Capítulo 5

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Ele foi embora tarde da noite. Pedi a meu pai que o levasse até sua casa e ele levou com toda boa vontade. Quando ele se foi, liguei para Elisa que atendeu logo no primeiro toque.

– Oi, amiga! Você tá melhor? 

– Ele veio até aqui. 

– O quê?! E você deixou?

– Deixei.

– Por que? O que ele fez foi muito feio, você não tinha que perdoar.

– Elisa, eu acredito em uma coisa com todas as minhas forças, que se chama perdão. Quando a gente gosta muito de uma pessoa, por mais errada que seja a coisa que ela tenha feito, a gente perdoa. E não perdoa por perdoar, a gente perdoa de coração. E eu o queria, eu o quero. Os motivos para perdoá-lo são maiores do que os motivos pelos quais eu poderia continuar com raiva dele.

Elisa ficou um momento em silêncio, sem saber o que dizer. Até eu não tinha acreditado no que eu tinha dito. O amor nunca me moveu, nunca havia encontrado alguém até então que me fizesse dizer palavras tão belas e que transbordam tanto amor.

– O amor te mudou, Clarissa.

– O quê?

– O amor te mudou. Você agora tem um coração melhor, você está mais disposta a cuidar dos outros.

– Você acha? – me surpreendi. Me virei para o espelho que tenho ao lado da minha escrivaninha e fiquei me olhando por alguns segundos. Me vi uma pessoa totalmente diferente.

– Tenho certeza – Elisa respondeu. Conversamos mais um pouco e então encerramos a ligação. 

Pensei um pouco comigo mesma sobre o quão apaixonada estava. Aquele garoto popular e inacessível do colégio agora estava lutando por mim e me provando que sente algo verdadeiro por mim. Tudo o que passava na minha mente era um retrato dele, a forma que ele me olha nos olhos com aquele olhar esverdeado penetrante e me puxa para perto dele, me fazendo sentir de uma forma que nunca havia experimentado antes. Talvez o amor seja isso, seja descobrir uma parte de você que você não sabia que existia e essa vontade incessante de experimentar coisas novas. Eu seria capaz de perdoá-lo todas as vezes que fosse necessário, eu seria capaz de lutar por ele com todas as minhas forças.

Me deitei novamente da exata forma como estava com Victor ao meu lado no dia anterior, e fiquei a observar o teto azul claro do meu quarto, que nunca pareceu tão bonito. Agora ele parecia se assemelhar à beleza de um céu estrelado. Acabei pegando no sono naquela posição mesmo, com os braços repousados na minha barriga.

Acordei com socos na porta. 

– Clarissa, acorda. Está na hora da aula. – Mamãe disse e se afastou da porta. Pude ouvir os passos pela escada, e o barulho foi se afastando cada vez mais.

Eu não conseguia acreditar no que estava ouvindo. Já era segunda-feira novamente. O meu final de semana se resumiu a... Victor. Me levantei vagarosamente da cama para me arrumar. Dessa vez, não tive vontade alguma de seguir a mesma rotina. Em vez de descer para tomar café, comecei me arrumando mais. Fui até a frente do espelho e penteei os meus cabelos. Coloquei uma música para tocar no meu celular: Jason Walker. 

"When I... I saw your face, it was like a space in my heart was filled. It's like I knew from the very start that you were every other part of me. It's like I have loved you since from the moment when, since time began. You fill my heart..."

Em uma fração de segundos, eu pude entender o que a letra da música queria dizer. Uma lágrima ameaçou escorrer pela minha bochecha, mas dessa vez era uma lágrima de alegria, de felicidade. Eu me sentia amada de verdade, me sentia desejada e completa.

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