Isto vai dar confusão. Pensei.
- Mamãe ainda prefere as rosas brancas?
- Sim. Respondi.
Começamos a colher as flores e colocá-las dentro do cesto.
- Então você veio da fazenda de meus avós?
- Sim.
- Você nasceu na fazenda?
- Não.
- Então, em qual fazenda estava antes?
- Em nenhuma senhorzinho. Embora não soubesse o motivo para tantas perguntas eu as respondia rapidamente.
- Sou de angola, vim ainda muito nova.
- Minha avó Aurora era maravilhosa!
A imagem de sinhá Aurora surgiu em minha cabeça junto com todas as lembranças boas que guardava.
- O que faz aqui fora, escrava? Uma voz forte e cheia de fúria me fez voltar para a realidade.
Valêncio... Um calor subiu pelo meu corpo, fúria e ódio, precisei firmar os meus pés no chão para não voar em seu pescoço.
- Não vê que estamos colhendo flores?
Perguntou Cássio sério.
- Me desculpe senhorzinho, não havia visto o senhor.
Ele ficou espantado.
Deu-me uma vontade imensa de sorrir, ao vê-lo todo assustado mas tive que conter o riso.
- Acredito que vosso pai não gostará se souber que o senhor está ajudando uma escrava.
- Quem disse que estou ajudando? Ele falava enquanto colhia as flores.
- Ela que está me ajudando. Pode ficar tranquilo que com meu pai eu me entendo.
Cássio despejava as palavras com fúria, era visível que ele não tinha gostado muito pela forma com que Valêncio se dirigiu a ele.
Continuamos a colher as flores.
- Podeis ir. Ou vai descer do cavalo para nus ajudar?
Os dois trocaram olhares furiosos, podia sentir a raiva que emanava de um para o outro. Valêncio deu meia volta com o cavalo e saiu.
- Rita!Rita! Rita! Ouvi Crispim gritando.
- Estou aqui, levantei o braço.
- Ande depressa os patrões acordaram.
Minha nossa. Mas já? Tão cedo? Nem havia terminado de colher as flores.
- Podes ir eu fico colhendo as flores. Você me ajuda Crispim? Ele perguntou.
Crispim balançou a cabeça animado.
- Melhor não senhorzinho porque este é o meu serviço, se o senhor vosso pai fica sabendo.....
- Não se preocupe. Ele colocou sua mão em meu ombro e aquele simples toque fez com que sentisse um leve tremor no meu corpo. - Podes ir tranquila nada de mal vai te acontecer.
Suas palavras fez com que eu me sentisse protegida como a tempos não sentia. Virei-me e corri em direção a casa, ainda sentindo sua mão sobre meu ombro.
- Ligeiro, Tome a bacia e vá. Disse Zilda que já estava com tudo pronto.
- Meus filhos já acordaram Rita? Sinhá Irene perguntou, assim que entrei no quarto.

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MORENA DE ANGOLA
RomansaMinha doce Rita, escrevo-lhe por que partirei em breve, depois do acontecido eles ficaram mais insistentes e querem me obrigar a casar com a prima Flor. Não se preocupe, não vou me casar com ela porque a única mulher que quero é você, não à outra q...