Estava perdida em pensamentos, quando o sino tocou, estava querendo sumir devido a tantos eventos que estavam acontecendo. Sentia-me confusa com vontade de ficar sozinha isolada, me sentindo tão impotente, como se não conseguisse resolver nem mesmo minha própria vida. Não havia dormido quase nada e sentia o cansaço em meus ombros. Cássio não sai da minha cabeça, para todos os lugares em que olho eu o vejo. Estava me escondendo dele dês do beijo para minha sorte o Senhor Antônio estava ajudando, não deixou ele em paz nus últimos quatro dias o fazia sair com ele cedo e só chegava ao final da tarde.
Sentia-me muito arrependida e me culpava por ter gostado do beijo, quem diria meu primeiro beijo, ser com um homem branco! Eu não devia ter me exposto tanto e não devia ter correspondido o beijo, ainda por cima guardava a rosa em baixo das palhas. Agora, o que ele estava pensando de mim? Ele havia me defendido como nenhum outro homem olhava-me de uma forma que nenhum outro homem havia olhado, havia falado que eu era valiosa, e depois o beijo. Apesar de ter gostado, agora fazia vários questionamentos. Será que ele não havia percebido que eu era uma escrava? Será que era assim que ele gostava de fazer seus joguinhos com as mulheres? Porque estaria perdendo tempo comigo? O que ele iria ganhar com isso? Talvez seja porque ele vai se casar em breve e não quer perder a diversão. Não! Ele deve estar me vendo como um troféu, já que todos tentam algo comigo, ele deve estar tentando uma forma diferente. E será que estava dando certo? Sentia minha cabeça latejar, estava tão confusa.
Tive que aguentar Valêncio, dessa vez para minha sorte tia Zilda chegou na hora e como se não bastasse para acabar com o dia, Bento veio falar comigo, me parabenizar e claro insistir mais uma vez, disse que quando estivéssemos libertos queria me ver sempre assim, com belos vestidos, porque eles ficavam lindos em mim. Perdi a paciência mais uma vez e havia falado para ele sobre Rosinha. Agora estava arrependida, os sentimentos são dela e eu não devia me meter, mas seria tão bom se ele parasse de ficar insistindo comigo.
O sol não havia surgido, o dia havia amanhecido escuro, as nuvens estavam carregadas, o vento soprava gelado. O dia estava negro como a noite. Estava assustada, com medo, porque não me dava muito bem com chuva e trovões.
- Pegue meu casaco no baú Rita, hoje parece que será um dia frio e chuvoso. Disse sinhá ainda deitada em sua cama. O patrão já havia saído, tão cedo que nem o tinha visto.
- Você sabe se meus filhos já levantaram?
- Não os vi sinhá.
- Com esse tempo, acredito que será difícil eles saírem do quarto. - Rita, traga-me um chá.
Pedi licença e sai.
Primeiro gelei com o susto e depois me senti quente. Mesmo com a fraca luz podia vê-lo.
- Bom dia. Disse ele com seu sorriso encantador. - Quanto tempo.
- Oi. Foi à única palavra que saiu. Era a primeira vez que me encontrava a sós com ele depois do beijo.
Apesar de ter visto sua imagem em sonho ou mesmo em pensamento acordada a madrugada toda, a sensação em vê-lo na realidade era totalmente diferente.
Ele chegou mais perto. Senti minhas pernas bambas como sempre ficava diante dele.
- Está frio hoje, devia colocar um casaco. Ele disse preocupado.
Casaco! Isso é luxo. Mal tínhamos roupas, imagina casacos de frio. Pensei.
- Tenho que ir buscar um chá para vossa mãe. Falei depois de um longo silêncio. Não era muito seguro ficar próxima a ela por muito tempo, não ser a boba em tentar fazer um teste porque no fundo eu sabia que não conseguiria.
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MORENA DE ANGOLA
RomanceMinha doce Rita, escrevo-lhe por que partirei em breve, depois do acontecido eles ficaram mais insistentes e querem me obrigar a casar com a prima Flor. Não se preocupe, não vou me casar com ela porque a única mulher que quero é você, não à outra q...