Pedido do Artista (2010)

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E quando a realidade me for inóspita, erguerei pontes de açúcar ao meu próprio mundo de fantasias; aquele lugar mágico onde a imaginação tem liberdade plena e o "felizes para sempre" é uma questão de vontade, não de promessas em vão. Quando os tropeços da vida culminarem em quedas, farei do fundo do poço o meu buraco de Alice, sendo o País das Maravilhas o conquistar de uma lição preciosa. E se as reviravoltas do tempo trouxerem todas as palavras eternas que se converteram em um mero punhado outrora, hei de reordená-las todas, letra por letra, até obter uma reciclagem sintática que prime por fazer sorrir. 

Quem sou eu? O artista! Aquele poeta que há de transformar as tuas dores mais pungentes em uma arte secular. Felicidade é raiar da aurora; o sofrimento? Bela melancolia. Seja tu a criatura errante que inspira os meus rabiscos e eu prometo fazer-te muso; personalidade, por natureza, imortal. Peço-te, em troca, apenas para que sigas em frente, pois ápices e derrocadas são para mim um ciclo vital.

Se gostasse de retratar imobilidade, não escreveria versos; pintaria objetos inanimados.

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