Capítulo 04

100 39 123
                                    



"Se tudo que você consegue ver são números, eu vou lhe dar alguns para pensar: Você tem apenas uma vida, trinta mil e novecentos dias, caso chegue aos oitenta anos. E você está desperdiçando muito desse tempo se preocupando com a opinião dos outros."

Para ser bem sincero, eu sempre fui muito melhor escrevendo romances, do que tendo romances na vida real, manter relacionamentos é algo muito trabalhoso, e que depende de duas pessoas, que por mais que amem, jamais o fazem com a mesma intensidade. E eu sempre acabo por ser o mais intenso da relação, não por ingenuidade, mas porque acredito que se vou fazer algo, que seja bem feito, não vou me entregar pela metade a nada que realmente importe em minha vida, ou mesmo deixar que uma sociedade hipócrita, e demagógica diga o que posso fazer de meus dias. Em uma conta simples, se eu viver oitenta anos, terei então permanecido sobre a Terra por trinta mil e oitocentos dias, se descontar as horas que passo dormindo, ou ainda as procrastinando, eu tenho pouquíssimo tempo para me dedicar a coisas que realmente importam nessa vida. E nunca estive disposto a perder tempo com coisas inúteis, ou fingindo ser adepto a pensamentos ridículos, apenas para agradar a pessoas de mente estreita.

É claro que nesse percurso houve inúmeras dores, mais perdas do que eu gostaria de contabilizar, mas houve momentos de completos êxtases. E apesar de que nenhumas daquelas garotas eram a certa para a vida, foram as certas para aqueles momentos, jamais pensei que meu primeiro beijo poderia ter sido com outra garota, ou que qualquer outra experiência poderia ter sido diferente, creio que exista o tempo certo para cada coisa, e elas acontecem exatamente como deveriam, pelo menos na maior parte do tempo.

Naquela noite, tendo consciência que de alguma forma foi o meu primeiro encontro com Valentina, comecei a pensar em outras primeiras vezes de minha vida. Foi uma coisa no estilo Alberto, meu personagem. E a primeira lembrança amorosa que tive foi de meu primeiro beijo. Eu tinha acabado de completar treze anos, e todos os meus amigos se vangloriavam de já terem beijado as menininhas do colégio, mas não eu, porque realmente não o tinha feito, e porque era tímido demais para contar uma história inventada, tinha certeza que descobririam o engodo assim se saísse de minha boca. E por não querer mentir, apenas me falava quando o assunto era esse. Nenhuma de nossas coleguinhas de colégio se interessava por mim, e na verdade eu também não me interessava desta forma por elas, então a conta fechava, não exatamente com os benefícios que meus amigos diziam ter, mas fechavam. Foi quando uma nova garota chegou a nossa escola, que as coisas começaram a mudar, ela vinha de outro estado, nesse momento não me recordo de qual estado, mas é certo que fica na região nordeste do Brasil, mas o importante, é que a primeira coisa que chamou minha atenção nela, foi o seu sotaque, e isso foi o que chamou a atenção de nossos colegas de classe também, no meu caso me encantou, no deles serviu para tirarem sarro dela. O que me pareceu estranho, já que se fosse para comparar, ela seria a garota mais bonita da classe, com seus cabelos loiros encaracolados, e seu rosto pequeno, e bonito. Como eu parecia ser o único ali com mais de dois neurônios, logo ficamos amigos, e passamos a ir para o colégio juntos. E logo na boca de nossos imaturos amigos nos tornamos namorados, embora em minha cabeça esse ainda fosse um conceito que se formava sem muitos contornos. Demorou quase três meses para eu perguntar para ela se gostava de mim, ela disse que sim, e eu disse que também gostava dela, e que queria mesmo ser namorado dela, é claro que a garota disse que o pai a mataria se soubesse que estava namorando, então teria que ser escondido. Hoje pensando bem, acho ingênuo da parte dela pensar que eu falava sobre namoro sério, do tipo com pedido para os pais, o que eu diria ao pai dela, aos treze anos? Mal conseguia falar com meus próprios pais sobre assuntos sérios. Meu primeiro beijo com Marcela foi um selinho simples, que me fez sentir o maioral dos garotos de treze anos, e ganhar alguma moral com os colegas de colégio, afinal de uma tacada só eu tinha uma namorada, e tinha beijado, eu sei bem limitada a mente aos treze anos. Como consequência as brincadeiras maldosas com ela pararam, não sei ao certo se foi porque começaram a simpatizar com ela, ou porque já naquela idade eles compreenderam que é perigoso mexer com a namoradinha do cara que passa cola para você, no fim acho que foi um pouco dos dois. Sempre que podíamos nos aplicávamos na arte do beijo, e chegamos ao nível certo para chamar o que fazíamos de um beijo muito bom. Aquele foi sem duvida o relacionamento mais tranquilo que tive em minha vida, pois não havia qualquer tipo de cobrança entre nós, não ficávamos magoados se não nos víamos à tarde, não brigávamos se por acaso não passássemos o intervalo juntos. Apenas curtíamos os momentos que tínhamos juntos. Era o céu na terra, eu não sabia.

Relembrei a emoção da primeira vez que vi uma garota sem suas roupas, sem tocar, e a primeira vez que eu tirei suas roupas, e toquei, as sensações estavam adormecidas, mas existiam em mim. A primeira vez que disse que amava uma garota, e não era propriamente a verdade, e como me odiei por isso, e ainda mais quando ela disse que me amava também, e vi em seus olhos a verdade que faltava nos meus. Naquele momento prometi a mim mesmo que jamais repetiria esse erro, não prometeria a ninguém mais sentimentos que não pudesse entregar. E assim tenho feito desde então, sem arrependimentos.

Em todo esse tempo eu jamais tinha realmente acreditado em amor a primeira vista, o amor sempre foi algo que julguei precisar de tempo para nascer, mas então Valentina se apresentava, e o tempo que levou para despertar sentimentos em mim não passou de uma semana. Seria isso o famigerado amor a primeira vista? Mesmo hoje eu não sei com certeza, tudo que sei é que ela foi totalmente diferente em minha vida. Totalmente única para sempre!

***********************************************************************

E ai pessoal tudo bem com vocês??? O que estão achando??? Quais os rumos possíveis? Deixem suas opiniões nos comentários, quero muito ler.

Beijo de Outono [Completa]Onde histórias criam vida. Descubra agora