Capítulo 12

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-Me dê um whisky, por favor.

Peço ao barman, que logo me entrega um copo. O líquido gelado desce queimando pela minha garganta. E então eu me lembro dos olhos cor de mel me encarando, da mão macia tocando a minha, das tatuagens em seu braço e é como se eu pudesse sentir o seu perfume.

-Melanie? Uma voz rouca fala atrás de mim, e tenho certeza que ele pode ouvir meu coração batendo de lá. Era realmente o seu perfume, ele não trocou. Me viro lentamente encarando seu olhos, ah aqueles olhos.

Sei que isso quebra seu coração
Me mudei de cidade em um carro destruído

-Oi. É tudo que eu consigo falar. Justin da um sorriso sem mostrar os dentes.

-Você precisava ir embora antes da meia noite igual a Cinderela? Fala e eu dou um risinho fraco.

-Não, eu só não estava me sentindo muito bem.

-Ah e whisky era melhor que remédio?

-O que você está fazendo aqui? Falo sem paciência para rodeios. Ele fica sério.

Quatro anos, nenhuma ligação
Agora você está linda no bar de um hotel

-Eu te procurei na festa e não te achei então resolvi vir embora. E olha que ironia, te encontrei aqui.

-E porque estava me procurando?

-Pra gente conversar.

Não posso evitar
Não, não posso evitar

-Conversar? -Rio pelo nariz.- Nos falamos outra hora, eu realmente não estou me sentindo bem. Sigo em direção ao elevador e posso sentir ele me seguir.

-Certo, também vou para o meu quarto.

Entramos no elevador e ficamos em um silêncio desconfortável. Posso sentir seus olhos me analisando e param na fenda do vestido, na minha coxa.

Então amor, me puxe para mais perto no banco de trás do seu Rover que eu sei que você não pode bancar

-Você está linda, Melanie!

-Obrigada. Sinto meu corpo todo esquentar.

Mordo essa tatuagem no seu ombro
Tiro os lençóis do colchão que você roubou do seu colega de quarto de Boulder

-Esse é o meu andar, o último, acho que você esqueceu de apertar no botão do seu. Ele diz e eu olho para o corredor e o número no elevador, droga.

-Esse também é o meu andar.

Nós saímos do elevador e pego meu cartão na bolsa de mão, tentando sem sucesso abrir a porta.

-Quer ajuda?

-Não, é só esse cartão idiota que nunca funciona de primeira.

-As suas mãos estão trêmulas, você nunca vai conseguir encaixar o cartão desse jeito. Ele diz se aproximando de mim, posso sentir a sua respiração a centímetros do meu pescoço, seus dedos esbarram nos meus e ele pega o cartão.

[...] Você está tão linda quanto no dia em que te conheci

-Eu não preciso de ajuda, sei muito bem abrir uma porta sozinha. Falo arrancando o cartão da mão dele.

-Qual é, Mel, eu só queria ajudar não precisa ser grossa.

-Eu não estou sendo grossa!

-Não? Então porque está gritando?

-Porra Justin, o que você quer hein? É você que está me deixando irritada!

-Mas o que foi que eu fiz?

-O que você fez? Você apareceu aqui, depois de quatro anos, quatro anos porra!

Eu esqueci por que te deixei, eu estava louco

-Eu não tive culpa, eu nem sabia que você estaria aqui.

-Então sai da minha frente, me deixa em paz! Grito e o nó na minha garganta se transforma em lágrimas.

Fique, e toque aquela música do Blink-182
Que nós escutamos até morrer

-Calma Melanie, me desculpe, eu não achei que você fosse reagir assim. Ele diz tocando meu rosto, limpando as lágrimas com o polegar. Seus olhos estavam nos meus e ele estava tão próximo, que eu comecei a me acalmar, fechei os olhos com força, deixando as últimas lágrimas caírem. Ele ainda passava o dedo em minha bochecha. Eu já estava mais calma e morrendo de vergonha por ter chorado, baixei a cabeça e respirei fundo, olhando em seus olhos novamente.





Sei que isso quebra seu coração
Me mudei de cidade em um carro destruído e
Quatro anos, nenhuma ligação
Agora você está linda no bar de um hotel

Não posso evitar
Não, não posso evitar

Então amor, me puxe para mais perto no banco de trás do seu Rover
Que eu sei que você não pode bancar

Mordo essa tatuagem no seu ombro
Tiro os lençóis
Do colchão que você roubou
Do seu colega de quarto de Boulder





-Tudo bem, vamos conversar.









n.a.: música - closer, the chainmokers feat halsey.

Muito Mais Que Um AnoOnde histórias criam vida. Descubra agora