Capítulo 6

397 45 8
                                    

– Notei que seu carro passou a noite na porta da delegacia. – a voz de Peeta em meu ouvido me fez dar um pulo, colocando a mão no peito.

O filho da mãe sempre foi silencioso como um gato.

– Se você fizer isso de novo, eu juro que atiro em você. – ameacei, ficando de frente para ele, porém dando alguns passos para trás. – E como sabe que meu carro ficou aqui?

– Quando saí ontem à noite, você não estava mais aqui, e o carro estava. – Peeta deu um passo em minha direção. – Quando cheguei hoje, ele estava no mesmo lugar, e você não havia chegado. – pontuou, bebendo um pouco, do que eu presumia ser café, que estava em um copo de papelão que Peeta segurava.

– Você não tem nada a ver com isso. – rebati, ficando de costas para ele novamente, e alcançando a cafeteira da delegacia com meu copo de papelão.

– Estava com Gale? – sua voz saiu quase em um rosnado.

– Alguém falou de mim? – o mesmo questionou.

Virei o rosto e pude ver Gale entrar na cozinha com um grande sorriso. Repousei meu copo sobre a pia, observando-o caminhar até mim. Ao se aproximar ele tirou-me de perto de Peeta em um puxão rápido pela cintura.

– Algum problema, princesa? – perguntou ainda sorrindo.

– Não. Nenhum. Peeta só estava sendo inconveniente, como sempre. Mas estou acostumada. – respondi sincera, sem tirar os olhos dele. – Obrigada por ontem. – falei baixo, sabendo que estava sendo ouvida, não só por Gale.

Meu amigo, ainda sorrindo, beijou minha testa demoradamente, antes de me soltar.

– Vê se pega leve nas gracinhas, Peeta. – alertou, saindo da cozinha em seguida.

– Vocês passaram a noite juntos? – perguntou incrédulo.

Na realidade, eu havia dormido na cama de Gale, enquanto o mesmo ocupara o sofá. Com permissão do Hawthorne, eu poderia sim, usar isso a meu favor. Só não sabia se era recomendado, considerando o nível de intromissão de Peeta, e quanto tempo de falação eu iria aguentar dele sobre o assunto.

– Como eu já disse em outras ocasiões, Mellark, isso não é da sua conta. – rebati, pegando meu copo novamente, e finalmente enchendo de café. – Passar bem.

~||~

– Katniss, ele não é cara pra você. – Peeta resmungou.

Aproveitei para acertar meu punho direito em seu rosto.

– Eu não estou lutando ainda. – reclamou, esfregando onde eu havia batido.

– Isso faz parte da sua recuperação. Assim como, infelizmente, eu também faço. – me posicionei novamente. – Recomponha-se, antes que eu te bata novamente.

– Você anda se aproveitando desses treinamentos para me bater. – franziu o cenho, colocando-se em sua posição.

– Primeiro. Não seria treinamento comigo, sem luta de verdade. – comecei, atacando-o novamente, porém ele foi mais rápido e segurou minha mão que estava fechada para acerta-lo com outro soco. – Segundo. Você merece muito mais do que alguns roxos pelo corpo. – falei entre dentes, antes de virar de costas para Peeta, e o jogar sobre meu ombro, fazendo-o cair no tatame. Coloquei-me entre suas pernas, travando-as com as minhas, e forçando meu corpo contra o dele. – Terceiro. A delegacia inteira ama ver um homem do seu tamanho apanhar para uma mulher do meu tamanho. – falei baixo apenas para ele, sabendo que havia algumas pessoas se aglomerado na sala de treinamento.

HeartbeatOnde histórias criam vida. Descubra agora