Capítulo 17

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Andrew


Se alguém tivesse me avisado que entre o céu e o inferno não havia a terra, eu iria admitir isso como a única verdade absoluta. Ou você está no céu ou você está em um completo inferno devastador onde seus pés parecem atolados em um lodo que te puxa para o desastre.

Essa era a minha realidade. Sentia minha barba por fazer enquanto lutava com meu próprio físico para me mover daquela cama. Leila já havia batido duas vezes na minha porta, para verificar se eu estava realmente acordado ou morto.

O álcool ainda corria em meu organismo e uma forte pancada de dor, se fez presente em minha cabeça. Merda, eu teria de me mover para pegar um aspirina.

Chamei Leila com um gemido devastado. Eu estava me sentindo derrotado demais para olhar para qualquer um, mas naquele instante eu precisava mesmo de alguns comprimidos.

- Chamou Sr. Lewis?

Ela parecia intimidada. Leila já trabalhava para mim há alguns anos e eu poderia garantir que nunca havia estado nessas condições precárias. Nem mesmo quando soube da morte de Ruth. Minha vida deu um disparo onde eu não tinha tempo para chorar ou me enrolar em lençóis e esperar um milagre me atingir.

- Sim... - esfreguei os olhos e apontei a cômoda principal - Por favor, Leila, me dê dois comprimidos de aspirina e me prepare um suco.

Observei Leila balançar sua cabeça e virar seu corpo para sair de meu quarto. Quando ela o fez, meu pequeno Elvis entrou em disparada pela porta. Sua animação era tanta que senti uma pontada de alegria muito breve.

- Papai!!! - ele gritou enquanto lutava com sua pequena estrutura óssea para subir em minha cama.

- Venha cá!

Me esforcei para me mover e o tomei em meus braços, fazendo-o pousar entre minhas pernas. Notei o quanto ele ria enquanto olhava para mim. Eu não sabia que estava tão mal assim.

- Papai... A vovó disse que vem me buscar ainda hoje...

Soltei um suspiro carregado. Claro que viria. Desde a morte de Ruth, quando Elvis tinha apenas cinco meses, ele passou a viver com Galton, sua avó materna. E eu preferia assim, minha vida era corrida e eu não sabia lidar com a necessidade que aquele pequeno bebê tinha de sua falecida mãe. Eu me sentia mal por ter ficado longe, talvez quando ele mais precisasse de mim, mas naquele instante eu estava disposto a deixar tudo para viver ao lado de meu filho, que por ser pequeno ainda não sabia o que era ter mágoa de um pai ausente. Com a reviravolta na família, passei a pensar melhor sobre as coisas que eu deveria colocar em primeiro lugar e uma delas era ela.

Stella Mitchell.

Seu doce jeito de ser, uma garota com tanto á aprender mas que tinha toda a razão em não querer mais me ver. Meu peito se preenchia de dor e eu precisei soltar o ar com força para não chorar. Eu já sentia falta dela, e só haviam se passado malditos três dias desde o nosso péssimo encontro no parque Villa Rosieri. Toda vez que algo ruim cruzava o meu caminho, eu estava disposto á trocá-lo por mais tempo com meu filho Elvis. Mas não agora. Eu ia colocar meu filho em primeiro lugar, acima da minha carreira e vida romântica.

Ela era um mistério, um livro com uma capa em branco, difícil de descrever o que continha dentro, e ela se dava tão bem em superar coisas. Era como se ela fosse o caminho que eu devia realmente percorrer para encontrar a felicidade plena. Além de seu corpo, com formas incríveis e pele bronzeada. Seus cabelos quase louros batiam nos seus ombros onde eu sentia vontade de depositar todos os meus beijos. Ela era indiscutivelmente viciante e a pessoa que eu precisava encontrar assim que ela tivesse seu tempo.

Doce AtraçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora