Algodões alvos a saltarem em chumaços cândidos. De todo o rebanho, fui a fumaça que destoava. Em ledo engano, repintei-me então de branco; ovelha negra que balia em mil falácias. Ensinamentos deste tu, pastor gentil. Consentimento, todavia, é morte de outrora. Ressuscitei-me sob o céu azul anil. Saiba que eco eu não quero ser agora.
Moldaste a herança repassada em alguns vasinhos; germinou flor desde os mais tímidos botões. De tua genética, no entanto, não florescia aquele ser ninado às mesmas canções. E o escultor usou infértil matéria-prima; trabalhou formas com todo o amor de suas cantigas. Porém o barro esfacelou, rebelde sina. Fendas em escaras que se quebrou a argila fria.
Aparta de mim a tua tesoura jardineira. Que, de remendos, desviei meu próprio prumo. Perdoa, pai, se das princesas fui primeira a andar descalça sobre as pedras de outro rumo. Descarto agora as benesses do testamento; Bíblia e inventário foram gozos do passado. E da riqueza me despeço no momento para viver conforme o meu próprio agrado.
De nada adianta refletir a luz que queres,
se a minha sombra entrega tudo o que eu sou...?
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Cubo Mágico
Random"Às vezes me encaro como um cubo mágico; composição de pequenas peças avulsas que, juntas, fazem algum sentido. Só nos resta saber se você é aquele que vai organizar o meu caos particular." (Caos Particular - Autoral) Cubo Mágico é uma coletânea de...