Coração Italiano

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Eu me lembro de quando ele entrou na minha vida...

Era um típico dia de aula e eu estava no meu canto, ouvindo My Demons do Starset esperando a nossa professora de inglês chegar.

Olhei ao redor, meus colegas falavam coisas que não entendia e não queria entender. Eles eram legais, eu não. Eles tinham assuntos legais, eu não. Eles iam às festas, eu não. Eu era um perdedor. Eu era um sapo entre cisnes.

De repente, Tainara me pediu água. Eles só se lembravam de mim para pedir favores. Abaixei-me para pegar quando a professora adentrou a sala acompanhada por mais dois pares de pernas.

Levantei a cabeça e...

— Ai — havia batido a cabeça, esfregando a cabeça com uma mão, estendi a garrafa com a outra mão para Tainara e fixei os olhos nas pessoas que acabaram de chegar.

Um casal. Um rapaz de uns 25 anos e uma moça de uns 22 anos.

O rapaz era branquinho, vermelho no momento devido à tensão de estar diante de uma plateia. Tinha cabelos castanhos e uma pinta extremamente fofa ao lado dos lábios vermelhos. Trajava um short jeans branco e camisa cinza. A moça era asiática e morena. Trazia os cabelos em um rabo de cavalo e vestia blusa de frio vermelha e jeans. Um sorriso estava estampado em sua face.

— People, please, look at me¹ — Andréa não precisou repetir duas vezes, afinal, todos queriam saber quem eram os dois. — Esses — indicou o casal —, São Lorenzo e Lyn. Eles vieram fazer intercâmbio no Brasil. Vou deixar eles se apresentarem. Então pelo amor de Deus, prestem atenção no que eles vão falar e se não prestarem, perdem pontos e enfio o livro goela adentro de cada um que me fizer passar vergonha.

Ela voltou para eles com um sorriso ensaiado e lhes falou algo, eles assentiram e se apresentaram.

Lorenzo era da Itália. 27 anos. E segundo ele, estava ansioso para aprender sobre o país. Claro, a corrupção seria nosso primeiro módulo.

Lyn. 25 anos. Era da China e estava ansiosa para poder aprender mais coisas com a gente. Aprender o que? A fazer memes?

Então, Andréa falou que era a nossa vez de nos apresentar e dizer do que gostávamos.

Todos ficaram nervosos e poucos conseguiram concluir a apresentação sem se engasgar. Falei tranquilamente e isso atraiu a atenção de Lorenzo, que se encantou com a minha descrição e com meu jeito de falar o inglês e acabou me parabenizando.

Revirei os olhos e discretamente botei meu fone no ouvido. Andréa viu e me passou sermão. Então dividiu os grupos, meninos com Lorenzo e meninas com Lyn. Do que adiantaria? Ninguém falava inglês fluentemente e os estrangeiros também não iriam fazer tchaca tchaca bum e falar o português da noite para o dia.

Andréa me advertiu que se eu colocasse o fone de novo, ia ficar sem celular por duas semanas. Então lá ficamos nós meninos e meninas, embaraçados.

Lorenzo quebrou o silêncio dirigindo-se a mim:

— You are a writer, no?²

Tirei o fone para manter a educação que havia se esgotado e confirmei:

— Yes. I love read and write.³

— Good... I...⁴

Nunca soube o que ele queria me dizer porque Gabriel, o Coxinha, me interrompeu fazendo ao Lorenzo uma pergunta óbvia. Revirei os olhos.

— Do you like soccer?⁵

— Yes... I...⁶ — e ele começou a contar várias coisas sobre esportes que praticava na Itália.

Deixa Que A Gente ContaOnde histórias criam vida. Descubra agora