Fiquei paralisada, o que havia acabado de acontecer comigo? Minhas pernas ainda estavam bambas, minha respiração irregular, como ele conseguia me deixar tão descontrolada? Será que ele havia percebido algo diferente em mim? Também pouco importava, - coloque-se em seu lugar escrava. Algo me dizia que ele era diferente, algo em seu olhar, no seu modo de falar comigo, nenhum outro patrão me tratava da forma como ele, conversava comigo como ele. Eu não posso me apaixonar pelo senhorzinho, não posso.
- O que fazes sozinha escrava?
Assustei-me, olhei para o outro lada da margem e lá estava Alfredo e André á cavalo.
- Vim a pedido de vossa mãe lavar estas roupas. Respondi alto.
Alfredo o mais velho, não parecia em nada com Cássio, o cabelo em um tom castanho quase louro e olhos castanhos, estatura média e magro, muito magro, já André o do meio, também era bonito, não tanto quanto o Cássio, cabelo preto e olhos azuis, braços fortes.
Eles olhavam um para o outro como se estivesse lendo a mente um do outro, não gostei da forma como olhou para mim novamente.
- É melhor não andar sozinha pela fazenda. Disse André atravessando a margem para chegar até onde eu estava.
- Já terminei o serviço senhorzinho.
- tão frágil e bela. Escutei Alfredo falar baixo.
- Peço licença, tenho que terminar outro serviço para vossa mãe. Virei-me, minhas pernas ainda bambas.
- Não precisa ter pressa escrava. Disse Alfredo, sorrindo.
Não dei ouvido ao que eles falavam, apertei o passo, cheguei meio sem ar, já não bastava ser escravizada ainda tinha que aguentar esses nojentos, era muito azar para uma só pessoa.
Depois de estender as roupas fui ajudar Rosinha a pisar arroz, ela era mais velha que eu e a única sem contar com tia Zilda que mostrava gostar de conversar comigo.
- O que ouve para deixa-la tão assustada?
- Aqueles patrõezinhos tolos.
- Deixa-me adivinhar, tentaram abusar de você.
- Não completamente, mas ficaram me olhando e conversando entre si de um jeito muito estranho.
- Os três?
- Não, apenas o mais velho e o do meio.
- O mais novo parece ter puxado a mãe.
Assenti com a cabeça, Cássio parecia muito com sinhá Irene, tanto na aparência como no modo de falar e agir.
- Fiquei sabendo de você e o Bento ontem.
- Você e todo mundo suponho.
Ela sorriu baixo.
- Você sabe como são as coisas aqui, mas diga-me, você não vai querer mesmo? Você sabe que é o desejo de muitas.
- Não, não quero e sei sim, inclusive um desejo seu.
Sorrimos. No fundo eu sabia que Rosinha guardava um sentimento secreto por Bento.
- Pena que ele só tem olhos para você, assim como a maioria. Ela disse meio sem graça.
- E detesto isso. - Ontem fui bem clara com ele, espero que não insista de novo, você podia conversar com ele.
- Aproveitar a fragilidade dele? Não, não quero ser a que fica ouvindo seus desabafos.
- Sinto muito. Disse tristemente, me sentia muito mal sabendo dos sentimentos dela por ele e em saber que eu estava o fazendo sofrer.
- Não é sua culpa.
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MORENA DE ANGOLA
RomansaMinha doce Rita, escrevo-lhe por que partirei em breve, depois do acontecido eles ficaram mais insistentes e querem me obrigar a casar com a prima Flor. Não se preocupe, não vou me casar com ela porque a única mulher que quero é você, não à outra q...