Acordo como habitualmente às seis da manhã para fazer um treino antes das aulas, hoje vai ser apenas um treino físico pois já tenho treino de futebol à tarde. Vou fazer as provas para entrar na equipa feminina da universidade. Sei que provavelmente não me vai ser facilitada a entrada e que a concorrência deve ser muita mas tenho de conseguir. É o meu sonho e o meu objetivo, claro que não quero ser jogadora de futebol profissional mas poder entrar para a equipa durante os anos universitários seria um grande triunfo pra mim.
Evito fazer barulho ao sair do quarto para não acordar a Mia que se farta de dar voltas na cama, a sério nunca vi uma pessoa mexer-se tanto durante o sono, os lençóis estão completamente desfeitos e espalhados por todo o lado menos pelo corpo dela que é onde deviam estar. Saio e deparo-me com um corredor vazio, aparentemente os estudantes universitários acordam todos na hora das aulas. Alegro-me por poder usufruir de uma pista de corrida vazia, aperto o casaco de desporto porque convenhamos que ainda é cedo demais para que estar de top e o sol ainda está a nascer para poder aquecer-me. Começo a minha corrida calma e controlada de 30 minutos e quando estou na minha segunda volta deixo de estar sozinha e estou agora a ser acompanhada pelo César que definitivamente não sente o mesmo frio matinal que eu, pois só se encontra com uma t-shirt sem mangas azul escura que deixa bem vistosos os seus bíceps perfeitamente delineados.
- Bom dia. – diz-me com um sorriso rasgado.
- Bom dia. – tento retribuir o sorriso mas tenho de admitir que flertar nunca foi o meu forte, aliás nem me lembro de alguma vez o ter feito.
- É raro encontrar aqui alguém a treinar a esta hora.
- Pois eu tenho o hábito de o fazer e não conseguia passar o dia sem ele.
- É bom poder ter companhia então. Isto se não te importares claro.
- Não me posso importar, isto é público.
- Sim mas podia correr afastado de ti ou junto contigo.
- Vai ser bom ter alguém com quem treinar, geralmente faço-o com o meu pai.
- Então estás em que área?
- Desporto. – não tenciono continuar uma conversa quando estamos em plena aceleração rítmica e falar só desperdiçaria mais fôlego e energia. Sorrio na esperança que ele entenda que não quero ser rude, apenas continuar o que aqui vim fazer. Já corri o tempo estipulado e agora é hora de fazer alguns alongamentos.
- Já vais acabar?
- De correr sim. Vou passar aos alongamentos e abdominais.
- Abdominais?
- Só costumas vir correr?
- Geralmente faço uma pequena corrida só para me manter em forma.
- Pois mas no fim da corrida é aconselhável alongar.
- E os abdominais?
- Isso é por prazer. – ele ri-se e dou por mim a rir também, parece que nos damos bem e é bom poder fazer amizades quando estou longe de casa.
Depois de uns alongamentos às pernas e à coluna deito-me agora na relva para fazer uns abdominais. Tinha intenção de o fazer quando sinto a mão do César na minha perna, tremo com a sensação e o susto, não que tenha medo dele mas não estava à espera que me tocasse.
Levanto a cabeça para olhar para ele e com um sorriso travesso senta-se ao meu lado.
- O que foi?
- Só queria saber se queres que te segure os pés ou a cabeça.
- Bem eu estou habituada a fazer sozinha.
Tem agora a mão pousada sobre o meu joelho que está dobrado.
- Por isso o teu treino está a demorar tanto hoje! – o meu dia estava a começar tão bem porquê que este imbecil tinha de aparecer quando ainda nem são oito da manhã e o meu cérebro não está preparado para suportar o seu tom satírico.
- Não costumas acordar tão cedo H.
- Pois mas senti a tua falta no quarto. Mas olhando para o que te prendeu aqui eu entendo. – diz isto enquanto percorre o meu corpo todo com uns olhos repletos de escárnio. Volto a fechar o casaco e levanto-me furiosa.
- Vemo-nos por aí César! – passo pelo irmão da minha colega de quarto lançando-lhe um olhar travesso que o faz desfazer-se em sorrisos que não entendo a natureza.
- Até logo.
- Até depois para ti também Carolina. – ainda se acha cheio de graça a tratar-me como se eu fosse o seu novo plano de chacota. Não me viro para olhar para ele, ouço ainda ao passo que me afasto que ele se continua a rir. De mim.
Entro no quarto e atiro o meu casaco para cima da cama furiosa, quem ele pensa que é para me tratar assim, não foi por me ter defendido ontem que pode falar comigo como lhe apetece. Começo a andar de um lado para o outro no quarto apertado e é então que me apercebo dos intensos olhos escuros que estão pousados em mim acompanhados de um sorriso agradável.
- Desculpa, não vi que estavas aí.
- Isso vi eu, porquê que achas que me estou a rir.
Sento-me agora na cama derrotada e exausta. Não foi o treino que me cansou mas o pequeno confronto com o irmão dela. Bufo e deixo cair os ombros sentindo um peso sair de cima de mim.
- O que se passou? Acordei e já não estavas aqui.
- Saí cedo para treinar.
- E aconteceu alguma coisa? O Joel apareceu? Não me digas que nada atras de ti agora.
- O quê? Não! Não foi nada disso. Eu estava a treinar, o César apareceu, treinamos juntos e estava tudo a correr bem até que o teu irmão apareceu.
- O meu irmão apareceu no campo de futebol?
- Sim. Porquê que dizes isso como se fosse muito estranho.
- Porque é. Mesmo estranho, ele aparece apenas nos jogos de futebol e nos treinos. Nunca o vi fazer exercício nesta universidade sem ser nesses dois contextos.
- Eu não sei se ele foi treinar, só digo que apareceu, e começou a gozar comigo, não sei o prazer que lhe pode dar.
- Não sabes mesmo?
Ela continua a sorrir pra mim como se as perguntas que me está a fazer fossem de resposta óbvia. Sinto-me uma espécie de cobaia encurralada nestas quatro paredes.
- Devia saber?
- Deste-lhe uma abada e ainda nem se conheciam. Tu não imaginas como ele ficou lixado. Só sei que pensava que não te voltava a ver e aqui estás tu a partilhar quarto com a irmã dele. O sarcasmo que ele usa contigo é só a maneira de ele lidar com isso, não leves muito a peito, ele não o faz por mal.
- Meu deus foi só um jogo de futebol e foi porque ele começou a provocar.
- Não ligues, o H é mesmo assim e tenho a certeza que não o faz por mal. E ate sei porque o continua a fazer.
- E seria porquê?
- Já viste o teu estado quando estás irritada? Eu não me paro de rir só de imaginar como chegaste aqui, imagina ele. Tens de o ignorar que ele pára.
Tenho de o ignorar. Por mim tudo bem, não há nada que me vá dar mais prazer do que ignorar um rapaz presunçoso que não suporto. E a Mia conhece-o melhor que eu, se ela diz que vai resultar é porque vai. Está decidido a partir de hoje vou ignorar qualquer comentário trocista que o H possa fazer em relação a mim. Mais vou ignorá-lo completamente!
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Amor Vagabundo
Teen FictionContinuação de Eterno Amor: https://www.wattpad.com/story/77473207-eterno-amor Duas histórias distintas, em Eterno Amor falo sobre Colin e Francesca, em Amor Vagabundo falo sobre Carolina, a leitura de uma das obras não depende da leitur...