II

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Mas que estou eu para aqui a pensar, pode nem ser ele, afinal quantas pessoas existem com o mesmo nome, milhares. E quem quero eu enganar, nunca ouvi o nome H antes e seria muita coincidência no espaço de semanas conhecer duas pessoas com esse nome. Ou coincidência seria partilhar um quarto com a irmã do rapaz que me deu um trabalhão no futebol. Não foi tão fácil ganhar como pensei que seria, acho que o sobrestimei e até jogava bem. Quer dizer melhor do que eu esperava, porque até me conseguiu marcar três golos. Bem Carolina já chega de pensar nisso, chegando à praia vais saber se é ele ou não, e esperar para que o que se passou não interfira na relação com a Mia, não seria nada agradável dar-me mal com a minha colega de quarto logo no primeiro dia.

- Tens a certeza que sabes conduzir esta coisa?

- Absoluta, cresci com elas.

Sorrio e subo para cima da mota colocando o capacete na cabeça. A Mia vai-me indicando o caminho até à praia onde eles se costumam encontrar e quando chegamos o sol está quase a pôr-se e quando vejo o seu reflexo no mar percebo a razão que os leva a esperar por esta hora.

Ela despacha-se a descer da mota e com a prancha sob o braço pega na minha mão encaminhando-me para o areal onde se encontra um grupo de rapazes e raparigas. Quando me apercebo de uns olhos verdes conhecidos a olhar para mim, parece que não me enganei quando pensei que ele devia ser surfista. Quando tento desviar o olhar começa a aproximar-se de nós deixando para trás o resto do grupo.

- Parece que nos voltamos a encontrar.

- Pois parece que sim.

- Não te entusiasmes tanto.

- Desculpa é que não esperava voltar a ver-te a ti e ao teu amigo depois de, bem tu sabes depois de quê.

- Depois de teres dado uma abada ao H, podes dizê-lo. Já não é segredo para ninguém.

- Oh meu Deus foi ela que deu uma abada ao H no futebol? – diz Mia super admirada e confesso que começo a ficar ligeiramente incomodada com toda a atenção. Sobretudo depois de que esta afirmação fez suscitar o interesse o grupo que está agora a olhar na minha direção, incluindo o derrotado.

- Acredita que foi. E estava de vestido, imagina com roupa apropriada.

- Correu bem, foi só isso.

- Olhem quem é ela.

- H. – não consigo ser mais seca do que isto mas o olhar que ele tem está a deixar-me intimidada e pela primeira vez reparo na cor do seu cabelo que começa a brilhar com o sol a bater ligeiramente por trás. É de um castanho claro, quase loiro mas há qualquer coisa que o faz parecer selvagem e sexy. Credo selvagem e sexy, de onde é que isto saiu!

- Como é que vieste aqui parar princesa? – diz ele num tom mais trocista que pode existir.

- Carolina, ela chama-se Carolina. E é minha colega de quarto, portanto vai acabar por se tornar minha amiga. Não quero que te metas em filmes H.

- Tudo que a minha maninha quiser. Vamos?

- Até já.

- Até já. Diverte-te! – grito a Mia e ela sorri para mim enquanto se afasta juntamente com os outros, mas há ainda uma prancha espetada na areia e quando vejo que o César ainda cá está não resisto em falar com ele.

- Não vais?

- Estava a perguntar-me a mesma coisa sobre ti.

- Oh não, eu nunca pratiquei surf.

- Então vieste só ver.

- Pois dizem que também é calmoso observar.

- E disseram-te bem. Então até já Carolina.

Amor VagabundoOnde histórias criam vida. Descubra agora