18° Capítulo - "Ele sabe."

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(Marli's POV:)

Eu tinha virado as costas à Nina, ela impediu-me de avançar.

- Espera, por favor. - pegou o meu pulso e eu voltei-me para ela.

- Podemos falar?

- Chamaram-me. Além disso não temos nada para falar.

- Eu sei que estás mal com tudo isto...

- Não sabes nada.

- Marli, eu só quero o melhor para ti, tu és a minha irmãzinha.

- Como o Thomas é meu irmão? Dispenso, obrigada. - Disse irónica.

- Marli, eu não sou como o Thomas. Eu quero ajudar-te...

- Ajudar-me? Tal como tens ajudado até agora? Tu não te importas comigo. Se te importasse tu tinhas estado do meu lado, desde... desde que isto tudo, a nossa vida mudou... - Disse sentido a garganta a secar, querendo sair dos meus olhos lágrimas que não deixei cair - Ajudasses-me nessa altura, agora deixa-me em paz...

- Eu sei que devia ter estado contigo nesses momentos... mas também foi difícil para mim, tens que perceber isso. - Disse Nina.

- Não foi fácil para ninguém. E era mais um motivo para nos unir, o que foi exatamente o oposto que sucedeu. - Ela ficou em silêncio com o seu olhar triste que trazia desde o início do encontro e eu continuei. - Mas apesar de tudo até podia compreender isso, até um certo ponto. Quando eu comecei a mudar, tudo tornou-se ainda pior e tu, como sempre, não estavas lá. Pelo contrário só pioraste tudo, não foi? - Assenti perante as minhas próprias palavras. - Continua distante como tens estado, ficas melhor assim.

Nisto eu virei costas e segui o caminho até à minha avó. Sabia que ela estendeu o braço atrás de mim e tentou disser algo que nem sabia o que, mas também não permite que isso acontecesse, pois utilizei a super velocidade que me fez sair dali num piscar de olhos.


(Ross's POV:)

- Então... - Não sabia bem o que dizer por isso resolvi ir direto ao assunto. - Sobre a conversa de ontem à noite, o que querias dizer com aquilo? - Fiz uma breve pausa e disse com ar desconfiado - O que sabes?...

- Tu matas-te alguém? - Ele perguntou sério, dizendo tudo de uma vez.

- Eu... O quê?! - Disse estupefacto.

- Sim ou não? - Perguntou Dylan, claramente em busca de uma resposta.

- O quê? - Repeti.

- Não?

- Claro que não.

- Ah... - Fez um suspiro de alívio colocando a mão esquerda sobre o peito

- Porque estás a perguntar-me isso? A sério, o quê?

- Então... Tu disseste que aconteceu algo que mudou a tua vida e que era perigoso e... - Eu interrompi-o.

- E então pensaste que eu tinha matado alguém?

- Bem... Talvez... Sim...

- Ok, eu não matei ninguém.

- Pois, já percebi.

- Pela conversa pensei que ias falar sobre outra coisa.

- O quê? - Perguntou Dylan.

- Nada. Não importa. É melhor irmos embora antes que alguém saiba que tivemos aqui.

- Sim, está bem.

Entramos no carro.

- Queres ir onde?

- Não queres ver os teus amigos naquele café ou noutro local da cidade? - Perguntei-lhe.

- Sim.

- Então, podemos ir até lá e depois eu levo a carrinha para ir a um sítio, pode ser?

- Está bem, vamos.

Depois de seguirmos, em silêncio, o caminho até a um café na cidade, dissemos um "Até logo" e levei a carrinha para o mesmo sítio onde antes conversava com o Dylan, mas desta vez até à entrada da floresta.


(Marli's POV:)

- Chamaste-me. - Disse à minha avó quando entrei no espaço onde estava e onde tem estado desde à muito tempo, a gruta.

- Sim. - Tossiu. - O plano... Tens que... fazer o que puderes.

- Eu sei.

- Já tens um plano?

- Sim. - Digo com toda a certeza e o mais fria que consegui.

Ouvi uma carrinha.

- Então já sabes o que tens que fazer... - Disse a minha avó.

Sem mais nenhuma palavra desapareci. Desapareci para aparecer à entrada da floresta.

- Olá. - Disse Ross a sair da carrinho.

Ele fecha a porta da mesma e caminha, aproximando-se de mim.

-...Olá. - Digo quando ele já estava próximo.

Ele ia devagar inclinando a cabeça para me beijar, mas eu não deixei e falei.

- O que se passou?

- O que queres disser com isso?

- Houve alguma coisa? Alguém desconfia de algo?

- Não. Quase. Mas eu resolvi a situação.

- Ainda bem. - Disse baixo.

- Até se passou uma coisa estúpida com um dos meus primos, acho que sou eu que já estou paranóico sobre isto dos sobrenaturais.

- Estás a falar do quê?

- Bem nada de mais. Eu pensava que o meu primo Dylan sabia de alguma coisa por causa de uma conversa, e ele nem queria falar sobre isso em casa e acabamos por falar hoje nesta estrada, mas mais afastado daqui, claro.

- O que é que vocês falaram? - Disse um bocado preocupada e séria.

- Não te preocupes. A nossa conversa anterior tinha sido descontextualizada. Ele perguntou-me se eu tinha matado alguém. - Ross riu dizendo isto. - Acreditas? Só porque estou mais enervado e disse que aconteceu algo que mudou a minha vida... Bem, ao menos assim fiquei a saber que ele não sabe de nada.

- Tu não percebes mesmo, pois não? - Disse de uma maneira provocante e má.

Ele olhou para mim com aquela cara como se perguntasse "O quê?". Eu resolvi continuar para lhe explicar.

- Ele sabe.

Os Corações Entre A Escuridão (Ross Lynch / R5)Onde histórias criam vida. Descubra agora