VIII

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Apesar de desejar sair com o César desde que o conheceu naquele parque Carolina não deixa de estar nervosa e pensar se o que está prestes a fazer é o mais correto. Enquanto anda de um lado para o outro no quarto as palavras da tia Gina ecoam no seu pensamento. "Tens de lhe mostrar que ele não mexeu contigo." "Tens de lhe mostrar que não se brinca assim contigo." "Tens de lhe mostrar que consegues ter o rapaz que quiseres." Enquanto o que a tia lhe disse era muito encorajador o facto de nunca ter estado com rapaz nenhum não facilitava esta mudança. O plano era sair com o César hoje, mas depois disso tinha de encontrar novos "pretendentes" e disso ela já não estava tão certa. A única certeza é que gostava de estar com o César mas sabia que nunca iria ter uma relação com ele, não é apenas o facto de ele não querer relações, mas ela também não estava preparada para isso. Pelo menos não com ele.

- Uoh onde vais assim vestida?

- Sair com o César.

A Mia não sabia se estava mais admirada pelo facto de ela sair com o César ou se estava admirada com a roupa que ela tinha vestido. Estava com uns jeans skinny e uma camisola que não se parecia muito com a rapariga que tem partilhado o quarto com ela, conseguia literalmente ver as costas todas, não era vulgar mas era sexy, e sexy foi uma coisa que ainda não a tinha visto usar.

- Achas que estou demasiado putéfia?

- Que disparate nem te vejo as pernas. Quer dizer estás sexy mas não estás putéfia.

- Estou nervosa.

- E devias o César é um ás na matéria de encontros e se te convidou com certeza tem outros planos para o fim da noite.

- Que planos?

- Bem tu sabes, beijar, curtir e eventualmente acabares na cama dele.

- Pois isso não vai acontecer.

- A cama imagino que não tendo em conta que és, bem que és virgem. Mas e o resto?

- Não pensei muito nisso.

Ela sabia que estava a mentir mas a verdade é que embora tivesse surgido essa ideia na sua cabeça ela não pensou se o faria ou não. Pensar em beijá-lo era uma coisa, fazê-lo era uma diferente e tendo em conta que teve o primeiro beijo dela há umas vinte e quatro horas não sabia se estava preparada para ter outro, com um rapaz diferente.

Enquanto isso, H estava em casa aborrecido sem saber o motivo, a verdade é que estava desejoso por bater em alguém e geralmente quando esse sentimento surgia ele conseguia. Não precisava de muito na verdade, bastava sair provocar alguém e acabar à pancada. O problema hoje era o motivo de tanta raiva. Não podia deixar de pensar que a culpa de a miúda que tem ocupado os seus pensamentos nas últimas semanas fosse sair com o seu melhor amigo, tinha decidido não lhe contar o que se tinha passado na festa porque se lhe dissesse que a tinha beijado César deixava de avançar mas a Carolina parece verdadeiramente interessada nele e tendo em conta que o odeia não se pode meter entre os dois. Portanto cá está ele fechado no quarto para evitar ver o sorriso triunfante do amigo quando sair para ir buscar a miúda dos seus sonhos.

V. Carolina

Olho para o relógio e o César já devia ter chegado à uns quinze minutos, talvez tenha mudado de ideias e já não queira sair comigo, pensamentos inundam-me a mente quando se ouve duas batidas na porta e rezo para que seja ele e não o seu estúpido amigo para me atirar à cara que ele não vem.

Abro e cá estão eles, aqueles olhos verdes que devo confessar me estão a deixar incomodada com a forma como me percorrem o corpo.

- Estás... estás linda.

- Obrigada.

- Vamos?

- Quando quiseres.

Estamos a jantar num restaurante simples e apropriado diria eu. Nunca pensei que me levasse a um sítio romântico e fico agradecida por não o ter feito, sei que a Mia espera que haja um beijo entre nós mas gostava de pensar que podemos ser bons amigos. Não sei porquê mas a conversa tem girado em torno do amigo dele, o H e não sei como nem quando é que começamos a falar dele mas a verdade é que não havia tema nem conversa a fluir entre nós até que o César me disse:

- Ele não é sempre um parvalhão sabes.

- Pois comigo é. Quer dizer de quem estás tu a falar?

- Sabes bem de quem falo, acabaste de assumir que era dele porque no fundo sabes que é dele.

- Pois ele é um parvalhão mesmo.

- Às vezes. Mas acho que contigo é diferente.

- Tens razão, comigo é duplamente parvalhão.

- Não é esse diferente. Ele é o meu melhor amigo, eu conheço-o e ele não sabe como lidar contigo.

- Pois talvez se não fosse um otário não fosse difícil lidar comigo.

- É por seres assim mesmo que ele não sabe como lidar contigo. Está habituado a que as raparigas lhe caiam aos pés, e tu com esse teu feitio deste-lhe uma abada no futebol que o deixou intrigado.

- Intrigado?

- Sim, bem talvez não intrigado, não sei que palavra usar mas ficaste marcada.

- Ok, não sei se o que estás a dizer é bom ou mau. Aliás nem sei porque me estás a falar dele.

- Porque ele ficou fulo quando te convidei pra sair.

- Isso é problema dele. E se queres continuar a falar dele vou embora, não há nada que possas dizer que me faça gostar dele.

- Entendido calma. Fala-me de ti agora.

Amor VagabundoOnde histórias criam vida. Descubra agora