Uma curva na estrada

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Sábado, 11/07/16
Flórida - Miami beach, aproximadamente 14:30 da tarde.

"Olá, me chamo Jhuly, não sei exatamente o que falar sobre mim, mas preciso conversar com alguém e estou sem sinal, então vai você mesmo.
Normalmente as pessoas dão nomes a diários, certo? Pensei num nome pra ti, Will, é sei que é um nome masculino, mas ninguém nunca me disse que só porque o diário é de uma garota ele não pode ter nome de garoto.
Esse nome meio que me persegue, eu simplesmente o amo, porém nunca conheci nenhum garoto com esse nome.
Mas enfim, já que é a primeira(e talvez última)vez que escrevo aqui vou me apresentar.
Como já disse me chamo Jhuly Lavish, tenho 18 anos e estou neste exato momento na Flórida curtindo minhas férias.
Viajar é o que me faz mais feliz e boa parte da minha vida eu passei assim: Viajando.
Desde muito pequena eu tinha esse desejo de sair da pequena cidade na qual eu moro lá na Geórgia e quando eu finalmente o fiz foi muito, muito bom, porém em pouco tempo eu sentia uma vontade imensa de voltar. Era quase como se uma força invisível estivesse me empurrando de volta pra casa, e eu voltei.
Mas viajei de novo, para vários lugares, várias vezes, só que eu sempre voltava.
O máximo que consegui ficar longe de minha casa foram 2 mínimos meses, eu nunca voltava por saudades de ninguém, até porque eu nunca tive muitos amigos, tenho no máximo três, fora meus pais.
Mas não sou tão sentimental a ponto de "morrer" de saudades deles. Eu também não voltava por me sentir mais confortável e segura em casa... Não era por nada disso, eu nunca soube explicar, mas é sempre assim quando eu viajo, eu volto rapidamente, pois lá é meu lugar."

Jhuly larga seu diário sobre a cômoda e corre para atender seu celular que tocava em alto e bom som a música "crazy in love".

A três dias começou a chover na Flórida, um verdadeiro vendável, Jhuly chegou a no máximo uma semana e ainda faltam mais duas semanas para o início de suas aulas na Georgia State University em Atlanta começarem, mas infelizmente ela já terá de voltar para casa pois vai ser impossível ficar com toda essa chuva que não tem previsão para acabar, só tem previsão para pausa e essa pausa, segundo a TV acontecerá amanhã 11 da manhã e ficará por 6 horas, tempo suficiente para Jhuly pegar a estrada.

O som de Beyoncé continua tocando no celular da garota e a esperança de que fosse Criss quem estivesse a ligando, uma amiga que ela não vê a tempos faz a mesma arder de ansiedade.
Ela pula por cima de sua mala e desastrada como sempre quase tropeça, porém alcança o celular a tempo de atender e... Ouvi a voz da secretária eletrônica a oferecendo produtos para comprar.

- Eu já sabia que ninguém me ligaria mesmo - Ela murmura, cabisbaixa por ter se iludido atoa.

Algumas horas mais tarde Jhuly decide se deitar e tentar dormir já que não havia nada mais para fazer ali por conta da chuva, seu passatempo preferido: Ir a praia, estava fora de cogitação, fazer qualquer outra atividade também não estava dando certo, pois, na noite passada, Jhuly teve um estranho sonho com as tão temidas penas negras, ela então não consegue mais se concentrar em nada sem que as penas venham a sua cabeça.
Jhuly rola na cama olhando para todos os cantos do hotel e em sua falha tentativa de tirar a imagem das muitas penas vindo em sua direção ela acaba avistando seu diário, isto é o suficiente para faze-la pensar no outro único assunto que a faz esquecer das penas.
"Não entendo porque a Criss me presenteou com ele." - Pensa ela, sempre que olha para o diário.

Sua melhor amiga foi embora a alguns meses atrás, ela encontrou "O amor da vida dela" e se mudou para o Brasil, vai se casar em breve e Jhuly está muito ansiosa pra ir a esse casamento e encontra-la.
Desde que ela viajou ambas se falam bem pouco, Criss está muito ocupada tentando arrumar um emprego e Jhuly estava muito ocupada tentando achar uma vaga na universidade.
Antes de ir Criss presenteou Jhuly com o Will, seu diário, a mesma o leva para todos os lugares mas nunca tinha o usado.
Porém hoje, sentindo-se solitária e presa pela chuva ela se lembrou do que Criss havia a dito: "Faça com que esse diário seja sua nova melhor amiga, eu ainda vou estar aqui para o que você precisar, mas vão haver momentos em que você vai precisar desabafar com alguém e, acredite, escrever vai ser a melhor forma de fazer isso".
Hoje ela resolveu obedecer-la.

********
Jhuly acorda com o som do despertador, já eram 12 horas do dia e ela tinha que correr se quisesse pegar a estrada logo antes que a chuva voltasse, depois de se arrumar e terminar de arrumar a sua mala ela sai, sem nem mesmo comer alguma coisa e pega seu carro que estava a sua espera na garagem do hotel.

*********
Jhuly estava dentro do carro, instantes antes recebera uma mensagem desconhecida que lhe causara um aperto no peito. A mensagem não era clara, tampouco dizia algo concreto e com nexo.
Seus olhos estavam vidrados no volante. Estava perdida em seus pensamentos, estava ansiada e com saudade de casa, então fez o que seu coração mandou: Ligou o motor.
Minutos depois ela estava na interestadual, a caminho de Atlanta.
Sua mente vagava pelo espaço, pelo mundo. Imagens de sua família, amigos, não paravam de vir à sua cabeça. Ela nunca fora de sentir algo assim, e porquê agora? Será que estava ficando louca? Paranóica?
Seu celular vibrou, Jhuly não pensou duas vezes antes de olhar para o banco e remexer em sua bolsa a procura dele. Quando o achou e abriu a mensagem tentou decifrar as palavras como se estivessem escritas em outra língua.
"Não podemos mudar o destino, Perdoe-me"
Mas que diabos...
Quando ela voltou a olhar pelo parabrisas um frio percorreu sua espinha. Havia um caminhão a poucos instantes de se chocar contra o seu carro. Ela sentiu uma lágrima rolar por sua bochecha. Então tudo ficou preto à sua volta.

Penas de OutonoOnde histórias criam vida. Descubra agora