O Criador (2009)

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Sobre os cotovelos de menino franzino, apoiou o caixote de fantasiar. Era roto, puído, de extremidades sujinhas, que de tanta lavoura nunca soube pensar. Pensamento é abstrato, matemático, dialético, mas não conhecera Descartes para em gráficos planificar (aquelas idéias tortas, precárias, primitivas, que nenhum gênio em palestra ousaria pronunciar). 

Só que o mundo filosófico, este sim talvez pensante, libertava aquele índice das estatísticas sociais. Era humilde, com toda certeza, mas hábil em confeccionar proezas que independiam de um alfabeto, ou de uma letrinha sequer. Vocábulos não conhecia, nem dois mais dois resolvia, posto que a prática dizia que nem sempre duas sementes hão de germinar em duplas refeições. E o olhar de inocência era indício da astúcia por detrás da imbecilidade que aquela cabecinha nunca soubera qualificar nem nas suas maiores divagações. 

Esperteza, criança, é traquejo para vida, e esta realidade de regras denominativas, ah, o franzino era mestre em reinventar. E de um simples graveto fora feita uma espada, símbolo heroico naquela terra desbravada que só o conotativo fazia de massa de modelar.

Os fatos sempre se curvam ao querer do seu Criador. 

(as rimas pobres são propositais)

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