Girassol (2019)

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Talvez você não saiba que essa saia gira sol.
Talvez você não caiba na bagagem do meu quarto. Nos acertos, no que eu faço, em tudo aquilo que ainda sou.
Se jogue de cabeça, ou se retire por inteiro. Pois, com promessas mortas, cortejo é funeral.
Meu riso apoteose não endossa o teu enredo. Aqui, no meu roteiro, todo encontro é carnaval.
Desfilo na tua alma com a minha em chama nua. Jamais eu serei sua, mas posso me emprestar.
O brilho do suor é a honraria da labuta. E, nessa eterna luta, abraço o risco do estar.
Meu ser é inconstante, nem a lua fica a mesma. Depende de quem veja, depende da estação.
As flores no meu peito desabrocham por essência. Tudo o que você pensa não muda o que elas são.
Só quero da sua parte aquele abraço mais bonito. O ombro e o sorriso de quem já se despiu.
Coragem é necessária para abrir mão dessa armadura. E gente que se mura... jamais se permitiu.
Só abra a tua boca se o coração falar junto. Porque esse teu discurso, meu bem, já decorei.
Razão não me diz nada sem testar a teoria. Teu eu em primazia não deixa o amor ter vez.
Então decida logo se semeia e brota mundo. Daqui, eu te pergunto: tem medo de arriscar?
A luz que vem do alto, para a alma, é fotossíntese. Nutrir que não se finge com o que é material.
Aqui vai o sinal, escuta a intuição agora. Mesmo que eu vá embora. Aplauso é uma prisão.
Sol que reluz pro outro se torna abajur de mesa. Reduz toda a grandeza em prol da aprovação.
O meu não, o meu não.
Se é assim.... tudo de bom.
Gira, sol! Gira só.

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