijou porque o único amigo dele que estava na festa era o Thiago e ele com certeza não iria rir de mimd – disse angustiada, enquanto tampei meus olhos com as mãos e me recolhi, encostando os braços nas pernas. Elisa fazia cafuné nos meus cabelos, tentando me acalmar.

– Vamos sair daqui, acho que você precisa de um tempo sozinha. – ela disse levantando-se e estendendo a mão para que eu me levantasse. Sempre tivemos essa mania de uma levantar a outra, seja fisicamente ou psicologicamente. E, nesse momento, não tinha nada melhor do que poder contar com a minha melhor amiga mais uma vez.

Fomos para a minha casa e ela fez questão de me acompanhar até o meu quarto, onde me fez deitar, me deu um beijo na bochecha e se despediu.

– Fica bem – ela disse, levando a mão até os lábios e mandando um beijo ao vento.

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