Ateus

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Numa manhã gélida de setembro nasceu uma criança de 3,450kg, com 45cm. Os olhos brilhavam ao ver a mãe, mas sorriam com o pai às suas vistas. A irmã tinha ciúmes, mas logo deixava de lado quando a gengiva sem dentes se fazia aparente por sua causa.
No seu segundo natal na família, seu presente foi um câncer. Todos diziam que "se fosse da vontade de Deus, a criança seria curada". Os pais não eram católicos assíduos, evangélicos frenéticos, ou se denominavam ser de nenhuma religião, mas acreditavam em Deus, e mantiveram a fé.
No seu terceiro aniversário, seu presente foi o fim da dor que sentia incessantemente nos pulmões, trazido por uma figura encapuzada. Enrolada num manto branco, a Morte aparecera para o alívio do pequeno ser.
Todos diziam "quando criança morre, vira anjo" ou "Deus sabe o que faz. Se ele a levou, foi porque esse era o certo". Os pais não entendiam nem concordavam.
Por que dar a vida ao bebê, se em tão pouco tempo irá tirá-lá? Por que causar tanto sofrimento de forma tão sutil?
Não encontrando respostas, no que era pra ser o quarto aniversário da caçula, resolveram que Deus não era digno de ser acreditado.

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