Capítulo XVI

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Retornamos a Nova Iorque na manhã do domingo seguinte. Mia não nos dava trabalho algum, quando não estava comendo, dormia e vice-versa, quem me preocupava na verdade era Bea, ainda parecia completamente desconfortável por ter sua sobrinha por perto, porém algo me dizia que isso seria temporário. Eu me distraia bastante com um bebê por perto, era engraçado e empolgante, citando o fato de eu não ter nenhuma destreza para cuidar de crianças.

Os questionamentos começaram assim que Steven nos buscou no aeroporto e continuaram em casa. Meus funcionários mais próximos pensavam que havíamos adotado, os outros perguntavam-se entre si por murmúrios quando passávamos por eles. Não dei detalhes demais, apenas disse o indispensável e cuidei para que providenciassem o que Mia poderia precisar por algumas semanas. Subimos para o quarto com ela e enquanto Bea se encaminhava para o banho eu tentava descobrir como tirar as roupas de um bebê sem quebrá-lo, parecia tão pequena e frágil, me sentia um ogro perto dela.

-Desisto!- Bufei me sentando ao lado de Mia na cama enquanto ela dava risinhos para a luminária.

-Aconteceu alguma coisa?- Bea abriu a porta completamente nua.

-Além de eu descobrir que não tenho habilidade com crianças?- Arqueei a sobrancelha- Acho que vou pedir que a Sra. Galle dê um banho nela.

-É isso?- Bea franziu a testa e se aproximou.

Imediatamente toquei sua lombar deslizando até a bunda, um dia sem vê-la nua era quase sete anos pra mim.

-Não deveria ficar nua na minha frente com um bebê presente.- Sorri maliciosamente mordendo o lábio.

-Tarado.- Ela murmurou sorrindo.

Inclinando-se em direção a Mia, delicadamente, Bea a despiu com cuidado e para mim pareceu que ela tinha um certo "jeito" com a sobrinha. Os olhinhos azuis brilhando a encaravam como se conhecesse Bea há um longo tempo, talvez tivesse traços que lembrassem de sua mãe. Assim como Mia, eu estava completamente hipnotizado por aquela cena, meu rosto foi invadido por um sorriso largo e ficou maior ainda ao vê-la pegar Mia no colo. Um braço por baixo, o outro gentilmente em sua cabeça, observei cada passo dela até o banheiro e em algum momento durante um caminho pensei ter ouvido um pequeno diálogo surgir entre elas. Parando após atravessar a porta, Bea me olhou sem perceber o que se passava comigo, então me chamou:

-Vou precisar da sua ajuda.- Sorriu adentrando o banheiro.

Isabella me impressionou ao mostrar tamanha aptidão no que estava fazendo, ela se banhou junto com Mia e a manteve calma com seu toque firme e suave. Segurei meu queixo para que não caísse, lembro-me bem de sua voz dizendo, na verdade afirmando, que não tinha jeito com essas coisas, eu posso confirmar que isso é mentira. Tudo que eu precisei fazer foi buscar uma toalha para a pequena que se recusou por hora a sair dos braços de Bea, conheço bem a agonia desse sentimento.

Mais horas passaram e eu já não precisava mais convencer minha mulher sobre o quão certa foi a decisão que havia tomado ao trazer Mia conosco. Precisávamos de alguém em nossas vidas que não desse tanta dor de cabeça e esse bebê era a pessoinha perfeita. Por volta das 21:40 ela já adormecera nos braços de Bea e sua primeira reação foi levá-la para a nossa cama, mas eu tinha uma ideia melhor. Dei ordens a minha governanta que arrumasse o quarto no fim do corredor e lá cuidasse de Mia como se fosse eu, a Sra.Gale sempre foi minha babá de plantão, portanto sabia que poderia confiar nela.

-Pensei que dormiria aqui no quarto.- Bea disse enquanto ajeitava os lençóis para nós.

-Será mais confortável para ela se dormir em um lugar adequado.- Tentei ajudá-la.

-E você é muito pragmático, não é?- Sorriu ironicamente se deitando.

-Talvez.- Lancei um sorriso torto.

Always be Mine - Livro II - Série "Mine"Onde histórias criam vida. Descubra agora