Doce Atração

Capítulo 23

Andrew

Uma grande utopia. Era o que eu vinha vivendo a cada segundo da minha vida, ao lado de Stella Mitchell. Para a cobertura do bolo, eu ainda tinha dias melhores com Elvis, que antes me via como um completo estranho. Faziam dois dias que ele havia me chamado para contar uma história e fazê-lo dormir, dizendo ao final que amava o papai. Embora eu sentisse uma grande necessidade de tê-lo o tempo todo comigo, assim como sentia por Stella, sua avó me ligava a cada dia, dizendo que sentia saudade do garoto.

O que eu faria? Não seria o mau pai, nem ingrato. Por todos os anos que não tive condições emocionais, nem preparo, ela assumiu o papel de pai e mãe de Elvis, e eu seria eternamente grato por isso.

— Vou precisar deixar ele na casa da avó — observei um Elvis sonolento no banco de trás.

— Ela deve sentir falta dele o tempo todo. Ele é tão adorável... — notei o sorriso de Stella enquanto observava o mundo pela janela do carro.

— É bom saber que as minhas duas pessoas se gostam.

— Suas duas pessoas? — seu olhar se voltou para mim — Quanta pretensão senhor Lewis.

Sorri e balancei a cabeça em negação. Ela realmente gostava de tirar sarro das minhas frases. Mas eu não podia evitar ser tão possessivo.

— Papai? — ouvi a voz doce de meu filho

— Sim? — tentei revezar minha atenção entre o trânsito e ele.

— Será que amanhã o senhor já pode me buscar? Não quero ficar com saudade...

Sorri grandemente com aquilo. Era puro orgulho. Ele realmente me amava. E eu o amava ainda mais.

— Com certeza, filhão. 

Eu podia sentir o olhar de Stella sobre mim, enquanto eu sorria com o que acabara de ouvir. Nunca fui um homem de me permitir sentir muito, mas quando se tratava de Elvis, eu vinha me tornando um pai carinhoso e permissivo. Assim que estacionei em frente a casa da sua avó, ouvi Elvis suspirar com pesar. Ele amava sua avó, disso eu não tinha dúvida, mas nos últimos tempos pude sentir que ele também sentia falta de estar comigo.

Desci do carro, e contornei, abrindo sua porta em seguida e o tomando em meus braços. Stella desceu com sua mochila, e me ofereceu um olhar compreensivo. Para mim, ter que dividir Elvis agora me partia ao meio. Eu sempre estava com ele em meu pensamento, e me questionando se ele estava seguro e bem.

— O papai vai falar com a sua avó amanhã... Prometo que venho te buscar o mais rápido possível. — beijei o topo de sua cabeça. 

— Eu te amo papai... — ele me abraçou forte.

Foi quando algo inesperado aconteceu. Meus olhos arderam e se tornaram molhados. Meu aperto em volta de seu pequeno corpo se intensificou, e senti que carregava o meu mundo em meus braços. Meu olhar seguiu para o céu, e intimamente, agradeci a Ruth pelo presente que ela havia me deixado. A cura para a dor estancada em meu peito, que vivi em todos esses anos, finalmente estava aqui.

— Eu o amo, meu filho. — sussurrei em seu cabelo — Mais do que você possa imaginar.

Ficamos abraçados por um longo momento, meus olhos fechados, tentando aproveitar cada segundo.

— Andrew... — a voz doce de Stella sussurrou.

Quando me virei, notei que ela estava ao lado da avó de Elvis e meu coração se tornou chumbo no momento em que eu tive que entregá-lo. Galton me observava com curiosidade, como uma boa avó desconfiada de tudo. Ótimo.