Capítulo XV

5.3K 401 33
                                    

Antes que Bea desistisse da ideia comprei as passagens e reservei um lugar para ficarmos em Dallas, já que as coisas estavam "difíceis" para sua tia imaginei que receber hóspedes não seria adequado à situação. Apesar de conseguir convencê-la a fazer uma recepção de casamento com esses contratempos ficamos indisponíveis para planejar qualquer coisa, nossa saída foi pesquisar sobre organizadores de festa e contratar um que nos desse boas opções. Teimosa como nunca ela bateu o pé quando eu disse que arcaria com todos os custos, e claro, só consegui sair dessa quando concordei que iriamos dividir a conta.

No fim de semana seguinte ela ligou novamente para a tia avisando que NÓS iriamos visitá-la, até então tudo corria bem. O hotel onde ficamos tinha uma localização perfeita no centro da cidade, mas sua tia morava em um subúrbio ao sul, Mansfield pra ser mais exato. Distante da "cidade grande", repleta de pequenas casas, não parecia ser um lugar ruim para morar tirando o fato de ser muito quente.

Combinamos um almoço, mas eu não tinha intenções de dar trabalho para Adele, então pedi que Bea avisasse que seria por nossa conta. Compramos tudo em um restaurante próximo e levamos para a casa dela. A vizinhança estava calma, vimos algumas crianças pelo caminho brincando em suas calçadas. Estacionei ao longo da calçada e observei com suas vestes cumpridas.

-Não vai tirar o casaco pelo menos? Está quente aqui e não quero que passe mal.- Franzi a testa.

-Não.- Respondeu apreensiva- Tô bem.

-É por causa do seu tio?- Livrei-me do cinto girando o corpo para olhá-la melhor.

-Talvez...- Olhou para a porta da casa.

Conversar sobre isso naquele momento não iria ajudar, gostaria que ela estivesse menos receosa e desconfiada, porém eu não obtinha o poder de mudar isso. Ao invés de martelar incessantemente o assunto percebi que distraí-la seria a melhor forma de ajudá-la.

-Então essa é sua antiga casa?- Desci do carro abrindo a porta para ela em seguida.

-Pois é.- Sorriu de lado- Ela inteira é metade do seu launge, você pode se sentir sufocado.

-Quando exagero.- Sorri e beije seus lábio brevemente- Por que não bate na porta? Vou tirar as coisas do carro.

Assentiu e tirou o casaco amarrando-o na cintura. Fiquei feliz por ter escolhido uma roupa mais confortável para usar, se estivesse de terno meu corpo iria cozinhar ao sol. Peguei todas as sacolas que estavam no carro de uma vez, quando olhei para trás a porta estava aberta e parecia que Bea já havia entrado. Caminhei até lá e dei de cara com a sala de estar, parcialmente organizada, não era muito bem mobiliada continha apenas o básico. Um sofá velho, uma TV média e algumas decorações antigas como bibelôs, por exemplo. Chamou minha atenção ver alguns brinquedos espalhados pelo chão, Bea não havia mencionado crianças ao falar sobre a casa.

-Com licença.- Murmurei para a sala vazia e entrei fechando a porta com o pé.

Segui o som de algumas vozes ao leste, era a cozinha, mas elas estavam no quintal. Deixei as sacolas em cima da pia e parei na porta dos fundos esperando ser convidado a me juntar a elas. Bea me notou rapidamente ali.

-Tia, esse é o Nicolas.- Sorriu sem mostrar os dentes- Nicolas, essa é Adele.

-Muito prazer.- Sorri indo até lá para cumprimentá-la.

-Já vi você antes.- Chacoalhou minha mão com entusiasmo.

Adele aparentar passar dos quarenta e cinco, mas ter menos que cinquenta. Os traços suavemente lembravam Isabella, exceto pelos olhos azuis brilhantes. Apesar das roupa gastas e uma vida não muito fácil carregava no rosto um sorriso sincero e gratidão em seu olhar cansado. Fui recebido com muita alegria, talvez por ela acreditar que Bea foi levada de volta para casa por mim. Pareciam ter muito o que conversar.

Always be Mine - Livro II - Série "Mine"Onde histórias criam vida. Descubra agora