Capítulo 12

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"É irritante a forma como ignorando a razão, eu ainda sonho em ter o que me é negado"

Quando reencontrei o pequeno Henry, ele estava ajudando a decorar a uma parte do restaurante da pousada, com balões, fitas, como normalmente é feito para comemorar festas infantis. Ao me ver Valentina veio até mim, dando-me um beijo rápido.

- Decidimos comemorar o quinto aniversario do Henry – Ela disse naturalmente – Ainda faltam seis dias, mas ele acha que aqui é o lugar perfeito para uma festa.

- Legal, mas será que ele não sentirá falta dos amiguinhos?

- Ele disse que quer comemorar apenas conosco. Não é filho?

- Sim, mamãe – o garotinho tinha o sorriso mais lindo do mundo – Papai, você pode pegar no balcão da tia Mari, mais enfeites? Ela tem uma caixa enorme lá.

- Claro o que vocês precisam?

- Eu quero mais balão, e aquele foguete de isopor.

- Um pequeno astronauta.

- O vovô disse que você sonhava em ser astronauta quando crescesse. O foguete é para você papai.

- Você já falou com o vovô?

- Ai pai, você é mesmo engraçado viu – Ele deu risada – é claro né, ele é meu avô.

- Quando?

- Sempre, a gente almoça todo domingo na casa dele.

- A é claro, eu só tentando me lembrar de quando ele contou isso para você.

- Está tudo bem Nicholas? – Valentina perguntou fazendo cara de preocupada.

-Sim, foi apenas uma curiosidade. Eu vou buscar as coisas na recepção.

Fui a recepção pensando se haveria um universo paralelo, onde eu era casado com a Valentina, e tínhamos um filho tão lindo e fofo chamado Henry, e onde minha nova família ia almoçar na casa de meus pais aos domingos. Seria um mundo utópico como aquele que eu estava agora? Um fruto de minha imaginação. Peguei as coisas pedidas por Henry, e retornei para o restaurante.

- A decoração está linda – Eu entrei dizendo – Onde podemos colocar essas coisas?

-Vamos pendurar o foguete no teto. – Henry disse sem pensar – E os balões nós vamos espalhar por ai.

-No teto, meu anjinho, não acha que vai ficar muito alto?

- Pai, nós usamos uma escada.

- Qual escada?

- Aquela ali que você trouxe. E usamos o barbante.

- Tudo bem, você que manda, é o aniversariante afinal.

Organizamos tudo para a festa de cinco anos de Henry. Eu jamais teria pensando em participar da festa de cinco anos do meu filho, não há três dias, mas agora eu estava ali, dando os últimos retoques na decoração, antes de ele assoprar as velinhas. Aquele garotinho era mesmo a união de tudo que eu já tinha imaginado ao pensar em meu futuro filho, ele tinha um senso de humor muito bom, era inteligente, e sabia se comunicar com clareza. E o que eu mais gostava nele, era o fato de ele não ter a afetação tediosa que acompanha as crianças pequenas. Quando a festa começou é claro que apenas nós estávamos nela, não tínhamos um só convidado, mas ele estava incrivelmente feliz, falando dos presentes recebidos, e de como os amiguinhos iam ficar quando soubessem que ele tinha tido uma festa em Florianópolis. Seis dias antes do aniversario, e que ainda teria outra no dia. Quando ele me perguntou se podíamos ver outra festa em nossa casa, eu concordei, mesmo não sabendo onde era nossa casa, ele era meu filho, e se queria duas festas, então não iria negar isso a ele. Algum tempo depois ele disse que já estava bom, e que podíamos ir para nossos quartos. Fui ao quarto que Valentina dormiu anteriormente, e o ajudei a colocar seu pijama, e o coloquei na cama, e ele adormeceu ouvindo uma das histórias escolhidas por ele.

Beijo de Outono [Completa]Onde histórias criam vida. Descubra agora