A Tormenta Mística

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Uma semana havia passado desde o incidente com os Zubats e Golbats, o assunto que tanto se desgastou pelos dias, aos poucos foi sendo esquecido, como um sonho ruim, que havia acontecido de forma coletiva. Os grãos tiveram a sorte de vingar novamente no solo e estavam demonstrando que iriam crescer fortemente, sendo assim, o ataque não havia passado de um breve susto, sem muitos problemas para a colheita ou o armazenamento do trigo, no qual todos estavam começando a fazer o esforço de esquecer, mesmo aqueles que se feriram, já não apresentava mais nenhum machucado ou escoriação.

Porém, um jovem continuava com um estranho pressentimento. Pouco antes do ataque dos Pokémons à colheita, ele havia sonhado com algo muito estranho, uma forma negra havia aparecido em seus sonhos, o guiado até uma luz e somente o soar de uma voz fraca e que acariciava seus ouvidos pôde ser ouvida, dizendo uma palavra, que se repetia na sua mente de forma repetitiva, "Ajude-me - Ajude-me - Ajude-me". Esse era um dos problemas que rondavam sua cabeça, mas outro o deixava tão inquieto quanto, porém parecia que os moradores da vila simplesmente haviam deixado de lado o segundo fato que o estava incomodando.

Sob a sombra de uma imensa árvore de Carvalho encontrava-se o jovem, com seus cabelos castanhos, lisos e brilhosos, e olhos verdes de um tom esmeralda profundos como o fundo do mar. O sorriso maroto, em forma de meia lua, sempre fazia com que garotas perdessem o fio da meada e parassem suas falas o olhando atônitas. Ele demonstrava uma perfeita dentição, alva como o algodão, o que deixava seu charme ainda maior quando lançava sorrisos de cinismo as mais diversas situações. Seu Charmeleon, companheiro inseparável de todos os momentos, estava ao seu lado, um pouco acordado, um pouco dormindo, aproveitando a brisa vespertina que soprava e deixava o ar quente do verão mais agradável, enquanto ele analisava o todo.

Deitando um pouco na grama, apreciando a beleza do céu, os pensamentos de Yann Fauster não desviavam do acontecimento estranho e único que ocorrerá no dia do ataque dos morcegos. O fato de uma aurora boreal, um evento antes descrito apenas nos livros de histórias antigas, que com certeza guardava algo sinistro em seu acontecimento. Yann então fechou os olhos e tentou rever mentalmente a sucessão de cores frias que pairaram no céu naquela ocasião. Flashes se mostravam diante dos seus olhos, sons de um confronto distante também chegavam com a mesma intensidade, uma vez que da vila pôde ser escutado toda a batalha nos campos da colheita.

Subitamente o garoto entrou em um estado de torpor induzido, sentindo seu corpo pesado, as pálpebras carregadas por toneladas de concreto, o impedindo de abrir os olhos e sua a consciência aos poucos se desvaneceu de sua mente. Um breu total foi sentido, inutilmente Yann tentou realizar algum movimento, mas seu corpo não seguia nenhum comando, sua voz não saia de sua boca e seus braços e pernas não pareciam se quer existir. O desespero então tomou conta de seu ser, mas antes que a loucura também o dominassem, uma forte luz branca brilhou a alguns metros diante dele que de início o cegou, mas com a adaptação da intensidade, foi tornando-se sua libertadora. Seu corpo voltou a mover e por toda a extensão do local onde se encontrava, ele escutou o eco de sua voz ressoar "Olá (olá, olá, olá...), quem está aí (ai, ai, ai...)?".

Nenhuma resposta foi obtida durante a dissipação do som, mas uma nuvem esverdeada tomou forma em frente aos olhos do jovem, uma forma pequena, que não ultrapassava do tamanho do antebraço do rapaz, mas não passando de uma nuvem de poeira, flutuando, somente, como uma pequena e controlada tempestade de folhas e galhos. Intrigado com o evento, Yann esticou sua mão para encontra-se com a mini tempestade, mas ela recuou rapidamente e rodopiou por volta do menino, fazendo seus cabelos esvoaçarem e ele ser forçado a fechar os olhos, como reflexo ao vento intenso.

Com os olhos cerrados, Yann sentiu algo se aproximar do seu ouvido, dando um salto para tentar desvencilhar-se da tormenta e ver o que estava acontecendo ele abriu os olhos, mas não havia mais nada para se observar. A luminosidade que antes existia, havia novamente sido tragada para a escuridão, os movimentos que antes estavam graciosos e fáceis de serem realizados, começaram a endurecer e se tornarem estáticos. Um último lampejo de voz foi forçado a externar, mas apenas um grunhido sem sentido saiu da boca de Yann, o levando ao desespero novamente.

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