3 - "Você vai superar"

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- O seu pai.. Lydia.. O seu pai faleceu.

Eu acordei no meu quarto sem me lembrar do que aconteceu. Me levantei rapidamente e quando me olhei no espelho vi meu rosto inchado e as minhas lágrimas já secas. Então eu me lembrei. E voltei a chorar.

O meu pai sofreu um acidente de carro porque estava alcoolizado. E ele não sobreviveu. Eu não posso acreditar que ele se foi. Eu não consigo. Parece que eu estou só sonhando acordada, ou melhor, tendo um pesadelo acordada. Estava doendo. Estava doendo muito. Eu queria o meu pai naquele momento para me confortar. Eu precisava dele. Não era capaz de suportar essa saudade que estava me incomodando tanto.

Finalmente tomei coragem e me levantei da cama, ainda chorando. Caminhei até o quarto da minha mãe, e ela estava deitada na cama, não tão diferente de mim. Ela me olhou e eu pude perceber a tristeza no seu olhar, meus pais se separaram, mas minha mãe sempre irá amá-lo não importa o que aconteça. Afinal, ela conviveu 20 anos com ele. O amor não é algo que se acabe da noite para o dia. Deitei na cama em que ela estava e abracei-a ainda chorando:
- Olha, minha filha, vai ficar tudo bem, confia em mim, você terá a melhor mãe do mundo. - ela forçou um sorriso em meio às lágrimas.
- Não tenho dúvidas disso mãe, mas é que.., o meu pai.., não parece real.. - eu já estava chorando novamente.
- Vai ficar tudo bem. Você não vai para a escola essa semana tudo bem? - ela falou e eu concordei. - Nós vamos superar minha filha, nós vamos superar.

8 dias depois
Eu ainda não superei. O meu coração ainda dói. E a saudade só aumenta. Mas eu coloco um sorriso no rosto. Ninguém precisa saber que dói.

O enterro do meu pai foi aqui em Beacon Hills, onde ele nasceu e cresceu. Eu infelizmente teria que ir à escola hoje. E eu não estou preparada para todos os olhares me cercando.

Eu comi o meu sanduíche de sempre e saí para a escola. Ainda era cedo. E eu caminhava devagar. Encarei o cemitério (que ficava no caminho da minha casa à escola) e entrei. Procurei a lápide dele. E lá estava. John Martin Hale. 1971 - 2016. As lágrimas surgiram. Abri a minha mochila e peguei de dentro uma flor e coloquei-a em cima da lápide. Fechei meus olhos e imaginei como seria se o meu pai ainda estivesse vivo. Alguém me cutucou e me fez despertar dos meus pensamentos. Abri os olhos e me virei:
- Stiles? - perguntei, enxugando minhas lágrimas.
- Oi.. - ele respondeu e parecia sem jeito.
- O que você está fazendo aqui?
- Eu vi você entrando aqui, e queria saber como você está, eu soube do que aconteceu. E eu sinto muito.
- Eu.. - não aguentei e comecei a chorar novamente. Que droga Lydia. Stiles apenas me abraçou, sem falar nada. Ele me entendia. Afinal, ele já perdeu a mãe quando criança.
- Lydia, eu vou te falar uma coisa, você sabe que eu perdi a minha mãe, e entendo a sua dor. Mas essa dor não vai passar. Você só vai aprender a conviver com ela. Mas é bom que você sinta essa dor, pois é uma forma de nunca esquecer que um dia essa pessoa existiu. É uma forma de lembrar o quanto essa pessoa foi importante para você. Não se lamente porque ela se foi. Se alegre porque ela existiu. Eu lembro bem do seu pai. Ele realmente tinha um coração puro, e foi embora sem nem avisar, mas eles normalmente não avisam mesmo. A gente é que tem que estar sempre avisando a eles, e só assim estaremos plenos e de consciência tranquila no dia em que eles forem embora sem dar tchau. - Stiles confessou.
Eu não sabia o que dizer, por isso, apenas o abracei, que retribuiu.
- É melhor irmos para a aula. Se não vamos nos atrasar. - falei e Stiles concordou.
Fomos caminhando até chegar a escola e logo percebi os olhares me cercando como eu tinha previsto. Stiles tentava me distrair, mas era impossível não notar os olhares de todos para mim. Fomos sentar em uma mesa onde estavam nossos amigos. Todos eles me abraçavam e diziam que sentiam muito pela a minha perda. E eu sorri afirmando estar tudo bem, porque como eu disse, ninguém precisava saber que dói. Logo mudamos de assunto, embora a única coisa que eu estava pensando era no meu pai. Tocou o sinal e fomos para a aula. Que era de matemática, a única que nós tínhamos todos juntos. Pelo menos eu teria a companhia dos meus amigos. Entramos na sala e sentamos no fundo (como sempre). A professora estava dando a matéria, quando o diretor da escola entrou na sala com um garoto (mas eu não prestei atenção no seu rosto, pois estava muito ocupada nos meus pensamentos) interrompendo a aula:
- Desculpe por atrapalhar professora. Mas eu vim dar uma notícia para os alunos. - e se virando para nós disse:

- Eu só queria apresentar o aluno novo, que veio de outra cidade, para estudar com vocês, Jackson Whittemore.

My first love | stydia Onde histórias criam vida. Descubra agora