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Aurora Vallahar

Desci a escada degrau por degrau ainda não acreditando no que tinha acabado de acontecer.

Depois de tanto tempo será que o universo estaria sendo bom comigo ?

Cheguei ao pé da escada e fiquei olhando fixamente para o Sr. Doustin que conversava seriamente com a Sra. Bee, Klaus estava sendo excluído então quando me viu parada que nem uma vara pau ele veio na minha direção e pegou a mala.

Ele me guiou até um Jeep preto, me ajudou a subir e sentou-se junto comigo no banco de trás do carro enquanto colocava a mala no chão.

- Achei que fosse demorar mais. - uma voz rouca me fez arrepiar.

Um menino que estava sentado no banco do carona - o qual não tinha percebido a presença - se inclinou para trás e sua expressão se tornou surpresa ao me ver, depois ele olhou para Klaus em seguida para mim de novo.

Ele tinha os cabelos acinzentados e seus olhos eram da cor do mel, dava para ver que ele era musculoso através do tecido da camisa verde que usava. Seus traços eram fortes e ele me dava medo cada vez que dirigia seu olhar a mim.

- Sou Aurora, muito prazer. - falei quebrando o silêncio.

Parecia que apenas eu estava em silêncio porque Klaus e o menino se encaravam de uma tal forma que pareciam conversar entre pensamentos. Mas como sempre eu era a excluída.

- Jaden. - ele respondeu seco e virou para frente.

O Sr. Doustin entrou no carro e deu partida, enquanto ele acelerava eu olhei pela janela vendo o orfanato sumir de vista mediante aos meus olhos.

Agora era só eu.

Estava com medo dessa nova vida.

Pelo menos no orfanato eu sabia que estava segura e conhecia todos mas agora, não sei o que me aguarda.

- Não precisa ficar com medo. - murmurou Jaden lendo um livro distraidamente.

Franzi a testa, como ele sabia que eu estava com medo ? Olhei para Klaus que estava assustado, não, não sei dizer bem qual seria a palavra que descreveria a sua expressão.

Klaus se inclinou e deu um leve tapa em sua cabeça, ele pareceu voltar em si e me encarou.

- É um trecho do livro que eu estou lendo. - murmurou nervoso.

Assenti desconfiada e ele fechou o livro e começou a cantarolar uma música, eu a conhecia, as poucas vezes que as meninas conseguiam contrabandear um rádio para ouvirem as músicas elas ligavam em uma estação que passava a quase todo tempo essa música.

- Eu posso mergulhar até o fundo do mar
Eu posso encarar um vulcão com lava
Eu posso nadar entre tubarões
Mas do que adiantaria isso se você não me desse um beijo de bom dia
Nem um abraço de boa noite... - ele cantou um pedaço e Klaus riu.

- Que coisa gay.

- É, eu ouvi esses dias vindo do seu quarto. - retrucou.

Soltei uma leve risada e Klaus ficou sem graça, ele encostou firmemente no banco e passou a viagem a olhar para sua mão.

Enquanto eu alternava meus pensamentos em Jaden, o orfanato, meus pais e essa nova vida que me aguardava e como se eu sentisse lá no fundo que não seria uma boa idéia.

Eu deveria ter fugido enquanto dava tempo, pensei, e Jaden soltou uma risada sem vida.

Esse garoto realmente me dá medo.

Ele olhou para mim fixamente, minha vista ficou turva por um momento, Sr. Doustin tirou por segundos a atenção da estrada e olhou disfarçadamente para Jaden. Que virou novamente para frente e voltou a abrir seu livro.

Eu me perguntava o que tinha de tão interessante nesse livro, ou nesse garoto.

Herdeira DráculaOnde histórias criam vida. Descubra agora