MORENA DE ANGOLA

Capítulo 9

De uma coisa eu tinha certeza, não podia mais lutar comigo mesma, tinha que admitir que estava apaixonada pelo senhorzinho. Meu Deus! Porque logo por ele? O que fazer? Entregar-me a esta paixão e correr todos os riscos, mesmo sabendo que não vai dar certo?

Chegamos um pouco molhados. Peguei um pano no ombro de tia Zilda e me enxuguei. Pronto, estava seca e cheirando fumaça e comida ao mesmo tempo.

- Vossa mãe já estava preocupada. Disse Rosinha para Cássio.

- Eu já estou indo.

- Obrigado Rita. Ele me olhou travesso.

Mesmo Cássio prometendo que daria um jeito, sentia um frio na barriga e na espinha, estava nervosa, angustiada, preocupada, mas ao mesmo tempo quando os pensamentos me levavam ao beijo dele, sentia um calor no coração, uma vontade de sorrir, uma vontade de correr para seus braços.

- Parece que a chuva deu uma pausa e ficou esperando vocês entrarem. Disse Eunora.

- Deus ouviu minhas preces.

- Por quê? Ele tentou algo com você? Perguntou Rosinha mais curiosa do que preocupada.

- Não! Ele estava preocupado com os cavalos. Mal conversamos.

Tia Zilda me lançou o olhar de "Eu sei que esta mentindo", mas com ela eu falaria depois.

- Rita!

- Estou aqui, Crispim.

- A Sinhá pediu para chamá-la, ela esta na sala.

- E os outros? Perguntei.

- Ainda não voltaram. Respondeu Rosinha.

- Vos mercê mandou me chamar? Perguntei assim que entrei na sala.

- Sim, Rita. Pegue uma roupa, das que guardo e vá se trocar antes que fique resfriada.

- Obrigada Sinhá.

- Agradeça ao meu filho.

Ela disse em um tom diferente, o que me levou a ficar preocupada. Será o que ele falou para deixá-la diferente? Ou será que o problema estava em mim, em achar que ela estava diferente?

- Há! Peça alguém para trazer um café  bem quente.

Pedi licença e sai com os pensamentos inquietos.

- Agora pode me contar minha menina. Disse Zilda quando eu retornei a cozinha depois de ter me trocado. Estávamos sozinhas.

- A história é longa.

- Não carece de me contar sobre você e Cássio, conte-me apenas a parte em que te aflige o coração.

- Como? É...

- Rita! Conheço bem o meu menino, assim como também apesar de poucos anos eu a conheço.

- Sim, Tudo bem. Disse. Tentaria depois entender como ela conseguia ver tão claramente o que estava acontecendo.

- Estávamos no estabulo. Cássio estava me abraçando porque estava tremendo de frio. Bento chegou, e a senhora já pode adivinhar a confusão. Falei resumidamente sem os detalhes.

- Tome muito cuidado, ele está muito apaixonado. Depois daquela noite no domingo que conversei com você, fui conversar também com ele e não fiquei muito feliz com o que ouvi dele.

- Então, justifica o motivo pelo qual a senhora estava tão distante.

- Estava, assim como agora mais ainda, bastante preocupada. Homens assim Rita, ficam loucos, doentes e são capazes de qualquer coisa. Vi seus olhos brilharem pelo Cássio e os dele brilharem por você quando os vi juntos. Já estava temendo que isso acontecesse, não sabia que seria assim tão rápido. Há! minha menina não sabia que seus sentimentos por Cássio já estavam tão aflorados.