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Aurora Vallahar

A lua já começava a dar lugar para o sol, e eu continuava a me remexer na cama sem conseguir dormir. Havia sido uma longa noite com terríveis pesadelos, Sra. Bee abriu a porta do quarto e seguiu cama por cama a acordar cada menina daquele cômodo.

O orfanato em si não era tão ruim, eu ficava sempre no meu canto, reclusa e sozinha. As outras meninas não gostavam de mim e sempre que possível faziam maldades e me chamavam de estranha, eu nunca fui de me cortar nem nada disso. Só chorava imensamente com a cabeça afundada no travesseiro ou na casa de banho quando era minha vez, por falta dos meus pais, que morreram em um naufrágio em sua primeira viagem em um cruzeiro.

Eu tinha implorado para não irem, parecia que estava a sentir algo, mas como sempre eles não me deram ouvidos e agora cá estou eu. Sozinha em um orfanato onde me atormentam.

Sra. Bee mexe em minhas pernas cobertas pelo lençol indicando que eu devo levantar, pego um toalha e minha roupa e sigo para a casa de banho entrando logo para não ter que enfrentar fila. Faço minha higiene matinal e tomo um banho rápido, coloco uma saia preta até o joelho e um pouco mais comprida na parte de trás, um cropped preto escrito em prata "Monsters" e meu all star vermelho, seco meu cabelo e prendo ele em um pouco preso e um pouco solto. Saio da casa de banho e Aline, a "patricinha" do orfanato esbarra em meu ombro.

- Olha por onde anda estranha! Ou vai acabar matando mais alguém. - fala alto suficiente para suas comparsas que estão atrás dela rirem.

Respiro fundo e sigo para o quarto, arrumo minha cama e paro em frente o espelho, meu cabelo branco cai sobre o ombro em pequenas ondulações, meus olhos cor preto demonstram cansaço e fraqueza. Meus dias tem sido turbulentos.

A porta se abre e Aline entra, sua mini saia rosa está colada no corpo e ela usa uma regata florida com sapatilhas rosa, suas mãos pousam na cintura enquanto eu viro meu corpo para olha-la.

- Eu já estava de saída. - murmuro e sigo em direção a porta.

Ela se vira antes que eu chegue e tranca a mesma, sorri de lado, guarda as chaves no bolso e passeia pelo quarto indo de uma ponta à outra.

- Confesse. - ela pede.

- O quê ? - pergunto.

- Confesse que pegou meu rímel. - a olhei confusa.

O quê ?

- O quê ?

- Não se faça de tonta sua vadiazinha. - arregalo os olhos - Acha que eu não sei de pegou meu rímel ?

- Você por acaso me vê usando rímel, ou qualquer maquiagem ? - cuspo as palavras e ando em sua direção, ela recua dois passos e bate com as costas na parede.

- O que vai fazer ? - ela ri - Me matar ? Que nem matou seus pais! - dispara.

Me controlo, quando eu estou a centímetros dela apanho a chave do seu bolso.

- Se eu quisesse te matar, teria feito isso enquanto você ronca! - atiro e caminho em direção a porta, abrindo a mesma e indo para o refeitório deixando-a parada no canto do quarto.

Herdeira DráculaOnde histórias criam vida. Descubra agora