Capítulo 6

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Stella

Me sentia completamente enfastiada. A jornalista falava sobre algo na TV que eu não conseguia acompanhar. Meus olhos se enchiam e se despejavam sem ao menos eu poder controlar e um soluço escapava a cada cinco segundos de meus lábios. Desliguei o celular quando ouvi a voz de Andrew confirmar que estaria ali a qualquer momento. Aquilo me confortou mas não foi o suficiente para restringir as lágrimas que brotavam com insistência. Eu precisava logo dele ali, ainda que isso pudesse parecer estranho, eu sentia que era de Andrew que eu precisava.

Desliguei a TV que não estava a me ajudar em nada apenas disparando notícias de desastres causados pela chuva que caía por toda a cidade naquele momento. Coloquei meus fones e fechei os olhos ouvindo o som da doce voz de Chris Martin cantar Yellow para mim.

Naquele instante, cada nota me fazia recordar como eu costumava ser feliz ao ouvi-la. Cada ensaio para o espetáculo, cada dia que se aproximava e eu nunca poderia ter imaginado que aquele dia se tornaria o pior de toda a minha vida. Scott havia escolhido a melodia, era algo nosso, era nossa conexão e agora eu chorava em desespero por nunca ter pedido para me sentir assim, por nunca ter me preparado para passar por esse caminho. Sentia a força contrária à minha vontade de superar me tomar por completo a cada dia. Cassadee se esforçava mas era incontestável que ela não sabia nem por onde começar a me fazer sorrir outra vez. Meus pais faziam isso de forma errônea, me mimando e dizendo que me pagariam um dia de compras no shopping, mas eu os entendia. Dificilmente saberia lidar com alguém nessa situação, como naquele ápice eu não sabia.

Ouvi a campainha me desfazendo dos pensamentos e sendo pega de surpresa. Levantei preguiçosa e enxuguei meus olhos tentando disfarçar o impossível de ser disfarçado. Suspirei brevemente e abri a porta encontrando um homem alto, ofegante, levemente encharcado que ria negando com a cabeça mas ao mesmo tempo me olhava com preocupação. Pude notar isso quando me peguei perdida em seus belíssimos olhos verdes.

— Posso entrar? — Andrew soava cansado e sua camisa cinza de mangas longas pingava algumas gotas no tapete da entrada.

— Claro...— abaixei meu olhar para não parecer descarada demais ao observar seu corpo e dei passagem quando ele adentrou minha casa e seu cheiro de homem limpo e rico também.

— Vim o mais rápido que pude, dá pra notar que você está... Abalada. — ele me olhou de cima a baixo e algo picante e quente acertou meu peito ao sentir aquele olhar que parecia enxergar minha alma.

— Eu... — suspirei pois não me sentia exatamente à vontade, ainda mais com um homem tão bonito assim. — Só queria muito, você aqui. — ergui o olhar por baixo dos cílios e senti que algo ali queimava em seus olhos. 

Andrew me olhava de forma intensa e ostensiva. O encarei e arfei sentindo toda a minha pele queimar, sem poder decifrar se era por conta da vergonha ou qualquer outra coisa relacionada àquela tensão que crescia entre nós.

— Bom, eu estou aqui. — ele abriu os braços e olhou sua roupa que naquele momento já havia molhado todo o tapete de minha sala. — Molhado, mas aqui. — ele deu um sorriso torto que me atingiu bem na virilha. Uau.

Mordi meu lábio timidamente e andei receosa até onde ele se encontrava parado de braços abertos. Envolvi sua silhueta forte e grande, senti a água fria de seu tecido tocar meu rosto quente e aquilo emitiu um choque em toda a minha pele. Suas mãos frias tocaram minhas costas me fazendo estremecer e logo lágrimas quentes se misturaram às minhas bochechas que estavam na mesma temperatura. Era uma sensação de deleite misturada à dor. Andrew se mantinha em silêncio, como se entendesse perfeitamente o momento de respeitar minha angústia. Senti suas fortes mãos percorrerem minhas costas e ainda que fosse íntimo eu não me importava, pois seu peitoral era macio e convidativo, tanto que me peguei pressionando meu nariz sobre o mesmo para disfarçar meu choro.

Doce AtraçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora