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_Frank_

- Filhão, você consegue andar! - César falou pondo o pequenino rapaz em seu colo. Frank agora andava, desengonçado, mas andava. As mãozinhas agarradas a roupa do pai lhe dava um certo orgulho. Mark adentrou a sala sério como sempre foi, o rosto não escondia a raiva que sentia do carinho entre o pai e o irmão mais novo.

- Eu não pedi pra você chegar mais cedo filho? - César levantou-se com o bebê nos braços, Mark não respondeu, apenas se virou para seguir para o seu quarto - Ei! Estou falando com você rapaz. - a voz de César ainda estava calma, ele não queria assustar Frank como da última vez.

- Não com saco pra isso. - foi tudo o que o rapaz encapuzado disse antes de deixar o pai sozinho na sala.

César sentiu-se fracassado, não havia feito "um bom trabalho" e isso o amedrontava, tinha medo de cometer o mesmo erro com Frank. Colocou o pequeno sentado na cadeirinha ao lado da mesa e foi preparar uma sopa de legumes.

Se lembrou de quando Emma o abraçava por trás toda vez que chegava do serviço, da forma como, apesar dos longos anos de casados, ela ainda o beijava da mesma forma como quando estavam namorando.

Deixou uma única lágrima cair antes de enxugar o rosto com a mão. Frank gargalhava e brincava sozinho, César virou-se colocando o líquido pastoso no pratinho do bebê.

- Pronto garotão, vamos jantar. - falou sorrindo e recebeu o lindo sorriso de seu filho.

***

Me sentei, o sol já invadia o meu quarto, Mark não estava mais na cama. Me levantei sentindo o meu se estralar por inteiro, me causando um pequeno desconforto.

Cheguei a cozinha encontrando meu irmão deitado no sofá assistindo alguma coisa da qual eu não pude identificar.

- Acordou cedo. - falei me aproximando do fogão. 

- Eu apenas cochilei, só isso. - respondeu, terminei de fritar os ovos e os coloquei no prato sobre a mesa.

- A gente precisa conversar. - falei me sentando à mesa, Mark permaneceu em silêncio.

***

- Você tem que parar de fazer xixi na cama pirralho! - gritou Mark carregando nos braços, o lençol molhado. Frank seguia o irmão chorando baixinho, o pijama azul estampado com ursinhos estava pequeno para o garoto de seis anos. As mangas não cobriam os braços como antes e a calça não protegia suas pernas do frio.

Mark parecia não se importar com os inúmeros pedidos de seu irmão para que comprasse um pijama novo.

- Deculpa Mark, é que eu tive um pesadelo. - falou o pequenino enxugando os olhos na gola de sua camisa.

- Desculpa nada pow, quem tem que trocar pano de cama toda noite sou eu! Assim não cara. - Mark enfiou o lençol molhado dentro do tanque próximo a pia da cozinha.

- Vem cá! - falou e Frank o seguiu de volta para o quarto - Toma. - falou entregando outro lençol para Frank - Te vira. - falou saindo do quarto deixando o garoto sozinho.

Frank esticou o pano como pôde sobre a cama, os braços curtos não cooperavam com o pequeno que sofria tentando arrumar a cama.
Depois de muito esforço ele conseguiu, o pano estava torto, metade arrastava no chão e a outra cobria metade da cama.

Foi para a sala, Mark bebia cerveja no gargalo da garrafa sentando ao sofá. Frank se aproximou esborçando um sorriso de satisfação.
Mark levantou-se indo para o quarto, ao ver o pano mau colocado, lançou a garrafa contra a parede fazendo Frank gritar e se encolher de medo.

- Seu merda! Você não serve nem pra cobrir uma cama. - falou se aproximando do garoto agarrando-lhe o braço com força o fazendo chorar - Vai dormir no tapete da sala pra aprender! - Frank pegou o travesseiro e seguiu para a sala.

- Aham, sem isso. - Mark tomou o travesseiro do garoto que deitou no tapete e se esforçou para dormir.

***

- Eu não quero mais que você use drogas mano. - me sentei ao lado de Mark que parecia não me ouvir.

- Dá um tempo. - foi tudo o que ele disse, respirei fundo tentando manter o controle.

- Eu não quero mais que você use drogas mano. - repeti calmo.

- Dá um tempo mano! - Mark respondeu agressivo, ambos nos levantamos.

- Eu só quero o seu bem pow! - gritei de volta enfurecido. Ele apenas se virou como se não escutasse - Eu tô falando com você! - o segui, mas o meu irmão não era uma pessoa muito fácil.

- Foi por isso que o pai morreu, por causa dessa sua arrogância! - gritei e ele parou, me senti mau por ter dito aquilo, mas era necessário.

- Como é? Tá doido moleque! - partiu pra cima de mim me empurrando. Dei alguns passos para trás quase caindo por cima do sofá

- Quem tá doido é você! Eu não aguento mais. - desabafei, logo senti algumas lágrimas escorrer pelo meu rosto até a minha camisa.

- Você tá chorando!? Mais é muito fresco mesmo. - falou gargalhando, o empurrei o fazendo cair por cima da parede.

- Não aguenta!? Vai embora, eu nunca te pedi pra morar comigo. - gritou enfurecido, deu as costas e foi para o quarto.

Sai de casa sem rumo. Eu precisava esfriar a cabeça de algum jeito então resolvi ir ver Ashley.

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Eita!
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