Capítulo IV

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-Sam, a denúncia dizia que este era o galpão... - Um dos policiais apontou sua lanterna para a entrada, onde era possível ver que o capim cobria metade do portão.
- É, realmente... A denúncia não mentia... Esse cheiro podre está insuportável... - Sam torcia o nariz, afim de afastar aquele odor de seu nariz. Sem sucesso.
Com um enorme esforço, ele e seu parceiro derrubaram o portão. Ao entrar, o odor piorara.
- Meu Cristo! - Peter assustara ao ver um corpo deixado no meio do local, naquele estado. - Já faz semanas que ele morreu, olhe para a carne podre de seu rosto! Isso é realmente, nojento! - Virou a cabeça, pois sabia que se continuasse a olhar aquela cena, acabaria vomitando.
Eles continuaram adentrando o local.
- Peter, olha isto! - Sam apontava para o frasco em cima da mesa. - É arsênico, esse veneno mata tão lentamente quanto a fome!
Eles guardaram o veneno em um pequeno saco plástico, onde tinha uma escrita em letras garrafais: PROVAS.
- Olhe só! - focou sua lanterna na pequena porta escondida no fundo do local- Vem, Sam, vamos ver o que tem...- Sua voz fora interrompida por um tiro estrondoso, que fora acertado em seu colega. - Sam! - ele berrava. - Sam, por favor não... - Lágrimas escorriam de seus olhos. Um semblante era contornado pela luz da lanterna caída de Sam. - Você é um monstro! Como pode matar uma pessoa tão boa? - Peter apontara sua arma para o homem desconhecido, e puxou o gatilho. Mas ele errou miseravelmente.
- Criança burra! - O homem ria com gosto do medo de Peter. -
- Olha, não queria matar mais ninguém, mas vocês vieram aqui antes do que eu esperava, por isso me perdoe. -E ele puxou o gatilho, acertando na cabeça do policial. -Seus serviços com essa cidade acabaram aqui.
⚜⚜⚜
- Zoey, seu avô Stephen está aqui para ver-la... Vem falar um pouco com ele, o que acha? - Mary tentava tirar a garota de sua cama, onde se afundava nos antigos livros de seu pai.
- Quem é Stephen? - Zoey pela primeira vez, sai de sua área de conforto, encarando Mary, que assustara ao ver sua face inchada e seus olhos vermelhos de tanto chorar.
- É seu avô materno, meu amor! Achei que você o conhecia... - A menina nega com a cabeça e se afunda em sua cama novamente. - Sei que o papai sumiu ha algum tempo Zoey, mas preciso que você se anime...
- Fala para ele voltar depois. Não estou bem para receber alguém no momento... Me desculpe. - E sua voz já estava embargada, e Zoey voltara a chorar.
Claro que ela estava mentindo. Ela não queria ver aquele homem, não depois de ler as cartas de sua mãe.
Mary saira sem dizer uma palavra, mas logo um homem, com aparência de ter 70 anos, de cabelos grisalhos e pele enrugada, entrou.
Zoey olhou para ele e se assustou. Ela o imaginava como um homem aparentemente mau, com os olhos esbanjando ódio. Mas ele não era assim. Seus olhos lhe passavam paz, e seu sorriso era sincero. Ela realmente se surpreendeu. A garota sentou-se na beira da cama, esperando apenas uma reação do homem. Ele deixara algumas lágrimas caírem de seus olhos, e esbanjou um sorriso triste.
- Você é idêntica à sua mãe... - ele dizia em meio ao choro. - Me perdoe, ainda não superei a perda... - E limpou suas bochechas encharcadas.
Como pode ser tão falso?- Zoey pensa consigo, e sua vontade era de gargalhar diante à situação. Era estranhamente ridículo, um homem que mata a própria filha e ainda finge que sente remorso. Um sorriso escapa inconscientemente da boca de Zoey.
