Passado Sombrio

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Era estranho só de pensar, Will, o nome dos sonhos de Jhuly...
Desde pequena Will sempre foi aquele nome que Jhuly achava lindo.
Will era o nome de um dos primeiros bichinhos de pelúcia que ela ganhou quando criança, era o nome do coelho que ela adotou durante a adolescência, é o nome do seu diário e, é também, o nome do homem mais bonito e misterioso que ela havia conhecido até então.

E ele estava ali agora, parado a sua frente, observando todas as suas feições, analisando a sua reação como se já soubesse que a descoberta de seu nome causaria certo impacto nela.

- Will... - Ela diz o nome dele, tentando assimilar aquela palavra a sua imagem.
Combinava, sim, ele tinha cara de Will. Era lindo e misterioso como o nome. Jhuly não consegue conter o sorriso, finalmente havia conhecido alguém com aquele nome.

- Jhuly... - E ele sorri, um sorriso lindo que reflete o dela. Era um momento bonito aquele, ambos sorrindo um para o outro, um sorriso bobo, inocente, como se estivessem se conhecendo agora, em circunstâncias muito mais normais do que a que eles de fato se conheceram. - Esse sorriso, esse olhar e o espanto quase nítido... Porque meu nome lhe desperta todos esses sentimentos?

- Não é o nome - Jhuly abaixa a cabeça já corando enquanto morde os lábios de leve, ainda com aquele sorriso pretensioso no rosto - É o significado que ele trás.

- Então me conte, qual o significado que ele trás?

- Bom, Will, pelo acaso do acaso é simplesmente o nome que me segue, o nome que... Não sei, é um nome do qual eu gosto muito.

- Saiba, Jhuly, nada em sua vida é por acaso. - Ele diz isso ao mesmo tempo em que se aproxima um pouco mais da garota e tira de seu rosto um fio de cabelo, um gesto simples, calmo, singelo que causa imensos arrepios pelo corpo de Jhuly e a faz morder os lábios novamente - Precisamos ir.

E eles vão, da mesma forma em que surgiu, a gruta desaparece. Rápido e sem deixar vestígios. Logo eles estão novamente na floresta escura, porém Jhuly não tem mais medo, agora ela estava com Will e tudo nele, tudo que vinha dele a fazia crer cada vez mais que ele podia a proteger, que ele estava ali somente para isso.

Eles seguem para casa, se é que Jhuly podia chamar assim aquele lugar.
Chegando lá, Jhuly pode visualizar bem o local a onde ela se metera.
Era de verdade uma mansão, imensa, porém, antiga.
Por fora era possível ver várias janelas, inclusive, a janela e a varanda por onde ela fugiu.
Will abre a porta, ela range como se estivesse anunciando a chegada dos dois e Callie aparece.

- Não me diz que aconteceu o que eu estou pensando... - Callie parecia brava, Jhully ao ouvir seu tom de voz deu logo um passo para trás, escondendo-se atrás de Will.

- Callie... - Will Suspira, não parecia estar com muita paciência para ouvir Callie.

- Jhully tua teimosia é irrelevante - Diz ela olhando para garota, seus olhos praticamente a perfuravam e Jhully podia jurar que viu faíscas saindo dele - Você não sabe o que está acontecendo, está assustada, eu entendo, mas isso não diz respeito só a você! Acredito que você já tenha percebido que está sob nosso controle, então obedeça! Isso é o mínimo que você tem que fazer.

- Desculpa é que...

- Desculpas não bastam! - Callie a segurou pelo braço, já a levando para dentro, a segurou com força e doeu, Jhuly entrou em desespero, ela não os conhecia mas já não acreditava mais que eles quisessem a fazer mal, portanto, não estava preparada e nem esperava por aquela situação.

- Me solta!

- Não!

- Chega! - Esbravejou Will se metendo na briga - Callie solta ela agora.

- Will se você não vai ensinar a ela como se comportar eu ensino, você sabe muito bem que poderíamos deixar ela sozinha, mas não, você vem e ainda me chama, eu aceitei mas não vou me sujeitar a correr perigo por causa de ninguém. - Callie fala aos berros, apesar da raiva seu maior sentimento parecida ser na verdade o medo. Mas Jhuly não entendia, não havia sido ela quem quase foi pega por uma espécie de demônio? Por que Callie quem corria perigo?