- Você está a debochar de mim? Eu vi este seu sorriso, achei que se importasse mais com sua mãe! - Ele disse extremamente furioso.
Me importo com ela mais que você - ela teve vontade de o responder de tal maneira e depois expulsa-lo, mas não queria ser grossa.
- Não senhor, estou lembrando dela, me perdoe se aparentei ser rude. - Ela se ajeita na cama, aparentemente desconfortável, quando seu avô lhe abraçou.
- Oh minha netinha... - Ele acaricia seus cabelos carinhosamente. Ela tenta se desvincular dele, mas o mesmo a esmaga contra seu peito. - Queria te ver antes, mas não tive a chance. Me perdoe, de verdade. Você é tão amável e adorável, gostaria de estar presente em seu crescimento... - E a pressiona mais contra si, de tal modo que ela fica sem ar.
Tão desnecessário e ridiculamente falso, pensa enquanto, finalmente, consegue se soltar daquele abraço.
-Você não deseja passar um tempo com o seu avô, aqui mesmo, em sua própria casa? - Ele senta ao lado da garota, e pega sua mão, apertando-a forte.
- Eu... Eu não sei... - Ela estava embaraçada diante da situação. Não sabia o que responder.
- Se me permitir, durmo no quarto de visitas, e ficarei só uma semana. - Ele faz uma pausa e encara Zoey. - Caso não goste de minha companhia, eu irei embora.
- P-Pode ser... - Ela encara o chão, extremamente nervosa.
- Vou para casa e amanhã trago minhas coisas e volto para ficar contigo. - Ele deposita um beijo na testa da menina e se retira.
Zoey pega uma das cartas que estava lendo de sua mãe.
"(...) Filha, seu avô só quer sua herança. Não o permita chegar perto da nossa casa, e principalmente de você. (...)"
Correndo para o quarto de seus pais, ela procurou, bem como indicado em uma das cartas, a mochila que Mamãe guardara para ela. A abriu e assustou-se ao ver a quantidade de dinheiro existente ali. Havia também tudo que era básico para sua sobrevivência. Fora para seu quarto e escondeu as cartas, além de pegar mais roupas e jogar tudo dentro daquela mochila preta. Trocara de roupa e colocara roupas mais quentes, pois era inverno e estava nevando. Era um dos piores dias para ela fugir, mas o que faria? Não podia ficar ali mais, ou seu avô iria matar-la.
Assim que ela saia pela porta dos fundos, Mary apareceu.
- Zoey, onde pensa que vai? - ela parou atrás da garota, com os braços cruzados. A garota travou, ela estava tão perto de conseguir se livrar daquilo tudo.
- No jardim, Mary... - ela tenta despistar a governanta.
- Você sabe que a porta do jardim é lá na sala de estar. - Ela fez uma pausa enquanto Mary se voltava a ela, mordendo seu lábio inferior, com medo de uma bronca. - Você tentava fugir, Zoemary? - E então ela soube que aquilo era o início de sua xingo: ser chamada pelo seu nome completo. - Você se esqueceu do livro da Alice No País Das Maravilhas... - Ela estendeu o livro na sua frente. Zoey suspirou, aliviada. Mas assustou por realmente não receber um xingamento, nem nada do tipo. - E você devia comer antes, para não gastar seu dinheiro, sabe? - Mary a chamou para voltar à cozinha. A garota foi tentada pelo cheiro maravilhoso que vinha do local. Então quando Mary lhe estendeu a mão, ela não pensou duas vezes.
Assim que havia acabado de comer, Mary também se ofertou ler o livro antes de deixar Zoey ir, em forma de se despedir dela. A menina adormeceu no colo da Mary.
Só no dia seguinte, que ela percebeu que seu plano havia falido.
Vovô estava na porta de seu quarto, acordando a garota com batidas leves na porta.
O que eu fiz, mamãe? - se via perguntando assim que Stephen entrou no recinto.

A Garota MortalOnde histórias criam vida. Descubra agora