Enquato se perdia em seus pensamentos um estrondo se ouve, era Will, ele estava revoltado, deu um murro na parece e quebrou uma pequena parte da mesma.
Como era possível? Como era possível não ter nenhum ferimento em sua mão?

- Você sabe muito bem que se deixássemos ela sozinha ela não teria chances!

- Me diz, porque se importa tanto com ela?

Ele não responde, tira Jhuly de perto de Callie e como se a mesma fosse uma boneca ele a leva para dentro e a guia pela casa. Jhuly que até então estava assustada e permanecia calada, se soltou de Will.
Ela parou em frente à escada que a levaria para seu quarto, subiu alguns degraus e encarou os dois.

- Se vocês não me explicarem agora o que está acontecendo eu... Eu quebro isso.

Disse isso e em seguida tirou do bolso de seu vestido um frasco minúsculo preso por uma corrente.

Talvez seja difícil de entender, mas Jhuly é inteligente ao extremo, ela nunca gostou de se sentir encurralada ou de não entender nada de qualquer que fosse o assunto ou a situação, e ela sempre dava um jeito de reverter isso e se livrar de seus problemas.
Nesse caso não foi diferente, ela estava num lugar desconhecido, com pessoas desconhecidas, onde ela nada conhecia e nada entendia, mas ela usou isso a seu favor.

Enquanto voltava para casa com Will ela pôde observar a corrente com o vidrinho pendurada em sua calça, provavelmente havia caído em algum momento, ela se arriscou e o pegou sem que ele percebesse.
De início Jhuly acreditou que aquilo jamais daria certo, ele não era um humano qualquer, poderia senti-la roubando seu colar fácil, fácil mas isso não aconteceu.
Tinha também a chance de aquele colar não ser importante e eles não ligarem para a ameaça dela, mas pela cara que eles fizeram aquele colar era valioso, muito valioso.

-Jhuly...- Will indagava seu nome com a voz rouca, mas em seu rosto era visível o pavor que sentia.

-Ah façam-me o favor, eu tenho mais de cem anos e não vou ficar aqui esperando essa criança mimada prosseguir com as suas birras. - Callie demonstrou certo nojo em suas palavras que surpreendeu até mesmo Will.
E antes que qualquer um deles pudessem mexer um músculo sequer, Callie aproximou-se de Jhuly em uma velocidade extraordinária e ao mesmo tempo assustadora que até mesmo Will, que já a vira mover-se desta forma imensas vezes ficou boquiaberto.
Callie encostou de leve na testa de Jhuly com seus dedos indicadores fazendo-a no mesmo instante adormecer e ir de encontro ao chão.

-Mas que merda Callie! Qual é o seu problema? - E por uma fração de segundos após cuspir as palavras tão alto quando jamais achou que poderia, Will pensou ter visto os olhos de sua amiga brilharem enquanto em seus rosto uma expressão de dor sumia tão rápido quanto aparecera.

-Você nos colocou nesta situação Will, no momento em que decidiu intervir no destino de uma mundana qualquer. - O desgosto era visível em sua voz, Callie aproximou-se de Jhuly desacordada do chão e pegou a corrente com o frasco brilhante de sua mão, então saiu da sala com seus sapatos de salto estalando no piso antigo.

Will observou-a se afastar enquanto aproximava-se de Jhuly, após fita-la por alguns instante o garoto passa um braço por baixo de seu pescoço e o outro por trás de suas pernas à erguendo em seus braços pouco vantajosos mas de uma força incrível. Will sentiu como se carregara nos braços uma simples pena.
Ele não se preocupou, ele mesmo já havia usado essa habilidade muitas vezes, após uma ou duas horas Jhuly acordaria e não se lembraria de nada que havia acontecido na última meia hora, não lembraria de nada do que havia acontecido desde que eles voltaram a mansão, sim, era um pouco cruel, alguém roubar algo tão precioso e que não lhe pertencia, as lembranças, mas algumas vezes, esse simples ato pode salvar as pessoas de seus terrores interiores... Will pensou consigo mesmo, enquanto uma lágrima escorria por sua face.

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Olá pessoas! Desculpa o atraso no envio dos capítulos, estamos com um pouco de dificuldade para acessar a internet, mas não se preocupem, estamos fazendo de tudo para melhorar isso! Beijos de luz e boa leitura.

Penas de OutonoOnde histórias criam vida. Descubra agora